sexta-feira, 9 de novembro de 2012

OS CÃES E O AUMENTO DOS ADEPTOS DO FCP

Seria despropositado tratar aqui de assuntos relativos ao futebol nacional e muito mais satirizar o Futebol Clube do Porto, clube do qual sou adepto desde que aprendi as primeiras letras e que tem levado (elevado) o nome de Portugal além fronteiras, ainda que a maioria esmagora do seu plantel não fale português ou o expresse com sotaque. Também não nos interessa enveredar pelas tricas partidárias (se calhar seria mais apropriado termos um governo de salvação nacional), porque uns encolhem os ombros e os outros não sabem do que falam, neste País sem idéias, aos trancos e barrancos daquilo que há-de vir - certamente virá de fora! E muito menos nos interessa falar do Estado, que sempre foi muito maltratado pelos portugueses, invariavelmente tido como ladrão na hora de contribuir e visto como salvação nas ocasiões de aperto. O que não podemos ignorar são as pessoas que se cruzam diariamente connosco, a chamada pobreza encoberta que não tem voz e que insiste em passar despercebida. Falta a esta geração de políticos “Sentido de Estado” e sobra muita petulância, de que estarão à espera, uma vez que a dívida é inegociável, para conjuntamente renegociarem os seus juros? É certo que não podem resolver os problemas do Mundo, mas podem e devem valer àqueles que, na sua crendice, os elegeram e sacralizaram. Por menos dolo, já alguns cães morderam nos donos!
Qualquer turista que hoje visite Portugal pode concluir que somos uma nação de atletas, isto apesar de nunca ter havido uma forte propensão desportiva no seio das famílias portuguesas, porque, por todo o lado e a quase todas as horas, se vê gente a caminhar e a correr por todos os cantos e os aparelhos de musculação públicos raramente têm descanso. De imediato e à distância ficámos com a mesma impressão, a idéia agradáva-nos e sentíamos orgulho naquela gente. Há uns dias atrás, porque a ocasião se proporcionou, interpelámos um marchador que por nós passava e quisemos saber qual a sua motivação. “Ando todos os dias meia dúzia de quilómetros porque sou do FCP!” – disse-nos ele, ao que nós retroquimos espantados: É o F.C.Porto que o leva a marchar? “ - Qual Porto!!! F de fome e CP de caminhadas à pata! Ali atrás vêm mais cinco adeptos do mesmo clube e todos os dias o seu número aumenta. Estou desempregado, continuo à espera que o Centro de Emprego me chame e não quero ficar em casa a definhar, marcho para não dar cabo da cabeça!” Dito isto foi adiante, diante do nosso desconserto. Tudo muda, os desempregados no século passado aguardavam nas praças que alguém lhes oferecesse trabalho e agora não param diante do mesmo infortúnio. Os cães olham-nos com desconfiança e alguns tentam correr para cima deles, o que a ninguém espanta, porque quando um homem cai na miséria até os cães lhe ladram!

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