quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ESTA DISPOSIÇÃO DE MEMBROS É UMA CARACTERÍSTICA DA RAÇA!

Por vezes a revolta é tanta que não sabemos por onde começar! Vamos ao factos. Sei saber como nem porquê, acabámos por nos cruzar com um cavalheiro de meia-idade acompanhado pelo seu Pastor Alemão, um exemplar preto-afogueado despigmentado, com 2 anos de idade, mal provido de músculos, agachado de traseira, de garupa frágil e com jarrete de vaca por demais pronunciado, tanto que o cão parecia indicar estar pronto para defecar a qualquer momento. Condoídos com o estado articular do animal, aconselhámos o seu dono a marchar diariamente com ele, para que o aumento da massa muscular viesse a aliviar o esforço articular e combatesse o desaprumo. O proprietário do cão agradeceu o conselho mas disse-o desnecessário porque, e passamos a citar: “esta disposição de membros é uma característica da raça”, pondo-se ao fresco depois (desparecendo). De má raça será certamente e se é como ouvimos, gostaríamos de saber a partir de quando a raça é assim, muito embora já saibamos a resposta!
O jarrete de vaca, apoio cruzado dos aprumos traseiros que leva à junção dos curvilhões (jarretes), é a um apoio ortopédico anómalo que acaba por limitar a capacidade atlética dos cães seus portadores, comprometendo o seu equilíbrio e livre desenvolvimento dos andamentos naturais por menor impulsão, o que obrigará ao maior esforço dos anteriores que pela sobrecarga se desaprumarão também, dando origem ao atirar das mãos para fora e ao abatimento de metacarpos, pelo uso nos arranques e mudanças de direcção. Não sendo combatido, resultará em artroses que cedo se manifestarão e que serão extremamente limitadoras na 3ª idade. Este defeito limitador (que para alguns é virtude), trará implicações na natação, na escalada, na marcação dos saltos, na transição dos consecutivos, nas rampas e condenará de sobremaneira o galope, que sendo “à coelho”, por falta da necessária projecção para diante das pernas, cedo levará à exaustão dos animais. A prática da marcha diária, a natação e o concurso aos obstáculos naturais presentes nas pistas tácticas (particularmente o “Extensor de Solo”), tendem a resolver o problema e é por isso que os verdadeiros cães de trabalho raramente se apresentam assim.
O jarrete de vaca deve mais à genética do que à ausência de exercício físico regular, ainda que o último possa contribuir só por si para a ocorrência do fenómeno. Nenhuma raça canina, atendendo ao seu bem-estar, pode ter como característica o jarrete de vaca, muito menos as destinadas ao trabalho, como é o caso do Cão de Pastor Alemão, muito embora sobrem muitos assim nas classes de exposição, onde se sobrevaloriza a estética a despeito da biomecânica que se deseja própria para a função. Jarrete de vaca? Não, obrigado!

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