Estranhamente,
sempre será mais fácil ensinar a matar do que a amar, talvez porque a violência
aguarda ocasião e o perdão não está ao alcance de todos. Um proprietário
canino, acostumado a pagar para ser servido e não querendo ser importunado,
quando alertado para a necessidade de estabelecer vínculos afectivos com o seu
cão, que deseja para guarda, exclamou a seguinte sentença: “mando dar-lhe a
melhor ração, pago o reforço com comida fresca do seu penso diário, mandei
erigir-lhe um canil espectacular, faço com que o levem ao veterinário quando é
preciso, pago para que o treinem e o bicho tem que me obedecer à primeira, para
mim tem que ser assim, já que o cão tem todas as razões para gostar de mim”. Do
alto da sua tolice, este senhor esquece-se que o cão é um ser social, um amigo
que precisa de ser amado e que não dispensa uma relação cúmplice, que devolve
em protecção o carinho que recebeu. Se persistir nesta atitude é possível que
perca o cão para o tratador ou para algum dos seus empregados, gente que conhece
e segue para toda a parte, porque desde sempre estiveram ao seu lado, quer
cuidando dele quer ensinando-lhe aquilo que sabe. Não estará já na altura deste
senhor se aproximar do animal, de “perder” tempo com ele, de participar nas
suas brincadeiras e de o recompensar, de o chamar para o seu lado, de deixar de
lhe ser estranho e de o fazer sentir seu? Os cães não se deixam comprar, seguem
quem primeiro os amou!
sábado, 31 de maio de 2014
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