Recente e inesperadamente fomos surpreendidos com uma reportagem televisiva sobre uma escola canina, nela reconhecendo algumas caras e uns tantos cães. Ainda que a mensagem tenha sido de “cernelha”, pouco clara e de menor préstimo, a lembrar um flash noticioso, salvou-a um dos entrevistados, uma jovem condutora descontraída, que isenta de maiores pergaminhos, acabou por dar o sentido à peça. Quando as cadeias televisivas descem ao mundo do adestramento tudo é preparado à minúcia: os cães são finalmente escovados, seleccionam-se os binómios, combina-se o traje e há lugar a ensaio geral, porque a imagem vende e importa não fazer má figura, o que vulgarmente lembra um museu de bonecos de cera ou um grupo de ascetas perdido, que exaltam métodos ou figuras em detrimento dos sentimentos que os sustentam e que unem os homens aos cães. A mensagem cinotécnica não dispensa a carga emocional que produz alteração e gera o convite, isto se objectivo for esse. E porque ninguém consegue explicar um método em escassos segundos e isso mais interessa aos profissionais ou aos aficionados, geralmente donos dos seus narizes e nada propensos a mudanças, mais dados à crítica e a profecias de descalabro, importa chegar ao cidadão através duma linguagem que ele entenda. Várias pessoas falaram na reportagem entre miúdos e graúdos e como as imagens foram pouco esclarecedoras, a escola agigantou-se quando a jovem condutora disse: “ A minha cadela do que gosta é de andar à vontadinha!”, imagem que toda a gente entendeu e que suscitou simpatia, que perdurará mais do que qualquer exercício, independentemente da sua excelência ou grau de dificuldade. O adestramento é para gente comum, está ao alcance de qualquer um e isso acabou assim por ser dito.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário