Sem
pregões pelas avenidas e sem o boliço das galeras doutrora, a rivalizar com o
chiar dos eléctricos, o som das unhas na calçada denuncia a passagem dos cães,
mormente daqueles mais angulados de traseira e sujeitos à exclusividade do
passeio higiénico. Esse som, típico do afiar das facas, irrita quem o suporta e
denuncia a qualidade de vida dos animais, funcionando como chocalho da
displicência dos donos, por demais atarefados e com pouco tempo prós cães.
Acostumados ao ruído, como condutores a ouvir rádio, esses cidadãos não se
apercebem do seu incumprimento e do sofrimento inflingido aos pobres animais,
que involuntariamente se vêem privados da légua diária que tanto precisam, não
só para as unhas mas também para o seu bem-estar, qualidade de vida e
longevidade. Esta nefasta prática, há muito enraizada nos espaços urbanos, tem
levado os cães a engordar ao ritmo dos donos, rivalizando com eles no concurso
a várias maleitas. Não é crime coabitar num apartamento com um cão, criminoso é
não ter tempo para o passear. E já agora convém relembrar, porque as conversas
são como as cerejas, que muitas das taras presentes nos cães resultam da
inactividade forçada e do isolamento a que são votados. Ganhe e dê vida: saia à
rua com seu cão.
sábado, 24 de novembro de 2012
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