A Ilha do Natal, também
conhecida como a “Galápagos do Oceano Índico", hoje parte integrante da
soberania e território da Austrália, sensivelmente do mesmo tamanho da nossa
Ilha das Flores nos Açores, situa-se no Oceano Índico a 2 500 km a nordeste de
Perth (Austrália) e a 380 km
ao sul de Java (Indonésia).Resultante de erupções basálticas, é uma ilha
montanhosa, cujo ponto mais alto é Murray Hill, a 361m acima do nível médio das
águas do mar, com um clima seco na maior parte do ano, o que a torna árida até à
chegada das monções típicas do índico. Visitada desde tempos remotos por
navegantes malaios, passou a constar nas cartas marítimas de holandeses e
ingleses no Séc. XVII, vindo somente a ser habitada em 1890, por trabalhadores
chineses e malaios, para ali levados por causa da exploração das minas de
fosfato. A Ilha dependeu da Colónia Britânica de Singapura até 1 de Outubro de 19 58,
altura em que passou a fazer parte da Austrália, ainda que só em 1981 os seus
habitantes alcançassem a cidadania australiana. A língua oficial é o inglês e a
moeda em uso é o dólar australiano. Neste pequeno espaço insular convivem
quatro religiões: budismo, islamismo, cristianismo e taoísmo. A sua população
actual é constituída por 70% de chineses, 20% de europeus e 10% de malaios.
Pensa-se que o seu nome actual ficou a dever-se a William Mynors da East India
Ship Company, que ali aportou no Dia de Natal de 1643. A partir de 1991, a administração local
tem efectuado investimentos para desenvolver o potencial turístico
da ilha, porém sob estritas condições de preservação do meio ambiente e riquíssima
fauna (a foto abaixo reporta-se a um Red-footed booby, uma das muitas aves
marinhas que ali vivem e nidificam).
Mas o que torna única esta
ilha é a migração anual de mais de 100 milhões de caranguejos vermelhos, que
migram das florestas para o mar para ali se reproduzirem e desovarem, que
geralmente acontece entre os meses de Novembro e Janeiro, dependendo a migração
da chuva, já que sem ela não acontece. Nessa ocasião as ruas e estradas da ilha
ficam vermelhas de tantos crustáceos, são fechadas ao trânsito e chegam a ser
construídas pontes plásticas sobre as vias, para que os caranguejos circulem em
segurança. A Ilha do Natal é um verdadeiro paraíso para inúmeras espécies de
aves e para 14 espécies de caranguejos, destacando-se entre eles o
“caranguejo-coco, o maior invertebrado do mundo.
Apostados em preservar a biodiversidade animal presente na ilha, rica em
espécies endémicas, as autoridades estabeleceram leis que regulam e limitam a
importação de cães e gatos, a sua circulação e modos de condução nos espaços
públicos e nos parques naturais, estabelecendo pesadas coimas sobre os
proprietários incumpridores. Gatos e cães são obrigados a ser registados no
organismo competente logo aos 3 meses de idade, a circular atrelados e com a
chapa do seu número de registo nas coleiras, medidas que nos parecem acertadas
diante do muito que importa preservar. O consentimento para a importação de
cães carece de um pedido por escrito e da respectiva autorização, que só será
concedida caso os cães se destinem a trabalhar em explorações pecuárias como
auxiliares. Ao invés de um “Natal Branco”, tão ao gosto ocidental, quem desejar
usufruir de um “ paraNatal Vermelho” ainda vai a tempo, faça as malas, leve o guarda-chuva
e parta para a Christmas Island (sem cão).
Sem comentários:
Enviar um comentário