segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O POEMA “PEGADAS NA AREIA” E OS NOVOS ADESTRADORES

Nos círculos cristãos há um poema muito conhecido que exalta a protecção de Deus nas nossas vidas, remonta aos anos 30 do século passado, chama-se “Pegadas na Areia” e não resistimos em traduzi-lo para português de Portugal, porque queremos dividi-lo com os nossos leitores e serve-nos de mote ao assunto que iremos aqui tratar. Diz ele: “ Sonhei que estava a andar pela praia com o Senhor e que no céu passavam alguns momentos da minha vida. Em cada momento que passava, apercebi-me que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro de Deus. Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás e para as pegadas na areia, e notei que inúmeras vezes ao longo da minha existência, havia apenas um par delas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais angustiantes e difíceis da minha vida. Bastante aborrecido, perguntei então para Deus: Senhor não me prometeste que jamais me abandonarias caso te seguisse? Notei agora que nos momentos mais atribulados que vivi, somente vi na areia um par de pegadas. Não compreendo porque me deixaste só nas horas em que mais necessitava de ti! Deus respondeu-me: Meu querido filho, jamais te abandonei nas horas mais difíceis e de maior sofrimento da tua vida. Quando viste apenas um par de pegadas na areia eram as minhas, relativas aos momentos em que te carreguei nos braços”.
Não queremos reclamar para nós um estatuto divino ou constituir-nos em deidade, porque somos finitos, manifestamente imperfeitos, falta-nos estatura, não nos sobra loucura e estamos cá para servir e ajudar. No entanto, ao atentarmos para o poema atrás citado e para os actuais cães de alguns adestradores que formámos ou que fizeram parte das nossas fileiras, reparamos que a qualidade do seu ensino é incomparavelmente inferior ao dos cães que ajudámos a adestrar, quando os seus donos foram nossos alunos, decréscimo de qualidade que nos desagrada e cujas causas não nos podem ser imputadas, por serem da responsabilidade daqueles que ajudámos a erigir, discípulos que nos são gratos e com os quais instámos para que aprendessem, dominassem a técnica, fossem rigorosos e apegados aos procedimentos, sedentos de conhecimento erudito, ligados à ciência e ao mesmo tempo pragmáticos, dispensando-lhes todo o apoio, tempo e paciência – carregámo-los literalmente ao colo!
Diante do que acabámos de dizer uma questão se levanta: qual ou quais são as causas do seu desaproveitamento, uma vez que o objectivo de qualquer mestre é fazer com que os seus discípulos o superem e ultrapassem? Cada caso é um caso, mas na maioria deles faltou dedicação, estudo, aprimoramento e humildade, sobrando noutros a inevitável e histórica maledicência que os tornou sectários e condenados à estagnação, involução que os vitimou a eles e aos seus seguidores, uns por apego ao poder e os outros por ausência de opções ou de clarividência. Formar líderes nunca foi ou será uma tarefa fácil, porque lhes cabe compreender as dificuldades de quem os segue e ajudá-los a superá-las, encontrar a motivação certa para cada condutor e cão, ser inquebrantável de ânimo e galvanizar as suas classes, embolsar a sua própria revolta e estar sempre pronto a auxiliar, manter-se de pé quando todos já jogaram a toalha ao solo e nunca desistir face ao insucesso, insucesso que é por norma da sua responsabilidade e não de quem lhe obedece, por não se fazer compreender ou por exigir dos outros algo para além do seu alcance.
Adestrar é compreender para construir, é descortinar o que há para melhorar, aprimorar homens para que melhor entendam os cães, encontrar novas linguagens interespécies, estabelecer a profícua unidade binomial e servir para estender a felicidade a todos, esforço que alguns só conseguem quando obrigados e que normalmente desprezam, enredados pelo seu próprio ego e atribulados pelos seus achaques. Um mestre nunca se dá por satisfeito, aprende com os seus erros e não cessa de aprender, procura melhorar a cada dia que passa e não serve de tropeço a quem o procura. E quando assim não é, os donos viram-nos as costas e os cães são condenados ao subaproveitamento. Tudo isto ensinámos e enfatizámos mas parece que não nos deram ouvidos ou que necessitam de mais tempo para o seu amadurecimento.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

O VELHO MCLARAMBEE RESSURGIU

Cinco Pastores Alemães alicerçaram a criação desta raça na Acendura Brava. Estamos a falar do McLarambee, do Kuklhonn-Horst (Flick), do Kyrios-Schwatrz, do Brusko Blau e da Kalinka, hoje todos já desaparecidos mas que deram origem a cães inesquecíveis e famosos. Ontem encontrámos um descendente directo destes cães, bisneto do McLarambee original e sobrinho-neto dos restantes. Chama-se Balú, tem 4 meses de idade, é negro, mede 50cm de altura e pesa 22kg. Mostra uma capacidade de aprendizagem impressionante, é muito interactivo, atleta e morfologicamente irrepreensível, características que herdou e que irá perpetuar. Daqui endereçamos os nossos sinceros parabéns ao seu proprietário, amigo de longa data que o criará e educará excelentemente segundo o que aprendeu e debaixo do nosso conselho. Ontem vimos o velho McLarambee ressurgir e regressámos a casa mais felizes porque a vida continua e não trabalhámos em vão.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O RANKING semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS
3º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
4º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE?
5º _ O PESO DOS 4 MESES NO CÃO DO AMANHÃ, editado em 28/10/2010
6º _ OS CÃES DE GUERRA DO LESTE EUROPEU E ASIÁTICO, editado em 18/02/2015
7º _ O CÃO LOBEIRO: UM SIVESTRE ENTRE NÓS, editado em 26/10/2009
8º _ CORREIO DOS LEITORES, editado em 23/02/2017
9º _ NUNCA OUVI LADRAR O MEU PASTOR ALEMÃO NEGRO, editado em 17/10/2013
10º _ “X” DE JARRETE DE VACA, editado 25/07/2011

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim escalonado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Reino Unido, 4º Estados Unidos, 5º Quénia, 6º Espanha, 7º França, 8º Alemanha, 9º Angola e 10º Moçambique.

BENEFICIAMENTOS ENTRE DOIS RECESSIVOS: O RATO QUE A MONTANHA PARIU!

Apostar nos beneficiamentos isolados entre variedades recessivas, iguais ou díspares cromaticamente, dentro de uma raça que já possui uma ou mais dominantes é um trabalho que exige saber e que não dispensa regras, porque doutro modo alvitra-se a hipótese de um subproduto de menor préstimo ou assiste-se ao alvor de uma nova raça, resultados que à partida ninguém procura e que acabam por surpreender os mal ataviados, desprevenidos e aventureiros que levianamente apostam nesta empreitada, que desconsiderando erros passados e ultrapassados, acabam lamentavelmente por desaproveitar as mais-valias das variedades que alicerçaram, homogeneizaram e levantaram o estalão da sua raça.  
Beneficiar um CPA negro com um Ay fawn (vermelho uniforme), caso ambos não tenham na sua construção 4/8 das variedades preto-afogueada ou lobeira, é produzir ninhadas incaracterísticas, carentes de tamanho, envergadura e peso, com uma curva de crescimento mais curta, de biomecânica díspar, de maior carga instintiva e menor capacidade de aprendizagem, já que ambas as variedades cromáticas são precoces, leves de cabeça e ossatura. Exemplares assim nascidos facilmente passarão e se confundirão com Malinois, pastores belgas que gradualmente têm maior percentual de factor negro e que pouco diferem dos Pastores Alemães, semelhança devida em parte à miscigenação operada às ocultas entre as duas raças, que sendo hoje distintas tiveram uma origem comum, razões que sustentam a falta de homogeneidade visível nos actuais pastores belgas fulvos.
Nesciamente e assolados por duras penas, alguns criadores de Pastores Alemães optaram por criar em exclusivo uma variedade cromática, princípio avesso aos critérios presentes na formação da raça e que teve como consequência o nascimento de exemplares mais próximos do “Rattus norvegicus” que do ancestral e conceituado Deutschshaferhund. Exemplo disso é o que sucede nas criações de Pastor Alemão negro que dispensam o contributo da variedade dominante (preta-afogueada) e que se valem em exclusivo e sucessivamente de exemplares negros homozigóticos, erro que à terceira geração produzirá cachorros de qualidade inferior à dos seus ascendentes e progenitores. Melhor sorte não tiveram aqueles que optaram por criar isoladamente a variedade preto-afogueada, que para além doutros deméritos, viram a afectada a máquina sensorial e a operacionalidade do seu produto.
O Pastor Alemão não precisa de ser reinventado mas sim de ser reformado, reforma que deverá procurar o retorno à sua qualidade original a quem a biodiversidade não foi alheia.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

CORREIO DOS LEITORES

Recebemos de um leitor o seguinte email que publicamos integralmente e ao qual responderemos de imediato. Dizia ele: “Bom dia, Não sei se este e-mail e lido pelo João Garrido directamente. Em caso contrário agradecia que fizessem este e-mail chegar ao Sr. João. A última vez que o encontrei foi em Belém no Jardim. Sou o Nuno dos Dogos Argentinos. Ao fim de 13 anos sem um companheiro canino e a viver no estrangeiro finalmente juntei os requisitos para voltar a ter um(a) cão/cadela e quero voltar a treinar. Estou inclinado em adquirir um cachorro Pastor Alemão de trabalho com o intuito de treinar para competição Schutzhund/IPO. E um projecto de saúde para mim e uma paixão que o João sabe que tenho. Gostaria de ter o seu contacto telefónico e a melhor hora para falarmos. Estou inclinado a importar o cachorro uma vez que fiz um pesquisa das linhas do Reino Unido onde vivo e não estou impressionado”.
Caro Amigo, a solução que tem mais à mão é atravessar o Canal da Mancha e procurar na Bélgica um cachorro Pastor Alemão com as características que procura, destino a que muitos alemães rumam pelos mesmos motivos. Há muito que sabemos que os Pastores Alemães criados no Reino Unido já tiveram dias melhores e que são hoje de pouco préstimo. Resta-lhe ainda outra opção, já que conhecemos dois criadores portugueses que têm actualmente ninhadas de cães de trabalho, negros e preto-afogueados, desenvoltos, robustos, interactivos e isentos das displasias do cotovelo e da anca (coxo-femoral). Caso o seu interesse se mantenha, de imediato adiantar-lhe-emos os seus contactos. Quanto aos contactos que solicita no seu email, logo que possível ser-lhe-ão adiantados. Agradecemos o seu contacto e felicitamo-lo pelo seu interesse relativo ao Cão de Pastor Alemão.
Deu entrada na nossa caixa de correio outro email que dizia assim: “Bom dia, vi o anúncio na Internet que fazem o treinamentos de cães, eu tenho um pastor belga de 4 messes que gostaria imensamente que ele fosse um cão treinado”. Passamos de imediato à resposta. Estimado Leitor, não sabemos se já se apercebeu que as nossas actividades cinotécnicas se remetem neste momento exclusivamente a Portugal. Caso seja residente aqui, teremos todo o gosto em aceder ao seu pedido e, se assim for, pedimos-lhe desde já o seu contacto telefónico, pois estamos cá para o servir. Se for residente no Brasil, podemos indicar-lhe algumas escolas caninas que recomendamos. Gratos pelo seu contacto, despedimo-nos com amizade.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

PIADA DA SEMANA: A TENTAÇÃO DE EVA

Após exaustivos estudos levados a cabo por teólogos e cientistas, descobriu-se finalmente qual o argumento usado pela serpente para convencer Eva a comer a maçã. O réptil astuto prometeu-lhe que seria como os anjos, que teria conhecimento do bem e do mal, que seria imortal e igualzinha a Deus, promessas a que a mulher de Adão respondeu com um categórico “não”. Já a serpente estava prestes a desistir, quando se lembrou de dizer-lhe: “Come que emagrece”. Ao ouvir tal coisa, Eva devorou imediatamente a maçã!

sábado, 18 de fevereiro de 2017

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O RANKING semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ ESTENDE-ME A MÃO E SEREI UM CAMPEÃO!, editado em 12/02/2017
3º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
4º _ DESILUDES-ME DE DIA E FASCINAS-ME À NOITE, editado em 15/02/2017
5º _ DONOS: PAIS BIOLÓGICOS OU PAIS PEDAGÓGICOS?, editado em 12/02/2017
6º _ OS ACTORES, A MATILHA E A HISTÓRIA DAS 5 PEDRINHAS, editado em 13/02/2017
7º _ O HOMEM DE FLORIANÓPOLIS VISITOU-NOS, editado em 15/02/2017
8º _ TVT: O CANCRO TRANSMISSÍVEL CANINO QUE TRANSPORTÁMOS PELOS MARES, editado em 16/06/2016
9º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
10º _ OS CÃES DA NICOLE SCHLAEPFER, editado em 30/04/2014

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim escalonado:
1º Portugal, 2º Estados Unidos, 3º Rússia, 4º Brasil, 5º Alemanha, 6º Reino Unido, 7º França, 8º Espanha, 9º Angola e 10º Quénia.

SÁBADO: O DIA DAS ARRIBAS

Hoje o núcleo de acendras sadino foi convidado a aprimorar os comandos direccionais de “à frente” e “atrás”, a melhorar a capacidade de impulsão dos seus cães, a explorar velocidade dos animais, a muscular a sua traseira e a reforçar o comando de imobilização “quieto”, debaixo de baixa pressão, com 90% de humidade, 14 graus celsius de temperatura e acima dos 250m de altitude.
Os comandos direccionais atrás citados foram desenvolvidos numa escadaria 4m abaixo do solo, que serviu de corredor direccional, numa encosta íngreme e pedregosa, e também numa arriba de rocha dura. Todos os binómios presentes levaram de vencida os exercícios propostos nos diferentes terrenos a que se dispuseram operar, demonstrando a disponibilidade e o espírito de sacrifício necessários à indispensável unidade binomial.
Na escalada da encosta pedregosa e íngreme, com 50m de extensão e uma inclinação de 30%, o binómio que mais se destacou foi o constituído pelo Paulo Motrena e o CPA Bor, que não hesitando diante do desafio proposto, subiu aquela encosta rapidamente como se em terreno plano se encontrasse, mérito que se reconhece ao Paulo pelo desempenho do Bor no “à frente”.
O desenvolvimento da capacidade de impulsão instantânea foi operado sobre 25 cubos de pedra com 50cm de lado, elevados a 60cm e distando uns dos outros 170cm. Neste trabalho o binómio que demonstrou maior acerto e menor dificuldade foi o constituído pela Sónia e pelo Groenendael Shane (o Pastor Belga parece ter nascido para voar).
No combinado dos exercícios e em particular na subida da arriba de rocha dura, o binómio que mereceu maior destaque foi o constituído pelo Hugo e pelo CPA Tyson, mérito a que não são alheios a disponibilidade física do condutor e a afeição que o animal nutre por ele. A foto abaixo é elucidativa daquilo que agora dizemos.
Pelo que nos foi dado a observar, a Sónia carece de recuperar a sua boa forma física e todos os binómios necessitam de melhorar o comando de “atrás”. Assim de passou mais um dia de instrução e este Sábado ficará para a história como “O Dia das Arribas”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

UM SEGUNDO EMAIL QUE NOS LEVOU ÀS LÁGRIMAS

Como os nossos leitores devem calcular, atendendo ao seu elevado número, não podemos dar pronta resposta a todos os emails que recebemos e não publicamos aqueles onde nos tecem rasgados elogios. Esta semana recebemos um email curioso que dizia assim: “Boa tarde. Já fui aluna do Sr. João há muitos anos atrás (Zorba, Pastor Alemão dourado). Adquiri um novo cão e gostaria de o treinar. Alguém de confiança na zona de Cascai? Obrigado”. Como a mensagem pouco esclarecia acerca daquele binómio, respondemos do seguinte modo: “Eu lembro- me do teu nome e do nome do cão, ambos parecem-me de boa memória. Por favor conta-me mais detalhes sobre ambos e sobre a vossa permanência na Acendura Brava em Alcainça. Obrigado”.
Rapidamente obtivemos resposta ao que havíamos solicitado: “Bom dia. Penso que se lembra desta peste. Era filho da Dory e do Dingo do Júlio Vitorino. Partiu a 27 de Outubro do ano passado, com os seus respeitáveis 15 anos. Quando frequentei a escola, estava a viver com o meu companheiro anterior. Depois da partida do Zorba, acabei por adquirir um pastor de linha moderna. Um rampeado... que se revelou ser dos melhores cães que já tive. É filho do Namir Von Arminius 2000, criação Pastor do Paiva. Equilibrado, calmo sem ser letárgico. Muito observador e propenso para a aprendizagem. Está com 5 meses e meio e está na altura de começar os treinos com ele. Descobri o blogue há uma semana. Se soubesse, teria pedido orientação para escolher o cão. Mas já está feito”. Com a resposta chegaram-nos também duas fotos, uma primeira que antecede este parágrafo e que mostra o Zorba no esplendor da sua juventude e uma segunda referente à sua velhice ao lado da dona como podemos ver a seguir.
Lembramo-nos muito bem do Zorba, dele e doutros tantos valentes que produzimos, Pastores Alemães vermelhos que nunca viravam a cara à luta e que defendiam até às últimas consequências os seus donos e haveres, companheiros seguros, rijos, solícitos, saudáveis, incansáveis, impolutos e incorruptíveis que apesar de desaparecidos, continuam vivos na nossa memória pelo tanto que nos deram. Afortunadamente deixaram descendência, sabemos por onde andam e em que mãos se encontram, apesar de não serem muitos. Face ao que nos foi dito acerca do Zorba, agrada-nos saber que este valente durou 15 anos, orgulhamo-nos de o havermos seleccionado e treinado, e emocionamo-nos ao soletrar o seu nome! E a verdade é esta: quando morre um cão destes parte de nós vai com ele e sentimo-nos mais sós.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

DEPOIS DOS AMERICANOS VIERAM OS RUSSOS!

Hoje, dia 16 de Fevereiro, três dias depois do afluxo extraordinário de leitores norte-americanos (474), foi o dia dos russos, 4ª nação que nos tem dado mais leitores e que hoje nos deu 337 visitantes. Acompanhamos sempre que possível os avanços e novidades da cinotecnia daquela grande nação (federação), tradicionalmente inovadora e profícua em cães de trabalho, seguindo ao mesmo tempo e com idêntico interesse as novidades oriundas da Bielorrússia, cujos cães militares são de qualidade bem acima da média. Ultimamente o número de leitores polacos (“poloneses” no Brasil) tem vindo a aumentar significativamente e os ucranianos mantêm o seu lugar no nosso “TOP 10”. Não duvidamos que a cinotecnia ocidental tem muito a aprender com a de leste, apesar desta nem sempre revelar aquilo que procura e o que faz. Esperamos continuar a merecer o seu interesse e seguimos com atenção o que nos fazem chegar. Que venham os russos!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

DESILUDES-ME DE DIA E FASCINAS-ME À NOITE

NOTA INTRODUTÓRIA: O artigo que se segue é demasiado maçador para quem tem pressa.
A esmagadora maioria dos homens não consegue realizar os seus sonhos, idêntico percentual de cães não consegue ser feliz, alguns homens socorrem-se dos cães para aliviar o seu desalento e estes contentam-se com o que têm mesmo que sejam infelizes, ambos vivem para o presente, os primeiros porque deixaram de acreditar no futuro e os últimos porque não o alcançam, condições que transformam o infortúnio humano no pior dos flagelos caninos, graças à dependência que tudo aceita. Resultará a procura dos cães do livre arbítrio humano ou serão eles a panaceia para um mal recidivo e incurável? Se os homens não se bastam como poderão valer aos cães? De qualquer modo, se os homens quiserem, os cães poderão ser felizes, porque têm como divindade quem os criou para o seu serviço, agarrando-se aos seus donos como se de deuses se tratassem. Nós acreditamos nisso, apesar de não ser fácil pôr um cego a guiar outro ou servir-nos dum derrotado como exemplo para um vencedor. Vamos a um hipotético binómio do qual se poderá dizer que “junta a fome à vontade de comer”.
Comecemos pelo dono e condutor do cão, um homem simpático e educado; de formação superior; a uma dezena de anos da andropausa; divorciado; a viver em casa dos pais; a coabitar com o pai reformado e atormentado pela depressão da 3ª idade; obeso; em má forma física; outrora enredado pelo alcoolismo; com baixa médica sensivelmente há doze meses; a quem foi diagnosticado uma depressão grave (ainda em tratamento); que não dispensa a psicoterapia e os psicofármacos, “esgotamento” evidenciado pelos seguintes sintomas:
Humor depressivo durante a maior parte das horas diárias; choro esporádico e sem razão aparente; cefaleias; diminuição do interesse e do prazer em quase todas as actividades; distanciamento dos amigos de longa data; vontade excessiva para comer; alterações intestinais; insónia; lentidão psicomotora; fadiga e perca de energia; diminuição do interesse sexual; sentimentos de desvalorização; ausência de preocupação com a sua própria imagem; culpa excessiva e inadequada; alterações de pensamento, concentração e memória; dificuldade em ler e assimilar novos conteúdos; indecisões constantes e sem razão de ser; aceitação de comportamentos abusivos para não causar atritos; pensamentos mórbidos (dizia-se importunado por vozes) e tentativa de suicídio.
Voltemo-nos agora para o cachorro e para as suas principais características. Trata-se de um animal de índole submissa; descendente em parte de exemplares de exposição; sujeito a um mau imprinting e desmame; atento; já sexualmente maduro; leve, energético e de propensão atlética; com fraco impulso ao alimento e superior impulso ao conhecimento; com uma curva de crescimento alongada; de fácil sociabilização; interactivo; afável; curioso; disponível para a novidade de desafios; que se mostra decidido à noite e temeroso de dia, escapando-se com a cauda por entre as pernas quando o tentam afagar até que o sol se ponha (daí o título deste artigo). E porque os cães não são só produto da genética e são em grande parte reflexo do ambiente que os rodeia, sendo por vezes difícil identificar-lhes se determinados comportamentos são de origem genética ou ambiental, por serem animais sociais, vamos descrever agora quando foi adoptado, com quem coabita, em que condições se encontra alojado e quais as rotinas diárias a que se sujeita.
O ainda cachorro foi adoptado aos 3 meses de idade, resgatado dum canil por uma família constituída por um casal de septuagenários e pelo seu filho, que já tinham dentro do apartamento outro cão, animal que não lhe causou entraves nem oposição mas que em simultâneo não lhe serviu de mestre, possivelmente por ser de menor tamanho e ser objecto de tratamento antropomórfico, apesar de vivo, guloso, ciumento e ardiloso. A coabitação do cão e a sua interacção com os três residentes humanos tem acontecido de três modos díspares: com a anuência de um, a tolerância doutro e com a cumplicidade possível do seu dono, condições que levam o considerar aquele lar como seu território, onde se sente à vontade e perfeitamente integrado. No que concerne ao peso ambiental resta dizer que o animal frequenta classes de adestramento nocturno.
Como contributo para o duplo tema aqui tratado, que abraça a precariedade da liderança e os seus reflexos negativos nos cães, adianta-se que pesquisadores austríacos, da Universidade de Viena, publicaram recentemente os resultados de um estudo feito com 100 cães e seus proprietários, onde comprovaram que ambos influenciam directamente na disposição duns e doutros (díades sociais), que essa influência é maior dos homens para os cães que o contrário, que os cães são sensíveis aos estados emocionais dos donos, podem reflectir as suas emoções e que ao apoderarem-se delas por ajustamento, podem espelhar idêntico comportamento. Agora, de uma vez por todas, não podemos falar só de zoonoses, somos também obrigados a falar das doenças que causamos aos cães, nomeadamente as passíveis de alterar do seu comportamento e comprometer o seu bem-estar, onde o stresse ocupa um importante lugar enquanto afecção e modo dissimulado de crueldade.
De acordo com o caso hipotético que aqui tratamos, facilmente se antevê que estamos perante um binómio desajustado, que os dois elementos que o constituem são problemáticos, que os problemas vividos pelo dono acabem por reflectir-se no cão, independentemente das menos valias do animal. E se isto é verdade (tudo nos leva a crer que sim), então a solução dos problemas do dono acabará também por solucionar os visíveis no cão, que sem ter idade e treino para isso, outra coisa não tem sido que um animal de terapia, um terapeuta de valor inestimável que insiste em devolver o seu dono à vida e à felicidade que ambos não dispensam.
Dissemos dois parágrafos atrás que o cão frequenta classes de adestramento mas não dissemos que o seu dono está a educá-lo debaixo da supervisão de um adestrador, personagem de suma importância para a recuperação de ambos, porque dependendo da pedagogia que emprega, tanto poderá auxiliar como agravar os problemas daquele binómio, ainda hoje de costas viradas e carenciado de reconciliação. Diante desta situação não sobrará outra opção ao cinotécnico do que ajudar na recuperação do dono para que este venha a valer ao cachorro, caso que irá exigir raro tacto como iremos ver a seguir.
Com o dono emocionalmente abatido, indeciso, com ausência de amor-próprio, desmotivado e pouco interessado, acossado pela lentidão psicomotora e pela fadiga, com dificuldades na apreensão de novos conteúdos de ensino e a assumir culpas alheias para não causar atritos, apelar à disciplina e exigir rigor são pressupostos de ensino contraproducentes que mais agravariam o seu estado. Ao invés, há que suscitar-lhe a afeição pelo animal para que a cumplicidade dela resultante opere a melhoria de ambos, através de exercícios ao alcance do cão que aumentem a confiança e o bem-estar do dono, levando-o depois disso à aquisição das rotinas necessárias à sua reinserção social por conta da experiência feliz havida.
Perguntar-se-á depois: Então e o cão? Propositadamente escolhemos um cão serôdio para este binómio, com uma curva de crescimento maior e mais lenta, já a pensar nas possíveis delongas que a recuperação do seu dono possa apresentar, bem como na felicidade do animal. Convém dizer que perante indivíduos afectados por depressões graves, para além do pormenor da curva de crescimento do cão, este deverá ser submisso, meigo, com um alto coeficiente de aprendizagem, fácil de satisfazer, de alguma forma rústico e de fácil interacção. Compreende-se porquê – ele irá ser um terapeuta, um subsídio complementar e seguro para a recuperação do seu proprietário. Respeitadas as condições que atrás adiantámos, o cão irá ser feliz e trará felicidade ao seu dono, conseguirá aperceber-se dos seus estados de ânimo e de pronto correrá em seu auxílio quando tal se justificar, convidando-o para o abandono da letargia e desafiando-o para a interacção.
Por mais fraco que seja um cão, ele sempre fará das tripas coração para que o seu dono se robusteça e sinta bem. Quem educa quem? Não faltam casos em que os cães ensinaram os seus donos a apreciar os simples prazeres desta vida. Como é bom não estar só e usufruir da companhia de um cão, ter alguém que nos ajude a saltar da escuridão para a luz!     

O HOMEM DE FLORIANÓPOLIS VISITOU-NOS

No passado Domingo recebemos a visita do Marcelo, um brasileiro de Florianópolis que assistiu aos nossos trabalhos e que foi transportado para o efeito pelo Hugo. De sobrenome Alves, o nosso visitante não pretende e não consegue esconder as suas origens portuguesas. Agradámo-nos da sua presença, respondemos às suas questões e aguardamos novas visitas. Para quem não sabe, adianta-se que em Florianópolis, Capital do Estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil, a presença da colonização açoriana é assaz evidente, o que de certa forma transforma a visita do Marcelo a Terras Lusas num regresso a casa. Será sempre bem-vindo entre nós!

NUNCA FORAM TANTOS NUM SÓ DIA

Anteontem, Segunda-feira dia 13 de Fevereiro, foi o dia em tivemos mais leitores dos Estados Unidos: 474, número que superou o dos leitores de língua portuguesa conjuntamente. Desde o início desta publicação, que não é publicitada em nenhuma rede social, que os leitores americanos ocupam o 3º lugar no “TOP 10 DE LEITORES POR PAÍS”, somando até hoje 15.000 visitantes, sendo antecedidos por portugueses e brasileiros e precedidos por russos e alemães (oxalá continuemos a ser alvo do seu interesse). Entretanto, cresce o número de leitores dos Países Bálticos, Hungria, República Checa, Polónia, Albânia, Bangladesh, da Indochina e de países de influência hindu. O número de brasileiros tem aumentado significativamente e os espanhóis são os que mais aumentaram nos últimos seis meses. Anteontem foi o dia dos norte-americanos e assim vai este blogue pelo mundo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

OS ACTORES, A MATILHA E A HISTÓRIA DAS 5 PEDRINHAS

Não se sei os actores chegam a atingir a idade adulta alguma vez, se a sua versatilidade não depende de serem eternamente crianças e da capacidade invulgar de continuarem a sonhar, dando corpo a personagens que parecem vir de si pela transmutação que nos convence. Por força daquilo que bem fazem, chegam a não fazer nada por si mesmos, dominados pela ficção que os prende e afasta da realidade na procura do efémero e momentâneo aplauso que lhes desconsidera o futuro. Gente estranha que parece viver arredada dos problemas quotidianos e destituída de senso comum, capaz de dar vida mas não de a compreender.
Certo dia, quando me encontrava rodeado por alguns deles, num intervalo de filmagens que aproveitavam para aliviar o stress, repreendi-os por estarem a abusar da boa vontade dum cão, já que o obrigavam a obedecer a todos indistintamente como se de uma máquina ou brinquedo se tratasse. E como lidar com gente sensível exige certo cuidado, comecei por explicar-lhes que os cães são animais sociais, que se aglomeram em matilhas e que estas têm um escalonamento próprio, tirado a partir do seu líder até ao mais submisso dos cães, adiantando-lhes também que os nossos fiéis amigos, ao coabitarem connosco, esperam de nós aquilo que o seu grupo natural lhes daria.
Para que melhorem entendessem o erro em que incorriam, peguei em cinco pedras para explicar-lhes como funciona a hierarquia dentro duma matilha, representando cada pedra um cão. Com as pedras enfileiradas, expliquei-lhes que a primeira dominava sobre as restantes; que a segunda submetia-se à primeira e dominava sobre as outras três; que a terceira obedecia às duas primeiras e sujeitava as duas últimas; que a quarta sujeitava-se às três primeiras e dominava sobre a quinta e que esta se submetia a todas, lugar social geralmente destinado aos mais fracos e inibidos.
Através daquele exemplo concreto conseguiram compreender que estavam a promover o enfraquecimento do carácter daquele cão e a fazê-lo infeliz, a operar a sua despromoção e a remetê-lo para o último lugar do escalonamento social, despropósito que operaram quando o obrigaram a obedecer a todos. Agradeceram a explicação e partiram contentes, apesar de repetirem no dia seguinte o mesmo erro. Deveria ter guardado as pedras no bolso para depois os correr à pedrada? Há quem diga que sim mas nós pensamos que não, porque a educação de homens e cães é um processo continuado que exige tempo, perseverança e paciência.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

DONOS: PAIS BIOLÓGICOS OU PAIS PEDAGÓGICOS?

Em vão tentam inúmeros cidadãos ser pais biológicos dos seus cães e muito poucos conseguem ou intentam ser seus pais pedagógicos. A sociedade envelhecida em que vivemos parece estar louca, como loucos andam os cães de certa gente, verdadeiros meninos rabinos que somos obrigados a suportar e que transformam os nossos dias num Carnaval constante. Perante a novidade, quem deverá adaptar-se: a sociedade aos cães ou vice-versa? Nós não temos dúvidas mas há por aí muita plebe que as tem! 

PIADA DA SEMANA

Se o México deixar de enviar cocaína para os Estados Unidos durante dois meses, são os próprios americanos que derrubam o muro!

ESTENDE-ME A MÃO E SEREI UM CAMPEÃO!

Na semana passada o Hugo saiu do treino abatido porque o Tyson não conseguiu atravessar a fossa, caindo sistematicamente do tronco que a atravessa. Hoje saiu extasiado porque o cão conseguiu levar de vencida aquele obstáculo. O Tyson é um CPA morfologicamente côncavo que apresenta jarrete de vaca, abatimento de metacarpos e mãos divergentes, menos valias estruturais que o impedem de ir adiante em passadeiras estreitas e redondas por ausência de equilíbrio. Perante animais com estas dificuldades e insuficiências, visando a ultrapassagem de obstáculos deste tipo, convém ensiná-los a avançar primeiro os membros posteriores e ampará-los durante a progressão, técnica que o Hugo assimilou e que surtiu o resultado esperado. Hoje este condutor canino aprendeu uma grande lição: “que a vontade do dono é alma do cão”. O cão perfeito ainda está para chegar e aqueles que chegam mais longe devem-no aos donos, porque sempre que necessário estendem a sua mão para ajudá-los. 

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O RANKING semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
3º _ UM FINLANDÊS POUCO CONHECIDO: O CÃO DE URSOS DA CARÉLIA, editado em 12/10/2014
4º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011 
5º _ PASTOR DE SHILOH: SUPER-CÃO OU DECEPÇÃO?, editado em 23/01/2014
6º _ COMO FALAR PARA QUE ELES NOS OIÇAM?, editado em 05/02/2017
7º _ OBSTÁCULOS PORQUÊ?, editado em 04/02/2017
8º _ O CÃO CHAMADO RAIO QUE O PARTA, editado em 05/02/2017
9º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 26/10/2009
10º _ OS CÃES DA NICOLE SCHLAEPFER, editado em 30/04/2014

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim escalonado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Alemanha, 5º Moçambique, 6º Espanha, 7º Rússia, 8º França, 9º Suíça e 10º Áustria.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

DOGS ON MARIJUANA: NOT COOL

O título deste artigo não é nosso mas bem que poderia sê-lo, apesar de o podermos substituir por “DIZ-ME COM QUEM ANDAS E DIR-TE-EI QUEM ÉS”, pertence ao “New York Times” e o assunto mereceu a nossa especial atenção pelo insólito, apesar de já não estranharmos nada, depois de sabermos que alguns ingleses distribuem álcool aos seus cães, também não nos custa acreditar que alguns americanos dividam as suas “ganzas” com eles, como de facto acontece em Nova Iorque e na Califórnia (é por estas e por outras que o Trump é visto por muitos yankees como “salvador da pátria”). Mas deixemos a política para lá e vamos ao que interessa.
O flagelo da droga em Nova Iorque e o consumo de Marijuana não se limita somente aos bairros de Queens, Bronx ou Brooklyn, encontra-se disseminado por toda a Cidade e também não são só os hispânicos, as minorias raciais, os cidadãos na base da pirâmide social e os emigrantes que a consomem, há muita gente de classes privilegiadas e doutorada que não dispensa o seu consumo (delegados do Ministério Público, políticos, veterinários e por aí adiante), mau hábito que não escolhe idades e que se banalizou. Os cães dali acabam pedrados por insanidade, cumplicidade ou descuido dos donos e quando a coisa fica preta vão a correr para os veterinários. Certo é que de 2005 a 2015, o número de cães assistidos com overdose aumentou 144%, montante só ultrapassado pelo Estado da Califórnia.
Os sintomas caninos mais comuns de intoxicação por Marijuana são os seguintes: letargia, irregularidade de andamentos, locomoção em ziguezague, desprendimento de urina e hipersalivação, afortunadamente os cães não correm risco de vida, porque reagem muito bem ao som, à luz e ao movimento. O tratamento utilizado consiste em provocar-lhes o vómito, isto se a ingestão da droga for recente. Caso contrário, os animais deverão ser hidratados e conservados num lugar calmo até que os efeitos da droga desapareçam, o que poderá levar alguns dias. Até hoje não há notícia da morte de nenhum cão por inalação ou ingestão de Marijuana, apesar de alguns poderem entrar em coma ou apresentarem a pressão arterial muito baixa quando ingerem Marijuana envolta em chocolate (branco ou negro), “iguaria” muito do agrado dos seus donos.
Acontece na América, é possível que aconteça também entre nós, apesar de não haver notícia disso, porque toxicodependentes acompanhados por cães é coisa que não nos falta, como não nos faltam tontos que dão pólvora aos cães para os tornar ruins, podendo com isso intoxicar gravemente os animais e condená-los à morte, graças à mistura do enxofre com salitre e pó de carvão. Também não nos custa a crer que haja cães sujeitos a drogas mais pesadas, lá e cá, porque eles vivem na dependência dos seus donos e sujeitam-se à mesma sorte, já que a relação homem-cão é para o animal uma carta fechada – nunca sabe a que mãos vai parar! Estamos perante mais um caso de pura crueldade que viola não um, mas todos os artigos constantes na Declaração Universal dos Direitos do Animal. Diante de tamanha insanidade cada vez é mais difícil confiar cães a alguém!