Em nome de S. Roque, na
tradicional intercessão dos santos católica, não sustentada pela Escritura
Sagrada, sempre se abençoou o gado no dia deste santo, que se celebra a 16 de
Agosto, prática que quase entrou em desuso e que hoje se repete amiúde, um
pouco por toda a parte onde a Igreja Romana é histórica e maioritária. Para a bênção
dos cães muito contribuiu o parecer sobre os animais constante no Novo
Catecismo Católico (2005), que os considera, por análise ao 7º Mandamento,
criaturas de Deus e envoltos na Sua solicitude providencial, relembrando aos crentes
o tratamento que lhes foi dispensado por S. Francisco de Assis e S. Francisco
de Néri (entre outros). Ao que consta, S. Roque foi socorrido por uma cão que
lhe trazia comida, quando isolado, enfermo e faminto.
Este santo é ainda, segundo a mesma crença, protector contra a peste e
padroeiro dos cirurgiões e inválidos. Debaixo desta tradição e na procura da
intercessão do santo, realizou-se mais uma vez a tradicional bênção dos cães na
Cidade de El Alto, na Bolívia, seguida duma procissão pelas ruas da cidade,
onde os “perros” acompanharam os seus devotos donos. Com as igrejas cada vez
mais vazias, quiçá o “apostolado dos cães” surta efeito, levando os seus donos
para o seio de “La Santa Madre Iglesia”. Mais do que orações, bênçãos, círios e
ladainhas, os cães precisam de quem os respeite, trate bem, cuide da sua saúde e
bem-estar, enquanto criaturas de Deus ao serviço dos homens, porque não alcançam
o abstracto e continuam a penar neste mundo. Se a bênção de S. Roque se prestar,
enquanto cerimónia, para uma maior sensibilização relativa aos direitos dos
animais, à imitação doutros eventos não-religiosos, por certo os cães
agradecerão. E se assim for, quando chegará a vez dos gatos? Infelizmente,
ainda há muita gente a mandar rezar missas por alma doutros, quando em vida os
mortificou. Assim também se compreende porque não há mortos ruins. Oxalá os
processionários bolivianos consigam garantir para si, para os seus concidadãos
e cães o sustento diário, devendo ser essa uma das enfâses nas suas petições a
Deus.
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