Apostar nos beneficiamentos isolados entre
variedades recessivas, iguais ou díspares cromaticamente, dentro de uma raça
que já possui uma ou mais dominantes é um trabalho que exige saber e que não
dispensa regras, porque doutro modo alvitra-se a hipótese de um subproduto de
menor préstimo ou assiste-se ao alvor de uma nova raça, resultados que à
partida ninguém procura e que acabam por surpreender os mal ataviados,
desprevenidos e aventureiros que levianamente apostam nesta empreitada, que desconsiderando
erros passados e ultrapassados, acabam lamentavelmente por desaproveitar as
mais-valias das variedades que alicerçaram, homogeneizaram e levantaram o
estalão da sua raça.
Beneficiar um CPA negro com um Ay fawn
(vermelho uniforme), caso ambos não tenham na sua construção 4/8 das variedades
preto-afogueada ou lobeira, é produzir ninhadas incaracterísticas, carentes de
tamanho, envergadura e peso, com uma curva de crescimento mais curta, de
biomecânica díspar, de maior carga instintiva e menor capacidade de
aprendizagem, já que ambas as variedades cromáticas são precoces, leves de
cabeça e ossatura. Exemplares assim nascidos facilmente passarão e se
confundirão com Malinois, pastores belgas que gradualmente têm maior percentual
de factor negro e que pouco diferem dos Pastores Alemães, semelhança devida em
parte à miscigenação operada às ocultas entre as duas raças, que sendo hoje distintas
tiveram uma origem comum, razões que sustentam a falta de homogeneidade visível
nos actuais pastores belgas fulvos.
Nesciamente e assolados por duras penas,
alguns criadores de Pastores Alemães optaram por criar em exclusivo uma
variedade cromática, princípio avesso aos critérios presentes na formação da
raça e que teve como consequência o nascimento de exemplares mais próximos do “Rattus
norvegicus” que do ancestral e conceituado Deutschshaferhund. Exemplo disso é o
que sucede nas criações de Pastor Alemão negro que dispensam o contributo da
variedade dominante (preta-afogueada) e que se valem em exclusivo e sucessivamente
de exemplares negros homozigóticos, erro que à terceira geração produzirá
cachorros de qualidade inferior à dos seus ascendentes e progenitores. Melhor
sorte não tiveram aqueles que optaram por criar isoladamente a variedade
preto-afogueada, que para além doutros deméritos, viram a afectada a máquina
sensorial e a operacionalidade do seu produto.
O Pastor Alemão não precisa de ser
reinventado mas sim de ser reformado, reforma que deverá procurar o retorno à
sua qualidade original a quem a biodiversidade não foi alheia.
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