quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O FILHO DA TRANSCENDÊNCIA MORREU SEM DEIXAR DESCENDÊNCIA

Foi abatido no passado dia 5 do corrente mês, por injecção letal e sem deixar descendência, o Híbrido de Chow-Chow/Pastor Alemão “Afonso”, nascido no início do Novo Milénio e que contava com 15 anos e 9 meses de idade, em virtude de já se encontrar extremamente debilitado dos pontos de vista físico e psicológico. Propriedade da Maria Duarte, jovem que cerrou fileiras connosco mais de uma década, o Afonso teve como pai o “Tuly”, um Chow-Chow negro e como mãe a “Kalinka, uma Pastora Alemã preta-afogueada, ambos propriedade da Sr.ª Cristina Maria Bandeira Dias Alberto, nossa colaboradora ao longo de anos e de reconhecidos méritos. O nome do Afonso não se pode dissociar da Acendura Brava e dos seus êxitos, porque sempre se destacou nos festivais e exibições em que participou, honrando a Escola e enaltecendo o trabalho da sua condutora pelas suas performances, valentia, disponibilidade e extraordinária obediência. Foi convidado a participar em três séries televisivas e fez parte do elenco de um filme português. O seu desempenho foi tal, que mal entrava no “Plateau” era acolhido com uma salva de palmas, mesmo antes de actuar. Nunca necessitou de treino prévio para as suas prestações e ganhou a alcunha de “cão-relógio”. Por causa disso, as personagens que representou nunca tiveram outros nomes que não o seu pela admiração e confiança no seu trabalho.
As circunstâncias da sua morte foram assim descritas pela Maria, hoje veterinária, sua dona e condutora de sempre: “Sim, é verdade, a decisão não foi fácil mas estava a chegar a altura em que não fazia sentido manter o velhote com as capacidades cognitivas visivelmente afectadas e diminuídas. Fisicamente também estava a atrofiar, com perda de peso e massa muscular. O sábado foi o primeiro dia em que ele se recusou a sair do canil e estava relutante em andar, já só fazia círculos e mal se mantinha de pé, não tinha força para manter a postura e até olhava para mim com ar triste e aborrecido, tinha perdido a vontade de viver, não era justo eu mantê-lo vivo por puro egoísmo. Enchi-me de coragem e sozinha dei-lhe o descanso merecido, num dia de sol como ele gostava e no meio do sossego, sem se ouvir mais nada a não ser a respiração dos outros cães. Foi no meu colo, com todo o amor possível, que me despedi do Afonso, porque as decisões mais difíceis são as que mais amor precisam, não é?”.
Pequeno mas extremamente competitivo e com uma enorme autonomia funcional, nunca ficou atrás de ninguém, quer fosse comandado verbal ou gestualmente em curtas ou longas distâncias, evidenciando uma cumplicidade pouco vista e uma transcendência operativa ainda mais rara. Para além do seu excepcional potencial biomecânico, gostava do que fazia e era gracioso ao fazê-lo. Quem olhasse para aquele pequeno cão dourado, considerando o seu ar patusco e ao mesmo tempo carinhoso, jamais adivinharia do que era capaz. Certamente não surgirão outros iguais, mas sua longa estadia entre nós irá servir de motivo para os procurar e capacitar, porque sabemos que a fusão de vontades entre homens e cães é possível - o Afonso provou-o! Com ele morre uma época e cresce de imediato a saudade, porque foram tão poucos os que tão bem nos serviram. Como não cultuamos os mortos e celebramos a vida, sempre veremos o Afonso tal qual foi: um grande camarada e amigo que povoará os nossos sonhos ainda por mais algum tempo. Obrigado Afonso, obrigado Cristina e Maria.

sábado, 5 de dezembro de 2015

MENSAGEM DE NATAL

Um dia haveremos de ter um Natal a sério, “para valer”, como dizem os brasileiros. Até lá, formulamos desejos e tentamos apossar-nos o melhor possível do seu espírito, propósito e mensagem, predicados que os desalentados há muito perderam e que os leva a detestar esta época festiva, interpretando-a como uma fantochada, como a maior das hipocrisias, um negócio chorudo ou como uma prerrogativa dos ricos, diante das dificuldades que atravessam e pelo vazio da sua existência, neste mundo que a muitos mantém amarrados e sem esperança à vista, dominados pela doença, pela miséria, pela fome, pela desintegração familiar e pela exclusão social, que aos impedi-los de sonhar, transforma as suas vidas num pérfido e quase perpétuo sofrimento. Contudo, foi também para eles e por causa deles, que o Filho de Deus encarnou e se revelou ao mundo, assumindo a nossa condição e vencendo-o, libertando-nos da lei da morte e alcançando-nos justiça e vida eterna, segundo a Fé que deposita nos nossos corações e que nos leva a tudo suportar pela certeza na vitória final, prédica que não deixa de parecer loucura aos olhos dos que não crêem.
Se por acaso algum de nós encontrasse solução para este mundo, tornaria gratuita a encarnação de Deus, mas como tal jamais será possível, cabe aos cristãos serem arautos do vindouro e valerem já aqui ao seu semelhante, suavizando-lhe a caminhada pela extensão do Amor Divino, militância que Ele mantém para salvação da humanidade. Certamente não mudaremos o mundo mas podemos mudar o que se encontra ao nosso redor, começando pelos que se encontram mais próximos de nós e que connosco se cruzam: família, amigos, adversários, patrões, colegas de trabalho, empregados e demais gente que nos serve ou a quem servimos. O nascimento de Jesus mudou o mundo, contribuiu para o fim da escravatura no Império Romano, tem erigido nações mais justas, vencido preconceitos e congregado diversos povos, colocando todos em igualdade perante Deus.
Neste Natal queremos lançar um repto aos nossos leitores: que ousem levá-lo a quem mais precisa, apesar de termos motivo para o celebrar, transmitindo a todos (crianças e adultos) uma mensagem de esperança e valendo aos mais carenciados, aos fustigados pela doença, aos que se encontram sós, às vítimas do infortúnio e aos desempregados, confortando-os e auxiliando-os para que o Amor de Deus não caia em saco roto e o Natal perca o seu significado, pela nossa ingratidão, comodidade, desleixo e ausência de testemunho. Celebrá-lo é novidade, esperança, paz, transformação, generosidade, fraternidade, perdão e alegria, porque o nosso Salvador já nasceu e a todos ama de igual maneira. Ser tocado pelo Natal ou pelo espírito natalício é massificar a letra das suas canções, trazer um pouco do mundo vindouro para o nosso e transmitir um “sonho” que amanhã será realidade. Mais do que uma festa da família, o Natal deverá ser um abrir de portas universal, uma ocasião para a paz entre os homens ao redor do Filho de Deus, que já nasceu e que nos renova e liberta diariamente.
Em simultâneo, queremos convidar treinadores, figurantes e condutores caninos para a adopção deste mesmo espírito, para que cessem os treinos de ataque nesta ocasião e usem os seus cães para o bem indiscriminado da população, transformando-os em agentes de terapia, companheiros de brincadeira pràs crianças, pretexto para a alegria dos mais velhos e motivo de aproximação entre todos. Melhor seria que o fizessem o ano inteiro, que deixassem os ataques para os cães policiais e militares, enquanto a sua substituição não for possível, o que não deve tardar, como já aconteceu com os cavalos de guerra. Um Santo Natal para todos, que a Paz que o Menino Jesus trouxe ao mundo toque cada um de nós e nos faça emissários do Seu Amor, que o mundo rejeitou e que é nos dado a anunciar.

NO FINAL DAS CONTAS: AMOR E BOM SENSO

Depois de décadas a ensinar donos e cães a alcançarem propósitos comuns pela aquisição de uma nova linguagem que lhes garantisse a comunicação recíproca, diante dos sucessos e insucessos de uns e de outros, compreendi 3 verdades: que os cães não dispensam a liderança humana, que o seu desempenho fica a dever-se aos seus mestres e que o amor, quando alicerçado no bom senso, é o melhor dos veículos para o estabelecimento dos vínculos binomiais, o que de imediato me reavivou Erich Fromm Seligmann, um psicólogo social, psicanalista, sociólogo e filósofo humanista alemão, de origem judia e falecido em 1980, na sua obra em inglês “The Art of Loving”, editada em 1956, quando contrariava a crença comum de ser o amor algo espontâneo ou fácil de ocorrer, adiantando que ele é uma “arte” tal como a vida ao dizer: “se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo modo como agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura, a carpintaria, ou a arte da medicina ou da engenharia", destacando que o amor carece de aprendizagem e se assim é, ensinar verdadeiramente é uma decorrência desse sentimento, quer capacitemos pessoas ou adestremos animais, o que ajuda à compreensão do que Albert Einstein disse um dia: “se tiver que escolher entre o mundo e o amor…Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor conquistará com ele o mundo”, verdade que os cristãos sabem há milénios, quando Cristo, suprema manifestação do Amor de Deus, em prol da humanidade venceu o mundo, ao encarnar, morrer e ressuscitar, libertando-nos da lei da morte e alcançando-nos um lugar eterno, evidência que a razão não comprova e que só a fé objectiva no Filho de Deus revelada nas Escrituras e por mérito d’Ele alcança.
Olhando para os milhares de rostos que ficaram para trás e que comigo se cruzaram, na procura dos melhores condutores caninos que formei, a maioria deles foram mulheres, apesar de alguns homens se terem também evidenciado. Aquilatando do porquê da supremacia do género feminino, descobri que o segredo do seu sucesso reside no modo e rituais que emprega na expressão deste sentimento fulcral, indubitavelmente de maior entrega e por isso mesmo mais tolerante com as transgressões, ainda que nalguns casos e a princípio, o uso acertado da razão e da emoção nem sempre fosse visível, não por causa do seu género mas por desacertos individuais ou peso cultural. Não obstante, a capacidade de aperfilhar o que não é seu, é maior entre as mulheres, sobrando nos homens com igual intensidade a cumplicidade que torna possível a parceria canina. Este particular feminino, que tantos benefícios nos trouxe, viabilizou e transformou em êxito a nossa opção pelo “Método da Precocidade”, dotando os nossos cachorros do amparo que só uma mãe sabe dar.
Nem todas as condutoras tinham na altura filhos mas todas manifestaram um matriarcado profícuo, adoptando os animais por complemento ou substituição, dando-lhes o ânimo necessário para as tarefas, o que hoje me convence que nenhuma escola canina civil se mantém de pé sem um grupo de senhoras no seu cerne, até porque os homens são mais dados à dispersão e a toda a sorte de desafios, quer eles sejam fúteis ou não, tal qual lobos apostados na formação de novas colónias, movidos pela procura do poder que não raramente os cega e vulnerabiliza. Ainda que os homens sejam dados à conquista, jamais serão tão bons governantes quanto as mulheres, porque elas são o sustentáculo da família, da coesão e da harmonia social, excelentes gestoras em pura ascensão, que ocupam agora lugares que lhe estavam vedados por puro preconceito ou tacanhez. Quer se acredite ou não, de um jeito ou de outro, elas sempre governaram o mundo e a sua desconsideração induz à destruição, prova mais que provada pelos fratricídios perpetrados pelos “ortodoxos” do Islão, que mais cedo ou mais tarde, se para tanto houver mundo, cairão às mãos das suas próprias mulheres que não poderão ser para sempre amordaçadas, amarradas e escravizadas, por mais pesadas que sejam as burkas ou inflexíveis que sejam as “Mutawa”.
 Homens, mulheres, novos e velhos precisam de aprender a amar, a olhar para os outros como parte integrante de si próprios e o adestramento deve prestar-se a este propósito, para que os cães não sejam considerados humanos e estes tratados como cães, o que nada aproveitaria tanto a uns como a outros, considerando o particular de cada uma das espécies, já que nenhuma delas se agradaria da inversão de papéis, estranhando uns a promoção e os outros a despromoção. Amar os cães, sentimento indispensável a quem se propõe adestrar e que se julga presente na classe dos mamíferos (há quem diga que nas aves também), não deverá passar pela loucura de transformá-los em pessoas mas pelo respeito da sua individualidade biológica que, para além de exigir carinho e recompensa, exige ao mesmo tempo acções que satisfaçam as suas necessidades naturais e sociais, para que se sintam felizes e não meras marionetas. Só a compreensão e entrada no mundo canino poderá alcançar o bem-estar que os cães reclamam e não dispensam, enquanto seres que não nasceram para estar sós mas que em simultâneo procuram a autonomia e os interesses inerentes ao particular da sua espécie, que não dispensam a supervisão humana (liderança) e cuja liberdade de acção assenta na dependência.
Ensinar sempre será um acto de amor e não uma fastidiosa obrigação, que implicará em paciência, constância e tolerância, qualidades obrigatórias para quem ensina donos e cães, porque se aos cães é exigido esforço, o mesmo é requerido aos seus condutores, enquanto mestres dos seus companheiros e primeiros responsáveis pelo seu sucesso educacional. É curioso reparar e não deixa de ser estranho, que a maioria dos condutores é mais pronta a travar do que a incentivar ou motivar os seus cães, sentindo-se por vezes incomodados quando chamados à atenção para isso, dificuldade que só causará entraves à evolução escolar canina pretendida. Não basta dar uma recompensa a um cão, há que torná-la apetecível para o animal, para que a rotina não usurpe o momento e o prazer da sua distribuição, porque uma coisa é o hábito e outra o ritual. A genuína unidade binomial sempre floresce da fusão de sentimentos entre o condutor e o cão, das motivações encontradas pelo primeiro que possibilitam a resposta pronta e certa do animal, comunicação que pode também obedecer, em raríssimos casos, a modos de entendimento sem a utilização dos canais sensoriais conhecidos.
Só o amor do dono poderá transformar um cão imprestável em útil, um arruaceiro num ordeiro, um inadequado num auxiliar, um fraco em forte e um medroso num valente, desde que o seu líder não perca a esperança, não se deixe vencer pelos reveses, dê tempo ao tempo, se alegre com as pequenas vitórias e use de bom senso para o alcance das metas e objectivos possíveis. Independentemente das dificuldades encontradas, o nosso cão sempre será para nós o melhor do mundo, porque nos pertence e cabe-nos a nós e não aos outros, lutar por ele e com ele na procura da sua salvaguarda e cumplicidade. Alguém disse, não me recordo bem quem foi, que “o amor cobre todas as transgressões”, verdade a que assistimos diariamente nas escolas caninas, quando apesar das contrariedades, os donos mantêm a temperança e não desistem dos seus cães, vindo alguns deles, inesperadamente, a alcançar a excelência binomial. Não raramente, o insucesso no adestramento fica a dever-se aos donos, por falta de empenhamento, inacção, pouca disponibilidade, imaturidade, parca concentração, desapego aos procedimentos, irresponsabilidade, ausência de recapitulação dos trabalhos escolares, falta de humildade, desalento e saturação, menos valias que só amor pelo animal poderá levar de vencida (a menor ou maior permanência nas escolas fica agora a dever-se ao facto de poucos terem dinheiro para veleidades).
O que fará um homem saltar para o meio de uma trovoada porque o seu cão tem medo dela; sair debaixo de chuva e invernia para passeá-lo; embrenhar-se por feiras e multidões para que perca o medo das pessoas; prescindir de bens pessoais para que nada falte ao animal; calcorrear léguas infindas para lhe satisfazer a excursão e musculá-lo; alterar as suas férias para não o deixar ficar para trás; criar novas rotinas para poder estar mais tempo junto dele; treiná-lo para que sobreviva e viva por mais tempo; instar com ele para que aprenda; apostar na sua adequação para que se insira harmoniosamente na sociedade; coabitar com ele e suportar os seus estragos; garantir-lhe o sustento, a assistência médica e saltar da cama quando ele não se sente bem? Somente o amor e jamais a obrigação, porque o primeiro tudo suporta e a segunda induz á saturação. O respeito pela vida animal pode induzir ao bem-estar das espécies silvestres e ameaçadas, mas o cão, enquanto animal doméstico, exige ainda amor, porque o criámos e não podemos agora abandoná-lo à sua sorte. Creio firmemente que a conexão que temos com os cães resulta da nossa própria evolução, surgindo como consequência do seu uso como caçadores ao longo de milénios em prol da nossa sobrevivência, pormenor que leva o nosso cérebro a prestar-lhes atenção.
Para todos os efeitos estamos a falar de um estranho amor matriarcal ou patriarcal, quiçá por os havermos criado segundo o nosso parecer e expectativas, e ao fazê-lo, porque são os únicos amigos que desconhecem que poderíamos ser melhores, aliviamos o nosso quadro de exigências próprias, o que nos faz sentir bem, entusiasmados e perfeitamente à vontade, daí que muitos digam: “quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais”. Se é verdade que os cães não dispensam o amor dos seus donos, apesar de a sua amizade não ser totalmente desinteressada porque continuam predadores, o que os leva a ter interesses próprios, também não dispensam dos seus líderes o bom senso que visa o aproveitamento razoável e acertado do seu potencial biológico. Não é fácil ser em simultâneo companheiro de brincadeiras e líder, e não o é porque os cães sempre tendem a “esticar a corda”, a testar-nos e a experimentar-nos para verem até onde podem ir: têm vontade própria, o que geralmente pode ter como consequência a nulidade duma das personagens: ou ganha-se o amigo e perde-se o líder ou vice-versa, dificuldades só ultrapassáveis pelo equilíbrio entre a emoção e razão, que a bem da complementaridade canina não deverão substituir-se ou usurpar o lugar uma da outra. Perante tais desacertos, cabe ao adestrador a indispensável e penosa missão de alertar os seus condutores para o seu despropósito emocional ou ausência de amor na aplicação de um ou mais conteúdos de ensino, trabalho que exige alguma delicadeza e raro tacto, atendendo ao particular sensível de cada indivíduo.
Depois do que dissemos, não restam dúvidas: o adestramento assenta sobre o amor e o bom senso que subsidiam o salutar equilíbrio ente a emoção e a razão. Apesar do adestramento ser próprio para qualquer idade, são os jovens que obtêm dele maiores benefícios, porque esta actividade irá facilitar-lhes a futura integração no mundo dos adultos sem maiores sobressaltos, ensinando-os a conviver com as suas emoções e a fazerem uso da razão quando for caso disso, o que os tornará acautelados, humildes, persistentes, solidários, ambiciosos, criativos e astutos pelas dificuldades e soluções encontradas. E quando assim é, uma boa escola canina poderá ser uma das melhoras escolas para a vida. Em síntese, o adestramento é um veículo pedagógico alimentado pelo amor e dirigido pelo bom senso.

CURIOSIDADES: A ILHA DO NATAL (AUSTRÁLIA)

A Ilha do Natal, também conhecida como a “Galápagos do Oceano Índico", hoje parte integrante da soberania e território da Austrália, sensivelmente do mesmo tamanho da nossa Ilha das Flores nos Açores, situa-se no Oceano Índico a 2 500 km a nordeste de Perth (Austrália) e a 380 km ao sul de Java (Indonésia).Resultante de erupções basálticas, é uma ilha montanhosa, cujo ponto mais alto é Murray Hill, a 361m acima do nível médio das águas do mar, com um clima seco na maior parte do ano, o que a torna árida até à chegada das monções típicas do índico. Visitada desde tempos remotos por navegantes malaios, passou a constar nas cartas marítimas de holandeses e ingleses no Séc. XVII, vindo somente a ser habitada em 1890, por trabalhadores chineses e malaios, para ali levados por causa da exploração das minas de fosfato. A Ilha dependeu da Colónia Britânica de Singapura até 1 de Outubro de 1958, altura em que passou a fazer parte da Austrália, ainda que só em 1981 os seus habitantes alcançassem a cidadania australiana. A língua oficial é o inglês e a moeda em uso é o dólar australiano. Neste pequeno espaço insular convivem quatro religiões: budismo, islamismo, cristianismo e taoísmo. A sua população actual é constituída por 70% de chineses, 20% de europeus e 10% de malaios. Pensa-se que o seu nome actual ficou a dever-se a William Mynors da East India Ship Company, que ali aportou no Dia de Natal de 1643. A partir de 1991, a administração local tem efectuado investimentos para desenvolver o potencial turístico da ilha, porém sob estritas condições de preservação do meio ambiente e riquíssima fauna (a foto abaixo reporta-se a um Red-footed booby, uma das muitas aves marinhas que ali vivem e nidificam).
Mas o que torna única esta ilha é a migração anual de mais de 100 milhões de caranguejos vermelhos, que migram das florestas para o mar para ali se reproduzirem e desovarem, que geralmente acontece entre os meses de Novembro e Janeiro, dependendo a migração da chuva, já que sem ela não acontece. Nessa ocasião as ruas e estradas da ilha ficam vermelhas de tantos crustáceos, são fechadas ao trânsito e chegam a ser construídas pontes plásticas sobre as vias, para que os caranguejos circulem em segurança. A Ilha do Natal é um verdadeiro paraíso para inúmeras espécies de aves e para 14 espécies de caranguejos, destacando-se entre eles o “caranguejo-coco, o maior invertebrado do mundo.
Apostados em preservar a biodiversidade animal presente na ilha, rica em espécies endémicas, as autoridades estabeleceram leis que regulam e limitam a importação de cães e gatos, a sua circulação e modos de condução nos espaços públicos e nos parques naturais, estabelecendo pesadas coimas sobre os proprietários incumpridores. Gatos e cães são obrigados a ser registados no organismo competente logo aos 3 meses de idade, a circular atrelados e com a chapa do seu número de registo nas coleiras, medidas que nos parecem acertadas diante do muito que importa preservar. O consentimento para a importação de cães carece de um pedido por escrito e da respectiva autorização, que só será concedida caso os cães se destinem a trabalhar em explorações pecuárias como auxiliares. Ao invés de um “Natal Branco”, tão ao gosto ocidental, quem desejar usufruir de um “ paraNatal Vermelho” ainda vai a tempo, faça as malas, leve o guarda-chuva e parta para a Christmas Island (sem cão).

PRESENTE PARA ESPECIALISTAS

Neste Natal os cães farejadores e de assalto, usados maioritariamente na luta antiterrorista, poderão vir a ter uma prenda muito especial: um colete blindado para usarem nas suas missões. A ideia surgiu depois da morte da Pastora Belga “Diesel” da Polícia Francesa e o fabrico deste equipamento coube aos russos, que o elaboraram a partir da “Associação Científica para a Produção de Materiais Especiais de St. Petersburgo (NPO), organismo formado nos dias da União Soviética e que funciona como laboratório especializado em materiais blindados. Segundo Vladimir Khitrykh, um adestrador conceituado, a quem coube a apresentação do protótipo aos jornalistas e fotógrafos presentes, apesar de inicialmente os cães estranharem tal equipamento, depressa se acostumaram a ele quando perceberam, mediante recompensa, que iria fazer parte do seu uniforme. Esta armadura canina, que recebeu o nome de “Nord Body Armour”, é de fácil e rápida aplicação, demorando apenas um minuto. Basicamente consiste em duas protecções: uma para o pescoço e outra para o peito, muito embora possa ser completada com outras duas, também já disponíveis e destinadas a proteger a cabeça e membros dos cães. Estamos perante uma excelente e útil prenda para os cães policiais, que a seu tempo se estenderá também aos cães guarda.
Entretanto, como mostra de solidariedade do Povo Russo com as vítimas do recente atentado terrorista ocorrido em Paris e em cujo rescaldo morreu a cadela “Diesel” do “RAID”, o ministro russo para assuntos internos, Vladimir Kolokoltsez, enviou uma carta ao seu homólogo francês, Bernard Cazeneuve, oferecendo um cachorro como expressão da solidariedade russa com a França e a sua Polícia nestes dias conturbados, para preencher o lugar da falecida cadela em combate contra os terroristas. “Dobrynya”, tal é o nome do cachorro, vem dum herói russo que personifica força, bondade, coragem e abnegação, que foi tio e tutor de Vladimir - O Grande (958-1015), mais tarde mistificado no folclore russo como Bogatyr ou guerreiro poderoso.

FELIZ NATAL VIETNAME (Giáng sinh vui vẻ Việt Nam)

Não pretendemos com este artigo substituir o actor Robin Williams no programa fictício “Good Morning Vietnam”, mas desejar aos nossos leitores vietnamitas, cuja esmagadora maioria não celebra o Natal, que a época de paz e concórdia que agora celebramos também lhes seja extensível. De há dois meses para cá temos tido leitores regulares daquelas paragens cujo número não ultrapassa uma dezena semanalmente. Para além dos votos de Festas Felizes, queremos agradecer-lhes o seu interesse pelo nosso trabalho e esperamos continuar a ser objecto da sua consulta. Giáng sinh vui v Vit Nam!

UMA PRENDA PARA ACABAR COM O HOLOCAUSTO CANINO

Neste Natal ofereça livros e filmes sobre cães aos seus filhos e às crianças que lhe são próximas, certo de que irão adorá-los e com isso estará a contribuir para a diminuição dos cinófobos que persistem em ver os cães como lobos malvados, ambos como “papões”, apesar de nem uns nem outros serem tão maus como os pintam. O medo dos cães e dos seus ataques são a primeira causa do seu abate, receio fundamentado na falta de convivência com estes excelentes companheiros, que tudo fazem para nos agradar e quem zelam pela nossa segurança e bem-estar, sendo ao mesmo tempo os parceiros ideais de brincadeira para as crianças que com eles crescem e convivem diariamente. Eu não conheço melhor prenda para um garoto e caso tenham dúvidas dêem-lhe a escolher! Há milhares de cães ávidos de serem adoptados, de diferentes idades, cores e tamanhos, animais que não nasceram para estar sós e que procuram um parceiro que os estime e queira dividir a sua existência com eles, coabitação que contribuirá para uma maior resistência física e equilíbrio psicológico dos infantes e adolescentes. É difícil que o Pai Natal faça descer um cachorrinho pela chaminé, mas é muito fácil ver a gratidão nos olhos duma criança que o recebeu.

O PRESÉPIO DENTRO DO CARRO

Enquanto se brinca no Parlamento aos negócios de bancada, aos intermináveis negócios de bastidores, às moções de censura, à procura dum lugar num ministério ou a um “tacho” europeu, com a nossa soberania há muito comprometida pelos mercados financeiros, o povo desenrasca-se como pode e as novidades relativas à sobrevivência não cessam, ainda que indiferentes a quem desgoverna e invisíveis para quem não vê ou não quer ver. Assim, sem ofensa para os indianos, o Tejo lembra agora o Ganges e a miséria ao seu redor, porque cresce o número dos nossos concidadãos que vive dentro dos automóveis, tendo-os como única e exclusiva habitação, quando estacionados nos locais mais recônditos, quiçá para não serem vexados ou incomodados pela polícia, o que os sujeita ao assalto fácil e a toda a sorte de violências, apesar de pouco terem para roubar. São na sua maioria casais jovens sem filhos, ainda que alguns deles tenham cão, o que de certa maneira diminui a sua vulnerabilidade mas que compromete a sua higiene.
Julgar-se-á à primeira vista estarmos na presença de gente enamorada e de fogosa paixão, porque as janelas das viaturas se encontram tapadas com peças de roupa, nomeadamente com meias e outra roupa interior, que nelas encontram o melhor dos estendais. Contudo, a luz acesa do “plafonier”, as conversas que se ouvem, a ausência de oscilação dos veículos, o seu estacionamento infindo naquele local, a presença eventual de crianças, as saídas rumo aos receptáculos do lixo e a satisfação das necessidades fisiológicas ao ar livre desmentem tal ideia. Cada carro destes lembra um presépio, não uma representação do que sucedeu há dois mil anos, mas a realidade da miséria que até hoje perdura, quer a rotulem de evangélica ou doutra coisa. Não creio que a pobreza extrema seja o caminho para o Céu, apesar de Cristo nada ter de seu, mas compreendo quando disse: “E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” e também porque motivos expulsou os vendilhões do Templo. Até quando continuaremos a sacralizar estes políticos e as suas políticas? Há quem diga que até às portas do Paraíso e há quem deseje a morte diante de tal sorte! Desejar um Bom Natal para gente assim acantonada, aparentemente sem motivos para celebrar, é dizer-lhes que Jesus veio ao mundo também por causa deles, que não os abandonará, que melhores dias virão e ajudá-los quanto possível, que o sofrimento não será eterno e a Redenção já foi alcançada. Entretanto, cabe a cada um de nós despojar os “vendilhões do Templo” da cadeira do poder, lutar pela fraternidade, quando bem entendida como amor ao próximo, contra as injustiças promovidas pela sua omissão.

UMA PERGUNTA RECORRENTE: UM CÃO GRANDE FICARÁ BEM DENTRO DUM APARTAMENTO

A pergunta sempre volta à tona no Natal, a melhor das ocasiões para se vender cães: “um cão grande ficará bem dentro dum apartamento?” Só não ficará se o seu tamanho vier a obstar à livre circulação e demais actividades dos seus donos, ao ponto de se tornar um estorvo ou obstáculo, transtorno possível quando se intenta colocar um cão de raça gigante dentro de um apartamento de reduzidas dimensões. Mais do que no tamanho, importa considerar a raça do cão, as suas características e a função para que foi criado, porque há pequenos cães que fazem grandes disparates dentro de casa e cães grandes que se comportam exemplarmente, independentemente de terem sido treinados ou não para esse efeito. È sabido que os beagles ladram demais (os vizinhos que o digam) e que a maioria dos cães de caça acaba por encontrar “presas” nos mais variados adornos e utensílios de casa. Diante disto sempre será melhor adquirir um cão de características territoriais do que um caçador, porque o primeiro virá a considerar a casa como seu território e sentir-se-á lá bem, enquanto um excursionista não verá a hora de “sair porta fora”, permanecendo inquieto na ausência dos donos e podendo descontar a sua frustração no património familiar ao seu alcance, o que infelizmente não é raro suceder.
À parte disto e com alguma garantia, existem raças que foram desenvolvidas unicamente parar serem cães de companhia. Quer um cão seja grande ou pequeno, nenhum deles irá dispensar a sua caminhada diária ao exterior, em prol da sua saúde, bem-estar e necessidade social, caminhada que deverá ter uma légua de extensão ou ser substituída por 60 minutos ao ar livre. Como criámos e seleccionámos o cão para viver ao nosso lado, surripiámos-lhe instintos, roubámos-lhe a autonomia e tornámo-lo dependente, incapaz inclusive de se auto-sustentar, é natural que não goste de estar só, apesar de atavicamente ainda ser um predador. Qualquer cão sempre estará melhor junto de nós que enclausurado num canil ou desterrado numa quinta, porque é um ser social e por substituição terá necessidade de adoptar-nos como membros do seu grupo. Não há problema nenhum em levar um cão grande para dentro de casa, desde que lá caiba, a menos que não o queiramos passear ou não tenhamos tempo para o levar à rua, exigência de que um cão pequeno também não abdicará.

UMA MATRIARCA DANADA NO SAPATINHO

Antigamente dizia-se para as crianças porem os seus sapatinhos junto à chaminé na noite de Natal, que o Menino Jesus iria lá colocar as suas prendas. Hoje tal tarefa cabe ao Pai Natal e nunca houve tantos por todo o lado, apesar da Lapónia ficar lá para o cabo do mundo. E como uma novidade traz a outra, agora também já celebramos o Halloween, o que nos cai bem na fotografia atendendo à nossa parcial herança celta. Neste Natal o proprietário de dois Pastores Alemães negros não irá ter descanso, porque a cadela adulta que já tinha, continua a morder num cachorro que tem agora 6 meses de idade, violenta e insistentemente, ao ponto do cachorro tremer só de a pressentir e urinar-se quando a vê. O homem teme e com razão, que o cachorro fique acobardado para sempre, o que nada lhe convinha, atendendo que o quer para guarda e eventualmente como futuro reprodutor. As arremetidas da cadela e as suas consequências impedem que ambos possam estar soltos em simultâneo. Alarmado com o facto, o dono pede-nos agora conselho, apesar de já lhe terem dito que o problema resolver-se-á naturalmente com o crescimento do cachorro, vaticínio que ninguém pode garantir.
Segundo a nossa experiência e entendimento, foi um erro ter juntado a cadela residente com o cachorro recém-chegado, na altura com 2 meses de idade, porque a fêmea adulta, acostumada a guardar a quinta com um velho macho já desaparecido, tomou o seu lugar e entendeu o infante como um intruso ou invasor, movida pela forçada promoção e pelo impulso herdado à defesa. Se continuarem ambos soltos e em simultâneo, atendendo que os cães aprendem pela experiência, aquele macho poderá acabar esfrangalhado e logo impróprio para o serviço que dele se espera, para além poder inibir-se sexualmente e para sempre, porque já colhe os amargos frutos da aversão da cadela e mais colherá quando esta se encontrar na primeira semana do cio, motivos mais que suficientes para que se mantenha irremediavelmente afastado dela.
O que há a fazer é soltá-los alternadamente, ora um ora outro e proceder à recuperação do cachorro enquanto é tempo, para que não fique submetido hierarquicamente à cadela, venha a evidenciar o seu potencial e futuramente consiga submetê-la. Para facilitar a recuperação do infante, agora traumatizado, convém que seja reabilitado no seu próprio terreno e não noutro, para que o considere seu e o sentimento territorial venha em sua ajuda. Deverá ser convidado para exercícios que promovam a sua confiança, autonomia e robustez, alvo de repetidas recompensas e induzido a ladrar, a defender-se e a atacar, tarefas obrigatórias para que saia vencedor nas futuras contendas, que serão breves, pouco intensas e de reduzida consequência, atendendo à surpresa da cadela e ao dimorfismo sexual presente na raça. Assim solucionamos estes casos e não deixámos nenhum por resolver.

ELE QUERIA, TODOS QUERIAM MAS A CADELA NÃO!

Nada do que desejamos de um cão deverá atentar contra o seu bem-estar social ou induzir à sua despromoção, a menos que as suas características individuais obstem ao seu controlo e ponham gratuitamente em risco a integridade dos seus donos ou de terceiros, sejam estes pessoas ou animais, anomalia por vezes presente nos cães de carácter dominante, hoje raríssimos e ainda procurados, apesar do aproveitamento ou adaptação das suas mais-valias não ser fácil e não estar ao alcance de qualquer um. Exceptuando este caso extremo, todos os cães, caso se consiga, deverão ser socialmente promovidos para o lugar imediatamente acima ou conservar o seu status de acordo com o perfil psicológico que o sustenta pela investidura que o treino oferece.
Determinado cavalheiro, bem casado e com vários filhos, todos menores, com pouca ou nenhuma experiência em cães, decidiu comprar uma cachorra Pastora Alemã como mascote prà família. O animal tem agora 5 meses e o dono confiou-nos a supervisão do seu ensino. Quando inquirido sobre as suas expectativas relativas ao treino, disse: “Eu quero que a cadela obedeça a todos de igual modo lá em casa, o que não acontece agora, pois só atenta para mim. Receio que um dia possa causar dano a algum dos meus filhos mais novos ou apanhar-lhes aversão”. Compreende-se a preocupação do pai mas estranha-se o seu desejo, porque ao satisfazê-lo lançaríamos a cachorra numa tremenda confusão, já que naturalmente resistiria a ser um “pau mandado”: a aceitar todos lá em casa como líderes.
Dificilmente se conseguirá treinar um cão assim, encontrar um com tamanha humildade que rase humilhação, que haja nascido tão submisso ao ponto de vir a comportar-se como um robot, como se fosse máquina e isento de vontades e afectos. Cães mais velhos e experimentados conseguem fazê-lo, ainda que sem entusiasmo e contrariados, satisfazendo as vontades alheias para não serem incomodados, para serem objecto de recompensa ou para agradarem aos seus donos. A inserção de um cão numa família humana é facilitada pelo instinto gregário canino (há quem lhe chame sentimento) que o leva a viver em grupo e a entender os humanos ao seu redor como membros da sua matilha. Caso estivesse nela e ocupasse o último lugar da escala social, certamente seria infeliz e a todos temeria, porque a sua vontade jamais seria respeitada (seria o último a comer, comeria as sobras quando as houvesse, impedi-lo-iam de copular ou abusariam sexualmente dele e viveria debaixo de constante intimidação), lugar geralmente destinado aos cães inibidos e de menor préstimo, tanto para si quanto para os outros, geralmente ocupado por uma fêmea. Ora, uma investidura destas é no mínimo ambígua para quem diz gostar de cães e por isso mesmo abominamos a castração, medida higienista agora em voga que mais apateta os animais do que os aproveita.
Diante deste cenário, melhor seria àquele pai ter adquirido um rafeiro (há tantos à espera de serem adoptados), animais geralmente mais dóceis, comunitários e que normalmente são entregues já castrados, não uma cadela territorial e de linha laboral, como é o caso da sua cachorra pastora alemã: activa, explosiva, curiosa e dada a tropelias típicas da sua idade e peso genético. Porém, nada está perdido e ele verá satisfeitos os seus desejos, porque o animal irá prestar-se a isso, não do modo que ele pensa mas de acordo com o seu particular racial e propósito existencial, uma vez que a cachorra nasceu para cuidar dos seus, muito embora não dispense o treino para nisso se aprimorar e para não entrar em excesso de zelo ou noutros exageros, o que não irá dispensar o ensino do dono enquanto líder da matilha, zelador da sua harmonia e escalonamento social.
E se assim acontecer, pode o nosso homem dormir descansado, porque a Pastora Alemã com auxílio da coabitação, da aquisição de rotinas adequadas, do treino e da idade considerará todos os membros da sua família como seus, dispensando maior cuidado aos mais frágeis e agindo com eles cautelosamente como sempre temos testemunhado, prestando-se à sua salvaguarda e impedindo inclusive que corram riscos desnecessários, movida pelo instinto maternal e pelo impulso herdado à defesa: pastoreando-os literalmente!

QUAL DELES SERÁ O INDICADO (3)?

Um jovem apaixonado por Pastores Alemães negros, proprietário de um macho padronizado e muito chamativo, deseja beneficiá-lo para poder ficar com um filho dele da mesma cor. Na vizinhança, porque o cão chama à atenção pelo seu porte e beleza, quatro proprietários de cadelas disponibilizaram-nas para o efeito, sendo uma delas preta-afogueada homozigótica, outra bicolor com 5/8 de lobeiro na construção, a terceira lobeira recessiva em negro mas com apenas 2/8 na variedade e finalmente uma cinzenta unicolor (uniforme). Qual das cadelas melhor garantirá o aparecimento de cachorros negros? Para a semana adiantaremos qual a escolha certa e porquê, equacionando para os nossos leitores um novo caso.

RESPOSTA PARA O PROBLEMA DA EDIÇÃO ANTERIOR (2)

A resposta certa para o problema da edição anterior é: “um cão de linha estética, mais leve de osso, todo padronizado e muito angulado dos quartos traseiros”, porque importa contrariar a inversão da linha dorsal e torná-la convexa. Cruzar a cadela com um cão gigante mais agravaria o problema, porque os cães mais altos são por norma pouco angulados e dados ao selamento do dorso, pelo que o primeiro caso não deva ser considerado. Também a opção pelo cão negro de linha laboral deverá ser descartada, porque os cães negros são originalmente menos angulados que os demais e apresentam linhas horizontais paralelas ao solo, só se apresentando diferentes quando produto da intrusão de cães da actual linha estética. O caso do lobeiro convexo de dorso, bem angulado mas com o peito estreito e mãos divergentes é de todo desprezível, porque a variedade da cadela (preto-afogueada) é dominante e o desaprumo dos anteriores do lobeiro mais agravaria o problema, porque prevaleceria a construção dorsal da fêmea e a divergência de mãos do macho, legando à sua prole cães atípicos e selados.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ PACHÓN NAVARRO: UNIR EL PASADO AL PRESENTE, editado em 01/07/2015
3º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
4º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
5º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 15/06/2011
6º _ O SONHO DO LUPINO PORTUGUÊS E O PERRO LOBO MALLORCAN, editado em 18/08/2015
7º _ CÃO QUE VAI À GUERRA DÁ, LEVA E…TRAZ!, editado em 22/11/2015
8º _ SERÁ O BOERBOEL UMA BESTA APOCALÍPTICA?, editado em 02/05/2015
9º _ OLHO DE VIDRO E CARA DE MAU: O CATAHOULA LEOPARD DOG, editado em 07/01/2015
10º _ OUVIR A CHARANGA E NÃO IR DE CHAROLA, editado em 01/07/2011

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país obedeceu à seguinte preferência:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Rússia, 5º Alemanha, 6º Espanha, 7º França, 8º Ucrânia, 9º Itália e 10º Angola.