Ninguém
duvida que o adestramento trabalha para a coabitação harmoniosa dos cães na
sociedade, que através da exaltação das suas mais-valias, procura o seu
bem-estar, salvaguarda, direitos e o aproveitamento do seu potencial
complementar, o que não dispensará os donos da necessária formação e ensino para
que melhor os consigam entender, proteger, respeitar e aproveitar, mediante um
código de posturas e práticas que lhes garantirá a comunicação interespécies. Assim
sendo, o adestramento visa em primeira instância a inclusão social dos cães em
abono da sua salvaguarda.
Não é
preciso pensar muito para concluir que a inclusão social dos cães levará à
melhor reinserção dos donos na sociedade, sabendo-se que muitos deles vivem
apartados dela e entregues aos seus cães, voluntariamente ostracizados por se
sentirem lesados diante da presente ordem das coisas, havendo alguns que
preferem a sua companhia ao melhor dos convívios ou associações, insanidade que
importa combater em prol dos homens e dos cães, porque ambos são seres sociais
e avessos ao isolamento. Podemos dizer, sem medo de nos enganarmos, que o cão é
o melhor dos veículos para a reinserção social dos donos, já que a maioria das
pessoas gosta de cães e através deles sempre surgem novos relacionamentos.
Que ninguém duvide: os efeitos da terapia canina acontecem
primeiro nos donos e só depois nos outros!
Tendo
isto em conta, uma escola canina deverá vocacionar-se para o público em geral e
não se remeter somente a grupo de iluminados, virtuosos, aficionados ou resistentes,
mas diversificar as suas actividades, torná-las desejáveis e ao alcance de
qualquer um, para que a heterogenia dos seus condutores, ao servir de
recrutamento, garanta a sua continuação, actualização, desenvolvimento, maior
abrangência e utilidade de serviços, ao ponto de ser cada vez mais procurada (entendem-se
as razões que levam à menor procura das escolas que se dedicam unicamente a uma
raça ou tipo de cães, disciplina ou modalidade cinotécnica). Bem vistas as coisas,
assim como as escolas caninas são centros de ensaio para os cães, também o
deverão ser para a melhor aceitação social dos donos, que deverá iniciar-se dentro
dos espaços onde adestram os seus cães.
E adestrador que não tenha esta sensibilidade e
preocupação é como aquele caixeiro, que não o sabendo ser, se verá obrigado a fechar
a loja. Ainda que de início possa fazer furor pela excelência da técnica, por não saber ou não ter como valer às pessoas, cedo verá comprometido o
seu ofício e ficará apenas rodeado de um pequeno grupo de sequazes, muito mais
agora que o dinheiro está caro. E como ensinar cães é ensinar pessoas, os adestradores
carecem de ser solícitos, moderados, cultos, informados e atentos. E quando
possuem ou desenvolvem estas qualidades irão ser bem-sucedidos e adequarão sem
maior dificuldade homens e cães para a sociedade que os rodeia.
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