Um dia haveremos de ter um
Natal a sério, “para valer”, como dizem os brasileiros. Até lá, formulamos
desejos e tentamos apossar-nos o melhor possível do seu espírito, propósito e
mensagem, predicados que os desalentados há muito perderam e que os leva a
detestar esta época festiva, interpretando-a como uma fantochada, como a maior
das hipocrisias, um negócio chorudo ou como uma prerrogativa dos ricos, diante
das dificuldades que atravessam e pelo vazio da sua existência, neste mundo que
a muitos mantém amarrados e sem esperança à vista, dominados pela doença, pela miséria,
pela fome, pela desintegração familiar e pela exclusão social, que aos
impedi-los de sonhar, transforma as suas vidas num pérfido e quase perpétuo
sofrimento. Contudo, foi também para eles e por causa deles, que o Filho de
Deus encarnou e se revelou ao mundo, assumindo a nossa condição e vencendo-o, libertando-nos
da lei da morte e alcançando-nos justiça e vida eterna, segundo a Fé que
deposita nos nossos corações e que nos leva a tudo suportar pela certeza na
vitória final, prédica que não deixa de parecer loucura aos olhos dos que não
crêem.
Se por acaso algum de nós
encontrasse solução para este mundo, tornaria gratuita a encarnação de Deus,
mas como tal jamais será possível, cabe aos cristãos serem arautos do vindouro
e valerem já aqui ao seu semelhante, suavizando-lhe a caminhada pela extensão
do Amor Divino, militância que Ele mantém para salvação da humanidade.
Certamente não mudaremos o mundo mas podemos mudar o que se encontra ao nosso
redor, começando pelos que se encontram mais próximos de nós e que connosco se
cruzam: família, amigos, adversários, patrões, colegas de trabalho, empregados
e demais gente que nos serve ou a quem servimos. O nascimento de Jesus mudou o
mundo, contribuiu para o fim da escravatura no Império Romano, tem erigido
nações mais justas, vencido preconceitos e congregado diversos povos, colocando
todos em igualdade perante Deus.
Neste Natal queremos
lançar um repto aos nossos leitores: que ousem levá-lo a quem mais precisa,
apesar de termos motivo para o celebrar, transmitindo a todos (crianças e
adultos) uma mensagem de esperança e valendo aos mais carenciados, aos
fustigados pela doença, aos que se encontram sós, às vítimas do infortúnio e
aos desempregados, confortando-os e auxiliando-os para que o Amor de Deus não
caia em saco roto e o Natal perca o seu significado, pela nossa ingratidão,
comodidade, desleixo e ausência de testemunho. Celebrá-lo é novidade,
esperança, paz, transformação, generosidade, fraternidade, perdão e alegria,
porque o nosso Salvador já nasceu e a todos ama de igual maneira. Ser tocado
pelo Natal ou pelo espírito natalício é massificar a letra das suas canções,
trazer um pouco do mundo vindouro para o nosso e transmitir um “sonho” que
amanhã será realidade. Mais do que uma festa da família, o Natal deverá ser um
abrir de portas universal, uma ocasião para a paz entre os homens ao redor do
Filho de Deus, que já nasceu e que nos renova e liberta diariamente.
Em simultâneo, queremos
convidar treinadores, figurantes e condutores caninos para a adopção deste
mesmo espírito, para que cessem os treinos de ataque nesta ocasião e usem os
seus cães para o bem indiscriminado da população, transformando-os em agentes
de terapia, companheiros de brincadeira pràs crianças, pretexto para a alegria
dos mais velhos e motivo de aproximação entre todos. Melhor seria que o
fizessem o ano inteiro, que deixassem os ataques para os cães policiais e
militares, enquanto a sua substituição não for possível, o que não deve tardar,
como já aconteceu com os cavalos de guerra. Um Santo Natal para todos, que a
Paz que o Menino Jesus trouxe ao mundo toque cada um de nós e nos faça
emissários do Seu Amor, que o mundo rejeitou e que é nos dado a anunciar.
Sem comentários:
Enviar um comentário