quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O MUITO-DOMINANTE E O DOMINANTE: A ESCOLHA ENTRE O BRUTO E O ASTUTO

Erram os actuais adestradores civis e militares quando procuram cães muito-dominantes para as suas fileiras e erram triplamente, porque não aprenderam as lições do passado e vêem comprometida a salvaguarda e controlo dos animais, porque tais cães partem à desfilada e carregam sobre tudo o que mexe, descorando a sua segurança individual e tomando amigos por inimigos, o que os torna presa fácil nas mãos de gente mais experimentada, que os manietará pela troca de alvos ou pela dissimulação, operando depois a sua imobilização e possível eliminação. Os cães muito-dominantes do passado sempre eram entregues a tratadores experimentados, gente que sabia com o que contava e como sair dos possíveis imbróglios em que se metia, já que os cães ao seu encargo eram de pura natureza ofensiva e havia que estar atento. Nisto diferiam e não diferem muito pouco dos toiros que, partindo às cegas, fatalmente acabam com um monte de farpas no lombo e têm a morte como certa. Não serão as cargas caninas uma versão optimizada e dissimulada das investiduras taurinas? Um remanescente do soltar das feras no Coliseu Romano? Semelhanças não faltam e também as motivações não parecem díspares!
O cão muito-dominante é obra humana, deve-o à manipulação genética e tanto pode surgir por procura ou ocasionalmente (jamais acontecerá por investidura), já que tal fenómeno não tem equiparação no seu ancestral lobo, animal mais defensivo, que não se expõe e que avança dissimulado, ainda que use a força no estabelecimento na cadeira hierárquica para garantir a sobrevivência das alcateias. O cão que vive essencialmente para os ataques é mais bruto que astuto e torna-se previsível, o que lhe rouba de imediato as vantagens do efeito surpresa e sujeita-o a toda a sorte de desaires, para além de se ensurdecer nos travamentos e poder morder no seu próprio líder por desespero, o que nalguns casos resulta dum desequilíbrio psicológico indutor a um medo maior ou a um pânico incontido (irá ser a descoberta desse trauma que possibilitará a sua recuperação, quando ela é possível). Qualquer cão de guarda genuíno, valha-nos isso, é mais defensivo que ofensivo, sendo mais astuto do que bruto, o que eleva a procura dos cães dominantes em detrimento dos muito-dominantes para este ofício (disciplina), já que avançam por ordem expressa, debaixo de cautelas, procuram a vantagem e escolhem o momento da captura quando entregues a si próprios, protocolos que melhoram substancialmente com o treino e a experiência, ao contrário dos muito dominantes cujo exagerado impulso ao poder causa sérios entraves ao desenvolvimento e uso do seu insuficiente impulso ao conhecimento, o que os torna menos manobráveis e lhes impede a defesa. Como os ataques caninos são provenientes dos instintos de caça e de presa e dos impulsos à defesa e à luta, se os cães muito-dominantes tivessem que caçar para sobreviver, certamente morreriam à míngua ou comer-se-iam uns aos outros, porque a sua exagerada exposição impediria o alcance das presas, particular que os caçadores há muito conhecem.
Para além dos aspectos relativos à morfologia a respeitar, a hibridação do Pastor Alemão com distintos lobos, quando não surgiu duma necessidade, como foi o caso do Lobo Checo, foi justificada pelo reforço do impulso à defesa nesses híbridos, uma vez que os seus progenitores caninos nisso eram deficitários, diferença que melhor lhes garantiria a sua salvaguarda. E se na maioria dos casos assim não sucedeu e alguns se assilvestraram, isso ficou a dever-se à inexcusável caça em grupo que os lobos não dispensam, a uma maior carga instintiva que obstou à cumplicidade e ao pormenor de se fazerem mais tarde que os cães. E se o dono do cão é aquele que lhe dá comida, facilmente compreendemos o que mais aflora o impulso à defesa e porque não devem outros a dar-lhe de comer. Quando Tina Barber optou por criar o Pastor de Shiloh estava certa no seu raciocínio ao cruzar Pastores Alemães com Malamutes, já que os últimos mantêm incólumes a dissimulação e a astúcia presente nos lobos, de quem são parentes próximos. Também o cruzamento CPA/Husky se presta ao mesmo fim e o seu produto manifesta a tendência de carregar em intercepção, sendo praticamente inaudível e invisível antes das capturas propriamente ditas. Para rematar, importa dizer que o mais excelente dos Pastores Alemães pode ficar atrás de um bom Lobo Checo em matéria de defesa, muito embora seja dificílimo encontrar um Cão-Lobo assim. E isto porquê? Porque o Pastor Alemão é mais propenso a reagir a provocações e menos cauteloso, o que o torna mais previsível e fácil de enganar (não é por acaso que nos Estados Unidos existe vasta legislação para regular o percentual de sangue lobo nos híbridos).
Se dividirmos a grosso modo os cães em muito-dominantes, dominantes, submissos, muito-submissos e inibidos, então somos obrigados a reconhecer que os primeiros são brutos, os segundos astutos, os terceiros cautelosos, os seguintes inseguros e os últimos puramente medrosos. Diante da autonomia laboral exigível a um cão de guarda, melhor será que seja astuto do que bruto, o que equivale a dizer que entre um muito-dominante e um dominante, a escolha deverá recair sobre o segundo, até porque o primeiro morre a lutar e o último recua para encontrar vantagem sem contudo desistir (retirada estratégica), o que nos possibilitará desenvolver e subsidiar o seu impulso à defesa, para que surpreenda e não venha a ser surpreendido. Voltaremos a este assunto quando nos for sugerido ou acharmos necessidade disso.

ESTA DISPOSIÇÃO DE MEMBROS É UMA CARACTERÍSTICA DA RAÇA!

Por vezes a revolta é tanta que não sabemos por onde começar! Vamos ao factos. Sei saber como nem porquê, acabámos por nos cruzar com um cavalheiro de meia-idade acompanhado pelo seu Pastor Alemão, um exemplar preto-afogueado despigmentado, com 2 anos de idade, mal provido de músculos, agachado de traseira, de garupa frágil e com jarrete de vaca por demais pronunciado, tanto que o cão parecia indicar estar pronto para defecar a qualquer momento. Condoídos com o estado articular do animal, aconselhámos o seu dono a marchar diariamente com ele, para que o aumento da massa muscular viesse a aliviar o esforço articular e combatesse o desaprumo. O proprietário do cão agradeceu o conselho mas disse-o desnecessário porque, e passamos a citar: “esta disposição de membros é uma característica da raça”, pondo-se ao fresco depois (desparecendo). De má raça será certamente e se é como ouvimos, gostaríamos de saber a partir de quando a raça é assim, muito embora já saibamos a resposta!
O jarrete de vaca, apoio cruzado dos aprumos traseiros que leva à junção dos curvilhões (jarretes), é a um apoio ortopédico anómalo que acaba por limitar a capacidade atlética dos cães seus portadores, comprometendo o seu equilíbrio e livre desenvolvimento dos andamentos naturais por menor impulsão, o que obrigará ao maior esforço dos anteriores que pela sobrecarga se desaprumarão também, dando origem ao atirar das mãos para fora e ao abatimento de metacarpos, pelo uso nos arranques e mudanças de direcção. Não sendo combatido, resultará em artroses que cedo se manifestarão e que serão extremamente limitadoras na 3ª idade. Este defeito limitador (que para alguns é virtude), trará implicações na natação, na escalada, na marcação dos saltos, na transição dos consecutivos, nas rampas e condenará de sobremaneira o galope, que sendo “à coelho”, por falta da necessária projecção para diante das pernas, cedo levará à exaustão dos animais. A prática da marcha diária, a natação e o concurso aos obstáculos naturais presentes nas pistas tácticas (particularmente o “Extensor de Solo”), tendem a resolver o problema e é por isso que os verdadeiros cães de trabalho raramente se apresentam assim.
O jarrete de vaca deve mais à genética do que à ausência de exercício físico regular, ainda que o último possa contribuir só por si para a ocorrência do fenómeno. Nenhuma raça canina, atendendo ao seu bem-estar, pode ter como característica o jarrete de vaca, muito menos as destinadas ao trabalho, como é o caso do Cão de Pastor Alemão, muito embora sobrem muitos assim nas classes de exposição, onde se sobrevaloriza a estética a despeito da biomecânica que se deseja própria para a função. Jarrete de vaca? Não, obrigado!

MANTENHAM VIVA A TRADIÇÃO!

Fomos encontrar esta fotografia nos arquivos do National Geographic. A acção remonta a 1919 e nela podemos ver um CPA a perseguir um pretenso larápio, que em vão intenta escapar-se pela janela dum 1º andar. O sucesso do cão ficou a dever-se à sua extraordinária capacidade de impulsão e ao apoio que as gelosias lhe deram, tanto a tombada sobre a parede como a fixa na janela. A foto mostra o segundo salto do animal, tirado a partir de um primeiro que lhe possibilitou a captura e assente sobre a gelosia tombada. Pelo que nos é dado a observar, o CPA já vem em movimento descendente. Assim foram os Pastores Alemães doutrora, oxalá assim continuem e mantenham viva a tradição!
PS: Se o cão em questão tivesse jarrete de vaca, teria que aguardar pela queda ou saída do ladrão!

O PAPEL DO ADESTRAMENTO NA INCLUSÃO SOCIAL BINOMIAL

Ninguém duvida que o adestramento trabalha para a coabitação harmoniosa dos cães na sociedade, que através da exaltação das suas mais-valias, procura o seu bem-estar, salvaguarda, direitos e o aproveitamento do seu potencial complementar, o que não dispensará os donos da necessária formação e ensino para que melhor os consigam entender, proteger, respeitar e aproveitar, mediante um código de posturas e práticas que lhes garantirá a comunicação interespécies. Assim sendo, o adestramento visa em primeira instância a inclusão social dos cães em abono da sua salvaguarda.
Não é preciso pensar muito para concluir que a inclusão social dos cães levará à melhor reinserção dos donos na sociedade, sabendo-se que muitos deles vivem apartados dela e entregues aos seus cães, voluntariamente ostracizados por se sentirem lesados diante da presente ordem das coisas, havendo alguns que preferem a sua companhia ao melhor dos convívios ou associações, insanidade que importa combater em prol dos homens e dos cães, porque ambos são seres sociais e avessos ao isolamento. Podemos dizer, sem medo de nos enganarmos, que o cão é o melhor dos veículos para a reinserção social dos donos, já que a maioria das pessoas gosta de cães e através deles sempre surgem novos relacionamentos. Que ninguém duvide: os efeitos da terapia canina acontecem primeiro nos donos e só depois nos outros!
Tendo isto em conta, uma escola canina deverá vocacionar-se para o público em geral e não se remeter somente a grupo de iluminados, virtuosos, aficionados ou resistentes, mas diversificar as suas actividades, torná-las desejáveis e ao alcance de qualquer um, para que a heterogenia dos seus condutores, ao servir de recrutamento, garanta a sua continuação, actualização, desenvolvimento, maior abrangência e utilidade de serviços, ao ponto de ser cada vez mais procurada (entendem-se as razões que levam à menor procura das escolas que se dedicam unicamente a uma raça ou tipo de cães, disciplina ou modalidade cinotécnica). Bem vistas as coisas, assim como as escolas caninas são centros de ensaio para os cães, também o deverão ser para a melhor aceitação social dos donos, que deverá iniciar-se dentro dos espaços onde adestram os seus cães.
E adestrador que não tenha esta sensibilidade e preocupação é como aquele caixeiro, que não o sabendo ser, se verá obrigado a fechar a loja. Ainda que de início possa fazer furor pela excelência da técnica, por não saber ou não ter como valer às pessoas, cedo verá comprometido o seu ofício e ficará apenas rodeado de um pequeno grupo de sequazes, muito mais agora que o dinheiro está caro. E como ensinar cães é ensinar pessoas, os adestradores carecem de ser solícitos, moderados, cultos, informados e atentos. E quando possuem ou desenvolvem estas qualidades irão ser bem-sucedidos e adequarão sem maior dificuldade homens e cães para a sociedade que os rodeia.

A INTERMINÁVEL HISTÓRIA DO “ROSNA E COME”

Do alto de um edifício que ultimamente tenho sido obrigado a frequentar, todas as manhãs avisto uma mulher de 50 anos que sai à rua com os seus cães atrelados, dois rafeiros de médio porte, castrados, cada um de sua cor, díspares de características e de comportamento diverso, ambos obesos e pendurados à trela, que dão a sensação de serem melhor cuidados que a dona, que se apresenta de postura descaída, com os cabelos descolorados e desgrenhados, de capa comprida e nada limpa, por cima dumas calças russas e cheias de nódoas, rematadas por umas botas já gastas, isentas de conservação e a exigir conserto. Quando os avisto digo para mim mesmo: lá vem o “Trio Odemira”, porque os cães não param de ladrar e a dona de serená-los, lembrando um canto a várias vozes, apesar de desagradável, abusivo e caricato (que me perdoem os cantantes alentejanos que nada têm a ver com isto).
Acontece que um dos cães, cuja bastardia em Beagle ainda é notória e que vai seguro pela mão direita da senhora, para além de ser um péssimo cantor, ainda embirra com todos os cães e intenta atacá-los, provocando o desequilíbrio da pobre coitada, que ocasionalmente é jogada ao solo pelas arremetidas daquele arruaceiro. Vejo-os sair de casa, a primeira a pôr a cabeça fora de portas é a dona, que antes de mandar avançar os seus companheiros, se certifica da inexistência doutros cães por perto. Mas como eles não faltam por todo o lado, não demorará a cruzar-se com algum, incómodo que tenta evitar a todo o custo e que a obriga a circular com a cabeça em catavento, tal qual louco estranhando a saída dum hospício. Inevitavelmente, porque fixa e rosna, o rafeiro mais agressivo acabará por se embrulhar com outro cão de passagem, incidente rotineiro que não isentará a dona de gritaria. Depois de sanados os conflitos, que nem sempre chegam a vias de facto, a mulher afasta-se, serena o cão e dá-lhe biscoitos, ainda que no intervalo deles o animal mantenha o mesmo desejo e determinação, tudo fazendo para voltar à carga.
Diante daquele continuado disparate e da inutilidade do protocolo utilizado, várias vezes pensei em dirigir-me àquela mulher no intuito de a aconselhar e ajudar, mas como me parece mais alienada do que apegada à razão e ao bom senso, sempre acabo por desistir dos meus intentos, porque necessito de serenar, de encontrar forças para ir adiante e já não me comprazo em polémicas. É óbvio que o cão, a necessitar de travamento e sociabilização, está a associar a recompensa ao disparate e ela está a potenciá-lo, de tal maneira que o outro cão, que não é de natureza agressiva, intenta agora participar nos ataques. Se porventura algum dos nossos leitores tem um cão com este tipo de comportamento contacte-nos, que logo lhe adiantaremos a solução para o problema e, caso se justifique, indicar-lhe-emos uma escola canina que lhe possa valer. 

O MUNDO À NOSSA VOLTA: NÃO DEVERÁ MUGABE SER PRESO E AÇAIMADO?

Brada aos céus o desinteresse do mundo ocidental pelos crimes que são cometidos em África sobre os africanos, produto de ditadores e de regimes pseudo-democratas, que bem servem os seus ditadores e estraçalham os seus povos, o que tem resultado na perpetuação da ignorância, em guerras intermináveis, genocídios, violações de toda a ordem, campos de refugiados, fome e miséria. Quantos países africanos assentam sobre regimes verdadeiramente democratas e quantos não? Quantos têm presidentes ou monarcas vitalícios, levam a cabo eleições fraudulentas, gastam mais dinheiro em armas do que na educação, produzem terroristas e crianças-soldado, incentivam o tribalismo e condenam os seus povos à pior das misérias, apesar de ricos em recursos naturais e que estranhamente ainda têm representantes e assento na ONU? Vale a pena contá-los! À cabeça da sandice governativa africana temos Robert Mugabe, “presidente” do Zimbabué, muito embora a concorrência seja muita e tristemente qualificada. No regime deste louco a vida humana não tem qualquer valor e qualquer um pode morrer por qualquer insignificância, o que no Zimbabué acontece amiúde. E nalguns casos a situação é tão má que alguns povos chegam a desejar o regresso do colonialismo, quando sujeitos à fome e a toda a sorte de sevícias, desejo que também ouvimos em naturais de S. Tomé e Príncipe e da Guiné, os primeiros por não terem carne para comer e os últimos por se encontrarem fartos dos abusos perpetrados pelos históricos do PAIGC, renitentes a largarem a cadeira do poder. Teremos que chamar mais uma vez “os Américas” para trazerem todos os “Mugabes” e “Zezinhos” corruptos a julgamento pelos seus crimes contra os seus povos e contra a humanidade?
Segundo o adiantado no site do “Zimbabwe Latest News”, no dia 02 do corrente mês, 8 jovens encontravam-se a nadar numa pequena piscina natural da Floresta Tropical Zambezi, vindo a ser surpreendidos e detidos por alguns “Zimparks Rangers” (Corpo Policial que se ocupa da guarda e conservação dos parques naturais), debaixo da acusação de caça furtiva. Sob prisão, aqueles jovens foram entregues à polícia, que lhes exigiu o pagamento de uma multa individual de 20 dólares americanos, quantia que não possuíam e que os obrigou a um serviço comunitário na dita floresta por 3 horas, o que veio a acontecer. Uma vez terminada a tarefa e já de saída, eis que surge um polícia, no seu Jeep Defender, com um cão, que acusando-os de serem caçadores furtivos, largou-lhes de imediato o animal em cima. Do ocorrido resultaram dois feridos graves, sendo que um dos jovens se encontra entre a vida e a morte no Victoria Falls Hospital. Os homens feridos foram transportados até à cidade pela Polícia, que depois os mandou ir para o hospital a pé, cujas despesas não têm como pagar. Episódios destes são comuns naquelas paragens e ainda recentemente foram mortos 2 homens por “caça ilegal”, sem nenhuma evidência nisso, sendo provável que se encontrassem a apanhar lenha. Não obstante, alguns estrangeiros endinheirados acabam por caçar o que querem sem ser importunados (se for preciso abatem-se os batedores para se isentarem os clientes de culpa).
Mugabe, que para os seus opositores é de filosofia maoísta (malvado é de certeza) e que tem na China o seu principal aliado, conseguiu reduzir em poucos anos a população branca para 10%, quer pressionando-a, matando-a ou expulsando-a. Dele são as palavras: "O nosso partido deve continuar a semear o medo no coração do homem branco, o nosso pior inimigo!" Mercê da sua intifada Gukurahundi acabou por ser responsável pela morte de 30.000 africanos afectos ao Estado Ndebele e às etnias matable, sob o pretexto dessa gente apoiar os seus opositores políticos. O Zimbabué, considerado após a independência do Reino Unido em 1980, um celeiro da região e um exemplo para o mundo, encontra-se agora à cabeça dos países mais miseráveis do globo, com uma taxa anual de inflação a rondar os 230 milhões por cento. Graças à falência do sistema de saúde, a SIDA que ali grassa tem contribuído para a baixa da esperança média de vida, que é agora de 36 anos (a epidemia de cólera já causou pelo menos 1.900 mortos desde Novembro de 2008). O Prémio Nobel da Paz Desmond Tutu, o antigo procurador do Tribunal Criminal Internacional da ONU, Richard Goldstein e a antiga Alta-Comissária da ONU para os Refugiados Mary Robinson, assim como a ONG “Médicos pelos Direitos Humanos” não têm dúvidas: “o partido e o regime de Mugabe continuam a violar os direitos cívicos, políticos, económicos e culturais dos povos do Zimbabué”. De que estaremos à espera para prender e açaimar Mugabe, que ele nos solte os cães em cima ou que nos envie mais uma leva de refugiados?

MR. PRESIDENT LET THEM BACK HOME WITH HIS COMRADES

Finalmente parece que será feita justiça aos cães militares das Forças Armadas dos Estados Unidos, que futuramente poderão retornar a casa com os seus tratadores e viver ao seu lado depois de terminadas as suas missões, facto que não tem acontecido até aqui e que muito tem chocado os seus inconsoláveis adestradores e a opinião pública norte-americana. Para que isso aconteça é necessária a assinatura do Presidente dos Estados Unidos (Barack Hussein Obama), uma vez que só ele poderá transformar em lei o “National Defense Authorization Act 2016”, relativo a essa matéria e já aprovado pelas duas Câmaras dos Estados Unidos (Senado e Câmara dos Representantes), merecendo a aprovação tanto de Republicanos como de Democratas, mercê das acções levadas a cabo pela American Humane Association. Até à presente data, os cães militares que são dispensados do serviço em zonas não-beligerantes, tornam-se civis e não podendo ser transportados por meios militares (terrestres, marítimos ou aéreos), vendo-se assim forçados a separar-se dos seus tratadores, que impossibilitados de os adoptarem, precisavam deles para melhor se adaptarem no retorno à sociedade civil. Estima-se que cada cão militar possa poupar a vida de 150 a 200 soldados. Estamos em crer que 1º Presidente afro-americano dos States assinará o presente documento sem reservas, porque os cães combatentes merecem melhor sorte, verem reconhecido e premiado o seu esforço e o actual habitante da Casa Branca parece nutrir especial simpatia por cães. De qualquer modo, não conseguimos compreender porque tardou tanto em fazer-se justiça aos cães militares e como têm conseguido desprezá-los.

OPÇÃO CHILENA PARA UMA PRÁTICA IRREMEDIÁVEL

Do Chile não sobram grandes notícias e inventos, por vezes parece esquecido na América do Sul, quiçá pelos Andes lhe taparem o Atlântico e estar virado para o Pacífico. Apesar de remoto e de só ser mencionado quando alguma calamidade por lá acontece, desta vez saltou para a ribalta por boas razões: cientistas da Universidade de Veterinária e Pecuária dali descobriram uma vacina contraceptiva para cães, válida para machos e fêmeas, barata e eficaz para ajudar a controlar a crescente população canina daquele país. Apesar da dita vacina já ter sido patenteada no Chile, Europa e Estados Unidos, ainda continua a ser testada em condições controladas e a sua fórmula final só será comercializada depois de autorizada pelo Serviço Agrícola e Pecuário Chileno. A presente vacina foi desenvolvida a partir de uma fórmula já existente para esterilizar porcos, usada na Austrália segundo o conceito da imuno-castração, no intuito de ser também aplicável aos animais domésticos, particularmente aos cães e para criar uma melhor alternativa para os suínos, que até agora precisavam de duas doses e doravante necessitarão apenas duma.
De acordo com os seus inventores, o efeito da vacina é semelhante ao da castração cirúrgica mas sem os cuidados subsequentes que esta exige, para além de ser reversível com base em alterações hormonais, uma vez que apenas bloqueia a produção de hormônios, não funcionando como um contraceptivo mas sim como imuno-castrador, pelo que não apresenta os efeitos secundários de outras formas de contracepção, geralmente associadas a alterações do útero e ao surgimento de vários tipos de cancro. Entretanto, nos Estados Unidos e noutras zonas do Globo, vacinas idênticas estão a ser desenvolvidas. O surgimento desta vacina é uma excelente alternativa à castração cirúrgica, porque a castração não é definitiva nem irremediável e pode ser abandonada quando tal se justificar por distintas razões, quer elas sejam terapêuticas ou ligadas à necessidade de reprodução dos indivíduos. Finalmente boas notícias do Chile e também óptimas notícias para a canicultura!

QUAL SERÁ O MOTIVO (XLIV)

O “Soldaat” é um Pastor Holandês com 3 anos de idade, a coabitar com os donos dentro casa, onde nunca fez disparates e sempre se comportou irrepreensivelmente. A pessoa da família que mais adora é o filho dos seus donos, um moço de 12 anos, obeso e com restrições de dieta. Ultimamente, sem se saber porquê, o cão passa horas infindas diante do sofá no salão, donde dificilmente sai, como se estivesse à espera de algo. Os donos andam alarmados com a situação e até já pensam consultar um psiquiatra animal, devido à novidade daquele comportamento. Porque se comportará o Soldaat assim? Hipótese “A”: Porque quer ver um dos donos sentado no sofá e quer deitar-se a seus pés. Hipótese “B”: Deseja subir para o sofá e espera consentimento. Hipótese “C”: Os seus donos trocaram o sofá de lugar e ele estranhou a mudança. Hipótese “D”: O moço costuma esconder comida no forro do sofá e dar parte dela ao cão. Hipótese “E”: Fica a olhar para o sofá porque se encontra amuado com os donos. Para a semana indicaremos qual a hipótese certa e cá estaremos com um novo caso.

SOLUÇÃO DA EDIÇÃO ANTERIOR

A resposta certa a esta rubrica da semana anterior é a Hipótese “A”: O princípio activo daqueles medicamentos deixou de ser eficaz. As Hipóteses “B” e “E” não deverão ser consideradas à luz do carácter meticuloso dos donos, conforme o texto indica. A Hipótese “C” é falsa, porque a mosca da fruta não deposita os seus ovos no manto ou na pele dos cães. A Hipótese “D” não deverá ser considerada porque o cão coçava-se tanto de dia como noite e é de pelo comprido. Quando muito as melgas (pernilongos) morder-lhe-iam somente nas áreas de pelo menos intenso e durante a noite.

INTERRUPÇÃO DE PUBLICAÇÃO

Interromperemos a actualização deste blogue por alguns dias, mas retomaremos a sua publicação brevemente debaixo da condicionante: “… daß ein Tag vor dem HERRN ist wie tausend Jahre, und tausend Jahre wie ein Tag”. Prometemos não demorar e continuar a apostar no esclarecimento que induz à melhor compreensão dos cães e à felicidade dos donos.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:
1º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
2º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
3º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE NÓS, editado em 26/10/2009
4º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
5º _ PANZERHUNDE, editado em 11/10/2015
6º _ PODENGO: DESPREZAR O QUE NOS FAZ FALTA!, editado em 20/01/2010
7º _ O MELHOR E O PIOR DO PASTOR SUIÇO: ANÁLISE MORFOLÓGICA E FUNCIONAL, editado em 21/06/2011
8º _ O GUARDA DAS GALINHAS, editado em 05/04/2014
9º _ PODENGO: PREFERENCIALMENTE PRETO!, editado em 13/11/2014
10º _ O CÃO JOVEM (DOS 7 AOS 18 MESES): DA PUBERDADE À MAIORIDADE, editado em 26/10/2009

TOP 10 DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Rússia, 5º Alemanha, 6º Reino Unido, 7º França, 8º Irlanda, 9º Quénia e 10º Holanda.






domingo, 11 de outubro de 2015

BOULEDOGUE FRANÇAIS: L’ÉMIGRANT QUI EST VENU POUR RESTER

Tem orelhas de morcego, é pequeno, roliço e desengonçado a andar, lembra um híbrido mal conseguido de porco vietnamita ou um coelho anão a quem deram comida a mais, devido à sua aparência bizarra, modo de olhar e locomoção. Não obstante, tornou-se na última coqueluche dos lares portugueses e o seu número cresce assustadoramente entre nós. Por este andar e dentro de poucos anos tornar-se-á tão vulgar que ninguém reparará nele. Estamos a falar do Buldogue Francês, um cão citadino para todas as idades, que enche os nossos espaços públicos e que a classe média elegeu como seu, nomeadamente os solteiros, os casais sem filhos e os avós libertos doutras responsabilidades, ocupando agora o lugar dos pequenos cães alemães e orientais de outrora, que por sua causa passaram de moda, sobrando ainda, não se sabe até quando, os britânicos Bull Terrier e Jack Russell, porque os primeiros são sorumbáticos e pouco solícitos e os últimos são por demais activos e raramente param quietos. Quisemos saber o que o Buldogue Francês tem de tão especial, conhecer as suas vantagens e inconvenientes, estudo que vamos agora dividir com os nossos leitores, para melhor esclarecer os potenciais interessados na sua escolha.
Vamos começar pelas vantagens que não são poucas. O “Frenchie”, originalmente criado como cão de colo e companhia, é um cão próprio para estar dentro de casa e para quem vive num apartamento, adora viver numa box, promove o bem-estar ao seu redor, é brincalhão e presta-se como cartão-de-visita, é leal, apegado ao dono e gosta de estar junto dele, é carinhoso e adora receber muitas festas, permanecendo invariavelmente ao lado dos proprietários, mesmo quando estes não lhe dão muita atenção. Relaciona-se bem com estranhos e até lhes pode pedir colo. É vidrado em crianças e adora participar nas suas brincadeiras, não se recusando a defendê-las se for caso disso. Tem uma razoável capacidade de aprendizagem (superior à do seu ancestral inglês por ser mais leve e versátil), é confiante, ladra pouco, adapta-se com facilidade, é de fácil transporte, não necessita de grande exercício físico e dispensa maiores cuidados. É um excelente companheiro para quem vive só, ideal para seniores e também para quem gosta de desporto moderado. Até aqui tudo bem, excelente!
É chegada a hora de falar dos inconvenientes que a raça transporta, enquanto cão caseiro e impróprio para viver ao ar livre (num canil exterior, quintal ou quinta), porque acusa em demasia tanto o frio como o calor. O Buldogue Francês é por norma muito flatulento, pelo que importa escolher uma ração que não lhe aumente o desprendimento de gases. Ressona tal qual os humanos e invariavelmente. Baba-se em demasia quando se encontra excitado. Larga muito pêlo e nenhuma divisão da casa estará a salvo dele. Não pode tomar banho amiúde porque a sua pele não o consente. É bruto nas brincadeiras, menos sensível à dor que os outros cães (porque é forte e musculado), pula em demasia e tendencialmente embate contra os móveis. É selectivo nos manjares e nem toda a ração lhe agrada, o que o tornará mais dispendioso. É predisposto geneticamente para o uso exagerado da mandíbula, o que poderá torná-lo num destruidor de cadeiras, móveis, rodapés e paredes (o fenómeno é mais grave enquanto cachorro). Alguns exemplares, longe se serem calmos e pacatos, são hiperactivos dentro do lar, pormenor que obrigará à escolha do cachorro certo nas ninhadas. Apresenta maiores dificuldades na aprendizagem de urinar no sítio certo, o que exigirá persistência e paciência. Apresenta menor resistência física que a maioria dos cães, o que o torna impróprio para grandes caminhadas e para maiores performances atléticas. Como é naturalmente teimoso e está sempre a testar os donos, o seu dono deverá ser um líder capaz (não há bela sem senão!).
Os buldogues maiores, que podem chegar aos 14kgs ou mais, devido ao seu peso, são incómodos para transportar ao colo. Se optar por um cão desta raça prepare-se para ser abalroado na rua, porque serão muitos os que pretenderão fazer-lhe festas (muitos buldogues franceses acabam roubados). À parte disto, eles não gostam de ficar sós e podem tornar-se destrutivos. Os criadores sérios da raça aconselham que seja sociabilizado logo em cachorro, aos 4 meses de idade, porque alguns exemplares são briguentos. Também por causa disso e para se evitarem danos maiores, caso tenha um macho e pretenda arranjar outro cão desta ou doutra raça, convém optar por uma fêmea, porque ele não se intimida perante cães maiores, valentia herdada dos cães de arena que estiveram na sua origem. Contudo, a raça não se encontra indexada à lista das consideradas perigosas.
No que à sua saúde diz respeito, o Buldogue Francês apresenta vários problemas, cujos principais enumeraremos a seguir. Pelo facto de ser um braquicéfalo acusa em demasia as amplitudes térmicas (frio e calor). Com a temperatura a 25º celsius, a maioria dos buldogues franceses já se encontra em sérias dificuldades. Grande número de exemplares brancos é surdo e apresenta problemas de pele. Em qualquer das variedades cromáticas é obrigatório limpar, preferencialmente duas vezes ao dia, os vincos da pele enrugada com um pano humedecido ou um “dodot”, secando-os a seguir para não surgirem fungos. Machos e fêmeas têm dificuldade em dobrar-se, particular que lhes impede de executarem a sua higiene (geral e íntima). Assim, convém limpar e proteger a vulva das cadelas. A ausência deste cuidado poderá resultar em assaduras naquela zona do corpo, o que a acontecer obrigará as fêmeas, pelo incómodo causado, a esfregarem-se no chão, apanhando assim bactérias que poderão originar cistites (o seu veterinário, melhor do que ninguém, saberá aconselhar-lhe qual a pomada protectora a utilizar depois da limpeza). É raro encontrar um buldogue francês que nunca teve problemas de pele, facto que fica a dever-se à sua baixa imunidade e que lhes aumenta o quadro das alergias (alergias alimentares, a produtos de limpeza e até a determinados tipos de piso). Por causa disso, otites e dermatoses, isoladas ou combinadas, parecem andar de mãos dadas com a raça.
A displasia também é um dos seus flagelos assim como os problemas oculares. É comum verem-se exemplares com os olhos muito salientes ou vesgos, o que no primeiro caso os sujeita todo o tipo de acidentes que podem levá-los à cegueira. Para além destes pormenores, alguns indivíduos apresentam-se com os olhos tapados por pele ou membranas, o que obrigará a cirurgia para que vejam correctamente (há que estar atento e olhar para os progenitores). Criar buldogues franceses para alcançar fortuna é um sonho que não se coaduna com a realidade, porque a maioria deles resulta de inseminação artificial e obriga as suas mães a cesarianas, já que muitos machos morrem ao ejacular e não aguentam o coito e as cadelas não conseguem expulsar naturalmente os fetos, morrendo algumas nas anestesias. Não obstante, e isto dito por quem os tem, o buldogue francês é viciante e quem já tem um acaba por adquirir outro.
Sem intervenção humana o buldogue francês jamais sobreviveria (o inglês muito menos), por que se trata de uma raça artificial à revelia da evolução e da selecção natural das espécies. Nós achamo-los simpáticos e amorosos mas não nos podemos esquecer da maldade por detrás da sua criação, considerando o montante dos seus problemas que resultam em vários atentados à sua saúde, bem-estar e longevidade. E ao dizermos isto, é melhor nem falarmos no English Bulldog, símbolo da canicultura britânica e uma vergonha para todos nós, expoente da mais malfadada eugenia negativa, pesadelo de quatro patas que sobrevive pelo sonho humano, a despeito daquilo que lhe é devido enquanto cão, um caso típico de alucinação a que importa pôr cobro, porque gostar de cães jamais deverá implicar na sua destruição.
Este pequeno francês veio para ficar ou terá os dias contados? O presente diz-nos que veio para ficar e a história que tem os dias contados. A ver vamos como diz o cego! Entretanto, e isto para os adestradores, caso lhes surjam alguns buldogues franceses ou ingleses, mancebos raríssimos nas classes de adestramento, há que ter todo o cuidado com eles, tratar da sua sociabilização e evitar grandes pançadas e correrias, porque tendem à obesidade e colapsam com facilidade. O aviso está dado e quem não o aplicar poderá vir a pagar as favas! Sem querermos denegrir o buldogue francês ou puxar a brasa á nossa sardinha, achamos que o nosso podengo pequeno, por ser mais maleável que os outros de diferente tamanho, presta-se para o mesmo fim e apresenta as mesmas vantagens do cão francês, sendo ainda mais saudável e económico, menos problemático e exigente, havendo por cá muitos à espera de serem adoptados.
Até quando deixaremos de valorizar o que é nosso? Talvez no dia em que a ostentação ceder lugar à razão e tenhamos que fazer contas à vida, altura em que os “bijoux” serão finalmente trocados pela prata da casa.

PANZERHUNDE

A ninhada da Kyra, da pastora alemã lobeira de que demos notícia na edição anterior, está a desenvolver-se muito bem. Com 6 semanas os cachorros rondam todos os 7kg de peso, apresentam-se activos, bem aprumados, desenvoltos e atrevidos. Devido ao seu peso e carácter decidido, parecem pequenos tanques e, como a raça é alemã, o nome de “panzers” assenta-lhes bem.
De acordo com a sua curva de crescimento, é possível que atinjam os 9.5kg aos 2 meses de idade. Quem desejar adquirir um destes excelentes cachorros pode fazer a sua reserva através do email deste blogue, que de imediato o poremos em contacto com o seu criador.

QUANDO ELES LHES VIRAM AS COSTAS POUCOS MESES DEPOIS…

Hoje já não criamos Pastores Alemães mas aconselhamos e continuamos a seleccionar reprodutores para beneficiamentos, como é o caso da ninhada a que atrás nos referimos. Quando produzíamos cachorros, que eram entregues aos seus novos proprietários às 7 semanas, tínhamos por hábito pedir aos seus donos que os trouxessem até nós quando alcançassem 1 ano de idade, para aquilatarmos do seu desenvolvimento e qualidade, pedido a que muitos acediam. Era curioso reparar, depois de 10 meses de separação, na alegria daqueles cães quando reencontravam a pessoa que os havia cuidado e criado, e nenhum deles foi excepção. Caso se verificasse o contrário, se os cães não se agradassem de quem os havia criado, era mais do que certo que não lhes haviam sido dispensados os cuidados necessários, porque é com os criadores que gravam a sua primeira experiência de sociabilização. Assim, quando um cão adulto despreza, é indiferente ou não se recorda do seu criador, lá terá as suas razões e todas elas ligadas a um imprinting inadequado ou sofrível. Já assistimos a casos, para espanto de muita gente, em que certos cães tentaram agredir os seus criadores quando os reencontraram ou foram tomados de pavor diante deles. É fácil adivinhar porquê!

DIZEM QUE SÓ DEUS ESCREVE DIREITO POR LINHAS TORTAS

Diz-se que Deus escreve direito por linhas tortas, o homem não, aforismo que remete exclusivamente a ocorrência de milagres para a intervenção divina e que é em simultâneo uma mensagem de esperança. Ao longo da história da humanidade, particularmente nos momentos de crise, nunca nos faltaram pretensos milagreiros, “messias” autoproclamados que em diversos quadrantes da actividade humana sujeitaram os seus seguidores a duros esforços e a piores misérias. À revelia dos ensinamentos de La Fontaine e deturpando-os, há quem queira transformar tartarugas em lebres e rãs em bois, insanidade muito comum na canicultura e na cinotecnia, onde invariavelmente se valoriza o sonho em detrimento da realidade, pesadelo que não irá poupar alguns cães por desrespeito ao seu particular, tanto físico como psicológico, e que terá como resultado a ocorrência criminosa de várias lesões e traumas.
Qualquer desporto canino, para além dos exercícios aeróbios que o sustentam e que não raramente são ignorados, irá exigir esforços anaeróbios que devem casar-se com a morfologia dos animais de acordo com as exigências de cada modalidade. Caso isso não se verifique, bem depressa os cães concorrerão a lesões que poderão reverter-se em incapacidades carentes de intervenção cirúrgica ou permanentes. Animais subnutridos ou carentes de uma alimentação própria para o seu desempenho, mal aprumados, débeis de ligamentos, carentes de massa muscular, com pouca densidade óssea, portadores de problemas articulares, com dificuldades respiratórias e insuficiência cardíaca, entre outros, não podem e não devem concorrer a desportos muito exigentes, já que estes se destinam a cães saudáveis. E nisto os veterinários, melhor do que ninguém, têm uma importante palavra a dizer e deverão ser ouvidos, muito embora todos saibamos que ainda está por descobrir, passados milhares de anos, quem pagará e viverá da medicina preventiva.
Os mais variados desportos caninos, enquanto práticas que substituem as excursões de caça e as manobras de grupo que os cães herdaram, por via de serem predadores e seres sociais, agora cada vez mais dependentes de nós, combatem efectivamente o stresse dos cães e contribuem objectivamente para o seu bem-estar físico e anímico. Contudo, importa escolher o desporto certo para o cão que temos em mãos. Tradicionalmente tem-se privilegiado o aproveitamento dos cães segundo as suas características inatas, sem se aquilatar primeiro da justeza dessa opção, se aquilo que o animal gosta de fazer é o que melhor lhe convém (às expectativas dos donos sempre será) e se ostenta o equilíbrio psíquico para a função que possibilite o seu bem-estar e controlo, já que a ansiedade nos cães é de difícil solução e não deverá ser o desporto a promovê-la ou a potenciá-la, o que a acontecer daria azo a um sem número de disparates e ao esperado encurtamento dos seus dias.
Debaixo de ansiedade, como tantas vezes temos visto, os cães ensurdecem-se para os donos, podendo vitimar-se e causar vítimas gratuitamente. Exemplo disso é quando um cão de provas não larga o agressor, apesar dos veementes comandos do dono para o largar ou quando um cão de agility ultrapassa todos os obstáculos na sua frente, podendo inclusive ferir-se, ao dispensar as indicações do seu condutor. Por vezes a ansiedade é tal que os ritmos vitais disparam para valores alarmantes, havendo cães que virão a marcar, inusitadamente, mais de 180 pulsações por minuto, tardando na sua recuperação, facto que a breve trecho lhes poderá vir a ser fatal e que deixa alguns vários dias prostrados, como infelizmente vamos tendo notícia em corridas de galgos.
Como é sabido, os cães atletas devem apresentar baixas frequências cardíacas e respiratórias, para que a sua recuperação aconteça o mais pronto possível (mesmo os mais dotados não irão dispensar o treino sistemático para garantirem a boa forma física que os fará alcançar a excelente prestação). Como nenhuma raça garante em absoluto que todos os indivíduos que a constituem são próprios para determinada modalidade desportiva, há que primeiro avaliar cada cão por si mesmo, se próprio ou impróprio para esse desempenho, considerando as suas características morfológicas, perfil psicológico e quadro clínico. Ainda que um cão apresente uma invejável morfologia e uma saúde de ferro, jamais deverá ser usado em qualquer desporto que o desequilibre psicologicamente, destrua a liderança e inviabilize o trabalho binomial. Também o princípio latino adiantado por Juvenal: “Mens sana in corpore sano” é válido para os cães. Escrever direito por linhas tortas é uma prerrogativa divina e, quem nasce torto… tarde ou nunca se endireita. Antes de inscrever o seu cão numa modalidade desportiva, consulte o seu veterinário e respeite o seu parecer.

A COR DO CÃO: UM PORMENOR QUE FARÁ TODA A DIFERENÇA

A cor de um cão está directamente relacionada com a sua saúde, resistência, odor, tipo de cumplicidade e prestação. Cães de pelagem escura uniforme (pretos, cobre, bronze, chocolate e vermelhos) acusam em demasia o calor pela absorção dos raios solares, não sendo indicados para climas muito quentes e com uma temperatura média anual de 28º celsius, porque atingem a exaustão mais depressa, cansam-se com maior facilidade, demoram a recuperar e sempre procuram uma sombra por perto, apesar de secarem mais depressa, terem menos odor, serem por norma mais interactivos, adequados para o trabalho nocturno e dentro de água. Quando se opta por um cão de guarda, a sua cor deverá ser considerada, porque tudo deverá ver e não ser visto, para se tirar partido do efeito surpresa, o que nos levará a considerar a policromia das cores locais e os horários de vigilância para a sua indispensável camuflagem.
Observando o mesmo cuidado, casas caiadas e muros de alvenaria irão exigir cães brancos, assim como os ecossistemas visitados pela neve, podendo nestes casos ser usados também os cinzentos, tanto ou uniformes como os bicolores. Quando a vigilância de uma casa se torna obrigatória 24 horas por dia, é indispensável que se tenham um ou mais cães para os horários diurnos e outros para os nocturnos, distribuindo os mais claros pelo dia e os mais escuros pela noite. Tendo em conta a necessidade de camuflagem canina, pobre e inadequada é a raça que apenas possui uma variedade cromática ou uma só textura de manto, porque não conseguirá ter igual desempenho nas diferentes estações do ano, sofrendo mais numas do que noutras e pondo em causa o seu policiamento objectivo.
E sobre isto parece não haver dúvidas, uma vez que os canídeos selvagens já nascem com uma coloração própria para se confundirem nos seus terrenos de caça, o que lhes facilita de sobremaneira a predação por serem menos visíveis, dotando-os duma abordagem de surpresa, maior sucesso nas capturas, economia de esforço e menor desprendimento de odor. Ao contrário do que se pensa, os cães mais escuros (melânicos) têm menos odor que os outros, porque secam mais depressa, o que os torna mais indicados para coabitaram com os seus proprietários dentro do lar. 

NÃO MORREM DA DOENÇA, MORREM DA CURA!

Na gíria militar costuma ouvir-se dizer “que há gente mais burra que o regulamento” e que a luz dele se pode incorrer no crime de excesso de zelo, que é exactamente o que se passa aqui com a vacinação anti-rábica, quando vacinamos os nossos cães anualmente com uma vacina válida para 3 anos. Sempre fomos mais papistas que o papa e os nossos legisladores nunca se importaram com isso, sobrecarregando-nos sem qualquer pejo. Talvez agora, com a recente e inesperada eleição para o Parlamento do 1º deputado do PAN, partido que se diz defensor dos direitos das pessoas, dos animais e da natureza, a coisa mude, o bom homem denuncie esta aberração e a lei venha a ser alterada. Convém que seja quanto antes, não venham os cães a morrer da cura!

1º ENCONTRO GLOBAL DO CÃO DA SERRA DA ESTRELA

Recebemos um email da Sr.ª D.ª Manuela Paraíso, que julgamos ser criadora de cães da Serra da Estrela, a queixar-se e com toda a justiça, de que nos havíamos valido duma fotografia sua propriedade, sem a sua prévia autorização, no artigo “RAIADOS, LOBEIROS E DE PELO CURTO”, editado em 31/12/2014, onde consta um dos seus exemplares caninos (a foto é a 3ª do artigo). O abuso ficou a dever-se ao facto de haver poucos Serras de pelo curto e muito menos fotografias. Como tarde é aquilo que nunca chega, adiantamos que o cão da foto pertence à Ponta da Pinta e é propriedade desta senhora. Lamentamos a indignação causada e esperamos que o nosso reparo seja aceite. Entretanto, recebemos outro email da mesma procedência, um convite, onde nos anunciavam da realização do 1º Encontro Global do Cão da Serra da Estrela, que irá acontecer no Parque Municipal de Exposições do Cartaxo, no próximo dia 17 do corrente mês, pelas 09H30, evento que aqui e agora publicitamos para os nossos leitores. Oxalá tudo corra bem, o Encontro seja um sucesso e para o ano haja mais.

MORREU A PEQUENA LOBEIRA QUE FAZIA AS CRIANÇAS FELIZES

Morreu recentemente, no passado dia 1 do corrente mês, com 9 anos de idade, a CPA lobeira Odeta, de origem belga e propriedade da PSP, pertencente ao Grupo Operacional Cinotécnico daquele Corpo Policial, facto que deixou consternado o seu tratador (o Agente Ricardo Lopes), aquele Grupo (GOC) e a PSP como um todo, segundo esta adiantou no facebook. Tivemos oportunidade, por diversas vezes, de assistir às exibições públicas da Odeta, uma cadela que valia pela disponibilidade, apego ao seu tratador e vontade de agradar, que em todos os momentos exaltou a raça a que pertencia e dignificou quem a acolheu e instruiu, fazendo a alegria da criançada que não se cansava de aplaudi-la. Apesar de padronizada não era muito grande, mas o que eventualmente lhe faltava em tamanho sobrava-lhe em garra, porque era decidida, competitiva e zelosa. Por certo ficará para a história daquela Corporação e far-se-á presente nos homens de amanhã, porque esteve entre nós e encheu os nossos corações de alegria. Aquando do seu sepultamento deveriam ouvir-se os acordes da melodia “Ich hatt' einen Kameraden”, porque foi militar, cumpriu com o seu serviço e cerrou fileiras com os seus camaradas. Obrigado Odeta! 

QUAL SERÁ O MOTIVO (XLIII)

O “Fausto” é um Spaniel Alemão com 8 anos de idade, que vive em casa e que nunca caçou. Ultimamente tem andado a coçar-se muito, tanto de dia como de noite, ao ponto de já ter peladas no manto. Os donos sempre foram meticulosos com a sua saúde e higiene, pondo-lhe a coleira antiparasitas, as pipetas e dando-lhe um comprimido mensal para a esterilização das pulgas. Como o cão não pára de coçar-se, têm-lhe aplicado sem sucesso o spray da mesma marca dos outros produtos. Porque será que o Fausto não pára de coçar-se? Hipótese “A”: O princípio activo daqueles medicamentos deixou de ser eficaz. Hipótese “B”: Os donos valeram-se de produtos fora do prazo de validade. Hipótese “C”: O cão está ser vítima da mosca da fruta, que nele intenta depositar os seus ovos. Hipótese “D”: Coça-se porque as melgas não lhe dão descanso. Hipótese “E”: Os produtos não fazem efeito porque os seus donos não sabem aplicá-los. Para a semana cá estaremos com um novo caso e indicaremos qual a hipótese certa.