Apesar do “fenómeno” já ter sido desacreditado, ainda subsistem por aí umas tantas igrejas que oferecem milagres e cura para tudo, como se fossem donas da mais excelente das terapias alternativas. Com este texto não queremos ser confundidos com elas ou interpretados como vendedores de alguma panaceia, tão-somente testemunhar os benefícios que a terapia binomial tem oferecido aos nossos condutores seniores, lançando daqui o convite a todos aqueles que se encontram nessa idade e que não querem, imediatamente, entregar a sua vida aos pontos, porque é possível ser-se ancião e ter saúde. Move-nos a preocupação fraterna e não o aumento dos proventos, porque a maior fatia deste desafio recairá, indubitavelmente, sobre nós e disso estamos cientes, mercê da alteração dos métodos e estratégias a que nos veremos obrigados. Contudo, estamos cá para servir e nisso reside a nossa vocação.
Ao contrário de outros, vá lá saber-se porquê, a Acendura Brava sempre tem tido condutores seniores nas suas fileiras, gente que se tem sentido bem entre nós e que sempre acaba por nos surpreender. Nos últimos vinte anos o seu número foi de 10% na totalidade das inscrições e tem vindo a crescer nos últimos tempos. Talvez isso se deva ao facto de termos muitos reformados, ao cuidado generalizado com a saúde, às múltiplas acções de esclarecimento desenvolvidas nesse sentido e ao querer de alguns que abraçaram e abraçam esse propósito. No tempo em que mantínhamos classes de competição, conseguimos inclusive levar condutores seniores às provas e nenhum deles mal se comportou ou foi motivo de troça, muito pelo contrário! Corrijam-nos se estivermos errados, mas entendemos as escolas caninas como meios para congregar as pessoas e não somente os condutores ou proprietários caninos, porque a organização de qualquer evento sempre reclama por outra gente, vicissitudes que a logística não dispensa e é bom estarmos cientes disso. No mundo global a escola canina deve ser para todos e ajudar na trajectória comum, colocando ao seu dispor as suas mais-valias, independentemente do sexo, idade, raça, actividade, lugar social, credo ou religião das pessoas, porque somos portadores do bem que os cães nos oferecem e não podemos guardá-lo somente para um grupo de eleitos. E se assim não o fizermos, seremos ultrapassados e arrumados nas estantes reservadas aos horizontes da memória, tal qual dinossauros à espera de serem redescobertos. A escola canina deverá ser activa e acompanhar a erudição da modernidade, adaptar-se para os desafios contemporâneos e contribuir para o alcance das aspirações humanas do seu tempo.
Ao contrário de outros, vá lá saber-se porquê, a Acendura Brava sempre tem tido condutores seniores nas suas fileiras, gente que se tem sentido bem entre nós e que sempre acaba por nos surpreender. Nos últimos vinte anos o seu número foi de 10% na totalidade das inscrições e tem vindo a crescer nos últimos tempos. Talvez isso se deva ao facto de termos muitos reformados, ao cuidado generalizado com a saúde, às múltiplas acções de esclarecimento desenvolvidas nesse sentido e ao querer de alguns que abraçaram e abraçam esse propósito. No tempo em que mantínhamos classes de competição, conseguimos inclusive levar condutores seniores às provas e nenhum deles mal se comportou ou foi motivo de troça, muito pelo contrário! Corrijam-nos se estivermos errados, mas entendemos as escolas caninas como meios para congregar as pessoas e não somente os condutores ou proprietários caninos, porque a organização de qualquer evento sempre reclama por outra gente, vicissitudes que a logística não dispensa e é bom estarmos cientes disso. No mundo global a escola canina deve ser para todos e ajudar na trajectória comum, colocando ao seu dispor as suas mais-valias, independentemente do sexo, idade, raça, actividade, lugar social, credo ou religião das pessoas, porque somos portadores do bem que os cães nos oferecem e não podemos guardá-lo somente para um grupo de eleitos. E se assim não o fizermos, seremos ultrapassados e arrumados nas estantes reservadas aos horizontes da memória, tal qual dinossauros à espera de serem redescobertos. A escola canina deverá ser activa e acompanhar a erudição da modernidade, adaptar-se para os desafios contemporâneos e contribuir para o alcance das aspirações humanas do seu tempo.
Segundo a teoria oxidativa, que hoje não merece qualquer tipo de contestação, considerando também que o excesso de actividade em determinadas idades pode originar tumores, diante do envelhecimento biológico provocado pela respiração (porque cada vez que respiramos, pagamos um preço pela absorção de oxigénio que necessitamos para produzir energia), longe de oferecermos a longevidade, julgarmos ser a prática do adestramento a melhor das terapias para os indivíduos seniores, uma vez que solicita os movimentos naturais inerentes à sua autonomia física, sem contudo provocar grande desgaste ou induzir a maior envelhecimento. Entretanto, seria absurdo sustentarmos que a cinotecnia garante só por si a longevidade, sabendo que ela se encontra ligada, para além do legado genético dos indivíduos, a meios culturais como a nutrição, a medicina e a cirurgia e que tanto ela como a gerontologia, ainda precisam de grandes avanços para lá chegar. Como simples perreros que somos, apenas damos testemunho do que vimos e ouvimos da boca dos nossos condutores seniores. E é com base nisso que convidamos outros iguais a acompanhá-los no combate à ferrugem, para que a sua autonomia aumente sem maiores atropelos e alcancem melhor qualidade de vida. É evidente que não estamos à espera que atinjam os 7.8 km/h em marcha, que venham a acompanhar os seus cães a uma velocidade de 6 metros por segundo ou que suportem duras sessões de treino baseadas na sobrecarga, porque isso nos remeteria para a responsabilidade da morte assistida ou para a convicção duma vida vindoura incomparavelmente melhor. Não é esse o nosso ofício, não abraçamos a metafísica e lidamos apenas com vivos.
Como se depreende, a inscrição de alunos seniores vai obrigar a adaptações e à variedade de métodos consoante as características dos indivíduos, tanto na formação como na sua integração, forçará a alteração dos planos de aula e induzirá à criação de metas intermédias e à novidade de cronogramas, que poderão acontecer isolados ou por integração. Geralmente são convidados a participar nas aulas colectivas até ao período do trabalho específico, estratégia que dá ao grupo um arejamento maior e fá-los sentir parte integrante da classe escolar, pois é importante que todos se sintam bem, que uns não se sintam atraiçoados e outros um empecilho. Para além das vantagens para as partes, o grupo cresce coeso e em sabedoria, recriando no treino um ambiente familiar há muito arredado da sociedade contemporânea, fortemente individualizada e distante dos problemas alheios. Escusado será dizer que o sucesso da integração dependerá de quem dirige: a pessoa do adestrador, que deverá saber gerir o esforço colectivo para o bem-estar individual, sem proporcionar atrasos nos mais empenhados ou vocacionados. À partida a tarefa parece difícil, mas ela irá ser suavizada pela mestria de uns em prol dos outros e é nesta permuta que residirá a melhor solução. Ademais, acresce uma lição de vida: as escolas mais duradouras sobrevivem pela excelência colectiva e as fortemente individualizadas tendem a desaparecer subitamente. Todos são importantes. A que deverá dar mais peso um adestrador: às medalhas ou às pessoas? Dependendo da opção, assim terá mais ou menos gente ao seu lado.
É por demais abusivo e injusto considerar a integração dos seniores um sacrifício. Caso o haja, a sua maior fatia irá ser paga por eles, atendendo aos inevitáveis esforços de integração e de capacitação, a uma menor disponibilidade física e à maior dificuldade no atingir das metas. Todas as pessoas que nos procurem têm dificuldades ou procuram o nosso auxílio, de outro modo jamais nos procurariam ou teríamos conhecimento delas. Contrariando uma ideia generalizada e preconceituosa, importa dizer que os condutores seniores têm-nos colocado menos problemas e dificuldades que outros de grupos etários diferentes, apresentando muitas vezes maior capacidade de sacrifício, pontualidade e empenho, coerência nos objectivos e mais avidez de conhecimento. E como se isto não bastasse, na galeria dos condutores lendários da Acendura o seu número é maioritário, havendo alguns que inclusive se tornaram monitores desta escola.
Reafirmamos o convite aos seniores para as nossas fileiras, desafiamo-los para a constituição binomial, queremos que sejam donos dos seus próprios passos e apostamos na sua qualidade de vida, até porque eles têm muito para nos ensinar e sem eles a nossa família estaria incompleta, tal qual geração errante e sem parâmetros. O exercício do adestramento é uma prática para todas as idades e tende naturalmente a eliminar insuficiências ou supostas dificuldades. Há que dar combate ao sedentarismo, ao isolamento, ao desinteresse e à apatia, factores que muito contribuem para o envelhecimento precoce das gentes, pois só temos uma vida e importa que a vivamos intensamente. Educar cães é fazer-se presente, é dizer que ainda vale a pena, é procurar dias melhores para suportar os indesejáveis, é apostar na vida diante da certeza da morte, mesmo sabendo que o envelhecimento é um processo irreversível e que começa logo após a maturação reprodutiva, resultando da diminuição de energia disponível para manter a fidelidade molecular. Mais vale sair de casa do que esperar que dêem pela nossa falta e finalmente nos venham buscar, quando já nada nos importar e sobrar o carrego para os outros. À parte disto, o adestramento possibilita a inserção social dos idosos, reafirma a sua importância e promove-lhes novos interesses. E como ninguém gosta de estar só, arranjem um cão e sejam bem-vindos. Estamos à vossa espera e temos como ajudar-vos. O convite está feito.
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