quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O PAPEL DO ADESTRAMENTO NA INCLUSÃO SOCIAL BINOMIAL

Ninguém duvida que o adestramento trabalha para a coabitação harmoniosa dos cães na sociedade, que através da exaltação das suas mais-valias, procura o seu bem-estar, salvaguarda, direitos e o aproveitamento do seu potencial complementar, o que não dispensará os donos da necessária formação e ensino para que melhor os consigam entender, proteger, respeitar e aproveitar, mediante um código de posturas e práticas que lhes garantirá a comunicação interespécies. Assim sendo, o adestramento visa em primeira instância a inclusão social dos cães em abono da sua salvaguarda.
Não é preciso pensar muito para concluir que a inclusão social dos cães levará à melhor reinserção dos donos na sociedade, sabendo-se que muitos deles vivem apartados dela e entregues aos seus cães, voluntariamente ostracizados por se sentirem lesados diante da presente ordem das coisas, havendo alguns que preferem a sua companhia ao melhor dos convívios ou associações, insanidade que importa combater em prol dos homens e dos cães, porque ambos são seres sociais e avessos ao isolamento. Podemos dizer, sem medo de nos enganarmos, que o cão é o melhor dos veículos para a reinserção social dos donos, já que a maioria das pessoas gosta de cães e através deles sempre surgem novos relacionamentos. Que ninguém duvide: os efeitos da terapia canina acontecem primeiro nos donos e só depois nos outros!
Tendo isto em conta, uma escola canina deverá vocacionar-se para o público em geral e não se remeter somente a grupo de iluminados, virtuosos, aficionados ou resistentes, mas diversificar as suas actividades, torná-las desejáveis e ao alcance de qualquer um, para que a heterogenia dos seus condutores, ao servir de recrutamento, garanta a sua continuação, actualização, desenvolvimento, maior abrangência e utilidade de serviços, ao ponto de ser cada vez mais procurada (entendem-se as razões que levam à menor procura das escolas que se dedicam unicamente a uma raça ou tipo de cães, disciplina ou modalidade cinotécnica). Bem vistas as coisas, assim como as escolas caninas são centros de ensaio para os cães, também o deverão ser para a melhor aceitação social dos donos, que deverá iniciar-se dentro dos espaços onde adestram os seus cães.
E adestrador que não tenha esta sensibilidade e preocupação é como aquele caixeiro, que não o sabendo ser, se verá obrigado a fechar a loja. Ainda que de início possa fazer furor pela excelência da técnica, por não saber ou não ter como valer às pessoas, cedo verá comprometido o seu ofício e ficará apenas rodeado de um pequeno grupo de sequazes, muito mais agora que o dinheiro está caro. E como ensinar cães é ensinar pessoas, os adestradores carecem de ser solícitos, moderados, cultos, informados e atentos. E quando possuem ou desenvolvem estas qualidades irão ser bem-sucedidos e adequarão sem maior dificuldade homens e cães para a sociedade que os rodeia.

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