sexta-feira, 16 de maio de 2014

UM CÃO DE ÁGUA POR ÁGUA ABAIXO

Voltamos a um tema recorrente: a castração dos cães. Vamos contar para os nossos leitores o sucedido com um Cão de Água Português, macho, negro, agora com 18 meses de idade, que acabou castrado por pressão do veterinário e de algumas pessoas ao redor do seu dono, pessoa sensata e com pouca ou nenhuma experiência em cães, que pensando agir certo e querendo evitar males maiores (disseram-lhe que tal seria bom para o saúde do animal e para o seu comportamento), acabou por consentir na esterilização do seu companheiro. Inesperadamente, de um momento para o outro, o cão começou a arremessar-se contra cães e cadelas, a avançar para as pessoas e a insurgir-se contra o dono. Alarmado com as atitudes do bicho, o seu proprietário procurou-nos no intuito de o ajudarmos, porque se sentia impotente e queria levar de vencida os problemas do animal, acabando por trazê-lo para as nossas fileiras. Depois de testado e confrontado com as situações que alarmavam o dono, verificou-se que a natureza dos seus arremessos e tentativas de ataque provinham do medo “injustificável” que sobre ele domina, que o leva a fugir de qualquer cachorro quando solto e a ameaçar qualquer valentão quando atrelado, escondendo-se depois atrás do dono, atitude que repete quando alguém o enfrenta, só saindo dali quando os cães ou as pessoas já o ultrapassaram e se encontram de costas.
Poder-se-ia alvitrar que o comportamento do cão resultasse de haver nascido assim, do dono ser instável ou violento ou do animal ter sido mal sociabilizado, factos que nunca aconteceram, já que antes da castração o animal era alegre e brincava descontraído com os outros cães, mereceu uma instalação doméstica privilegiada, o seu dono é um septuagenário bastante activo e afável que sempre o trouxe à rua por períodos superiores a 1 hora, levando a familiarizar-se com as pessoas, com os outros cães, com a urbe e o seu buliço. Em síntese, a causa do pânico do cão é resultado da castração, porque nunca deveria ter sido castrado e acabou por sê-lo cedo demais. É evidente que cancro nos testículos jamais terá, mas se for de tendência cancerígena jamais se livrará de algum tumor noutra parte ou noutro órgão. Ainda que ninguém o diga e porque este não é um caso isolado, a castração nem sempre amansa e pode inclusive embravecer alguns cães, como aconteceu com este cão. Castrar um Cão de Água Português para quê, quando sabemos que a raça é uma das pacíficas do mundo canino? Por norma, a castração melhor serve aos homens que aos cães, porque os donos livram-se de maiores cuidados e acabam por comprar rações mais baratas, o veterinário ganha uma intervenção cirúrgica e o fabricante da ração que apoia a actual campanha da castração acaba por escoar os seus lotes de pior qualidade. Todos ganham, menos o cão!

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