domingo, 26 de fevereiro de 2017

BENEFICIAMENTOS ENTRE DOIS RECESSIVOS: O RATO QUE A MONTANHA PARIU!

Apostar nos beneficiamentos isolados entre variedades recessivas, iguais ou díspares cromaticamente, dentro de uma raça que já possui uma ou mais dominantes é um trabalho que exige saber e que não dispensa regras, porque doutro modo alvitra-se a hipótese de um subproduto de menor préstimo ou assiste-se ao alvor de uma nova raça, resultados que à partida ninguém procura e que acabam por surpreender os mal ataviados, desprevenidos e aventureiros que levianamente apostam nesta empreitada, que desconsiderando erros passados e ultrapassados, acabam lamentavelmente por desaproveitar as mais-valias das variedades que alicerçaram, homogeneizaram e levantaram o estalão da sua raça.  
Beneficiar um CPA negro com um Ay fawn (vermelho uniforme), caso ambos não tenham na sua construção 4/8 das variedades preto-afogueada ou lobeira, é produzir ninhadas incaracterísticas, carentes de tamanho, envergadura e peso, com uma curva de crescimento mais curta, de biomecânica díspar, de maior carga instintiva e menor capacidade de aprendizagem, já que ambas as variedades cromáticas são precoces, leves de cabeça e ossatura. Exemplares assim nascidos facilmente passarão e se confundirão com Malinois, pastores belgas que gradualmente têm maior percentual de factor negro e que pouco diferem dos Pastores Alemães, semelhança devida em parte à miscigenação operada às ocultas entre as duas raças, que sendo hoje distintas tiveram uma origem comum, razões que sustentam a falta de homogeneidade visível nos actuais pastores belgas fulvos.
Nesciamente e assolados por duras penas, alguns criadores de Pastores Alemães optaram por criar em exclusivo uma variedade cromática, princípio avesso aos critérios presentes na formação da raça e que teve como consequência o nascimento de exemplares mais próximos do “Rattus norvegicus” que do ancestral e conceituado Deutschshaferhund. Exemplo disso é o que sucede nas criações de Pastor Alemão negro que dispensam o contributo da variedade dominante (preta-afogueada) e que se valem em exclusivo e sucessivamente de exemplares negros homozigóticos, erro que à terceira geração produzirá cachorros de qualidade inferior à dos seus ascendentes e progenitores. Melhor sorte não tiveram aqueles que optaram por criar isoladamente a variedade preto-afogueada, que para além doutros deméritos, viram a afectada a máquina sensorial e a operacionalidade do seu produto.
O Pastor Alemão não precisa de ser reinventado mas sim de ser reformado, reforma que deverá procurar o retorno à sua qualidade original a quem a biodiversidade não foi alheia.

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