sábado, 8 de agosto de 2015

ELAS NÃO MATAM, MAS MOEM!

Os ditos desportos caninos ou modalidades desportivas binomiais são sustentadas, na maioria dos casos, pela potenciação dos instintos e/ou pelo híper aproveitamento dos impulsos herdados dos animais, tanto para as respostas naturais quanto para as artificiais. Estamos fartos de ouvir dizer que os cães adoram determinada modalidade desportiva, quando na verdade fazem de tudo para agradar e acompanhar os seus donos. Nenhum cão adora passar a vida a morder ou a correr que nem um foguete, acções que naturalmente só encetaria por necessidade de defesa (de si mesmo, do seu lugar hierárquico, dos seus e do seu território) e por questões ligadas à sua sobrevivência e à da sua espécie. O uso sistemático e continuado dos cães em determinada modalidade desportiva não utilitária, pelo desgaste que provoca, irá colocar precocemente em risco a sua saúde física e psicológica, levando-os, em caso de abuso, a uma menor qualidade e esperança de vida.  Deixemo-nos de hipocrisias: nenhum cão nasceu para andar continuamente a “afiar o dente” ou para se deslocar ordinariamente a galope. Ao invés, todos preferem sentir-se cómodos e deslocar-se saudavelmente em marcha, o que lhes tardará a senilidade e demais problemas típicos da velhice. As alterações de comportamento e desempenho caninas são alcançadas pelo condicionamento, não raramente através de provocação, aliciamento, suborno e dependência, atitudes despudoradas que, ao serem tantas vezes repetidas, nos parecem justas e lícitas.
À luz da “Carta dos Direitos do Animal” nenhum deverá ser usado em actividades que ponham em risco a sua integridade física e psicológica, o que a acontecer é um crime próprio do mais descarado especicismo. A nosso ver, deverá subsistir alguma diferença entre exercícios aeróbios e anaeróbios, visando a salvaguarda e integridade dos cães. Por ausência doutros meios, até somos capazes de entender o uso dos cães em actividades para eles arriscadas, como é caso dos habilitados para a busca, resgate e salvamento, considerando a necessidade e urgência do socorro das pessoas. O que não entendemos, e pedimos desde já desculpa pela frontalidade com que o dizemos, é pôr os cães a competir para gaudio dos donos, o que sempre nos lembra uma imagem de infância, quando alguns miúdos, à falta de melhor, se divertiam a fazer corridas de caracóis sobre uma superfície molhada. Na sequência do que acabámos de alertar, quando um adestrador pega num cão jovem para ensinar, não se poderá esquecer que aquilo que lhe exige hoje poderá ter consequências graves amanhã. O objectivo primeiro e central do adestramento aponta para a salvaguarda canina e os adestradores estão cá para suavizar as veredas dos seus pupilos rumo à longevidade. Desporto sim, mas com conta peso e medida! 

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