Os sons e os odores estão
para os cães assim como as palavras e as imagens estão para nós. Se
considerarmos a música como uma combinação de sons e silêncios capaz de
despertar-nos emoções, então podemos também compreender a importância dos sons
para a obtenção de diferentes respostas caninas, o que transforma a comunicação
homem-cão num diálogo de sons que pode dispensar as palavras, verdade que não
constitui qualquer novidade.
O que queremos trazer para
a berlinda é a descoberta e uso de vários sons para o despoletar de vozes que
os cães raramente usam ou resistem em usar (ex: bufar, ganir, gemer, ladrar,
latir, rosnar e uivar) enquanto subsídios preciosos para os cães de utilidade e
do mundo da ficção. Com isto não estamos a ir na peugada da “Tier-Sprechschule
ASRA”, obra da Alemanha nazi, ao tempo localizada nos arredores de Munique (Leutenburg)
e dirigida por Margarethe Schmitt, porque não estamos a querer ensinar aos cães
uma língua alheia ou estranha mas a suscitar-lhes o desenvolvimento da sua
própria linguagem que é por natureza emocional.
Todos já reparámos que
alguns cães uivam ao tocar dos sinos ou quando ouvem sirenes, que muitos ladram
quando ouvem algo anormal e que outros gemem perante fenómenos naturais tais
como trovões e tremores de terra, o que realça a importância dos sons para o
comportamento e desenvolvimento das “vozes” caninas que acontecem por resposta
(os cães reagem de diferente maneira a palavras ou consoantes dentais,
guturais, labiais e nasais).
Para a aquisição da “voz”
ou “vozes” em falta há que descobrir primeiro a que tipo de sons o cão em
questão é mais sensível, se aos sugeridos por imitação, se aos agudos, graves
ou metálicos, considerando a sua intensidade, combinação, variação e
ressonância. Uma vez redescoberto o cão ou desvendada a sua sensibilidade
auditiva, ao som que lhe provoca a resposta, deveremos associar-lhe em seguida
o comando verbal próprio para a obtenção da “voz” até ali em falta.
Considerando que alguns
cães são pouco gulosos e/ou nasceram com fraco impulso ao alimento,
insuficiência que dificulta a sua recompensa e consequentemente a sua
aprendizagem, o diálogo binomial dos sons surge como um inescusável subsídio de
ensino, o que torna o uso do “Método Clicker” indicado e por vezes
indispensável para os cães mais sensíveis, menos solícitos e pouco curiosos.
Estabelecer com o seu cão um diálogo de sons irá ajudá-lo a melhor conhecer e a
comunicar com o seu cão.
Convém dizer que a omissão
de uma ou mais vozes caninas é mais frequente nos cães ditos de raça, fruto da
selecção operada em função da mais-valia ou benefícios procurados, supressão a que
a consanguinidade e a endogamia obviamente não são alheias. Contrariando os
esforços nazis nesta matéria, que não deverão ser desconsiderados pelos avanços
que trouxeram, apraz-nos dizer que não são os cães que precisam de aprender a
falar, são os donos que precisam de dar-lhes voz!
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