sábado, 28 de junho de 2014

PACIÊNCIA QUE A MORTE É CERTA E NINGUÉM TEM PRESSA!

De um momento para o outro, apanhando muita gente desprevenida, o número de idosos cresceu nas classes de adestramento, graças ao cuidados médicos que se estenderam a toda a população, sendo comum ver septuagenários e até octogenários em diferentes classes e disciplinas. Lamentavelmente, grande número deles “será sol de pouca dura”, e muito poucos levarão de vencida as propostas cinotécnicas mais simples. Esse insucesso deve mais ao despreparo das escolas do que propriamente aos idosos, uma vez que não se encontravam preparadas para trabalhar com a 3ª idade, agravando mais os seus problemas do que suavizando a sua caminhada, como se não tivessem ali lugar e o adestramento não fosse para eles uma mais-valia global, uma resposta positiva para os seus problemas físicos, psicológicos e sociais.
É evidente que o seu desempenho não será igual ao de outras classes etárias, mas é totalmente errado recambiá-los para outras à parte, ostracização que só agravaria os seus problemas e nada ajudaria prá sua inserção social. Limitados e diminuídos fisicamente pelas alterações corporais de que foram alvo, os “condutores seniores” apresentam menor mobilidade e funcionam mais lentamente, podendo necessitar da ajuda terceiros, o que de imediato deverá mobilizar as classes para o seu auxílio e libertá-los dos comuns índices atléticos requeridos. Do ponto de vista psicológico, com implicações cognitivas sérias, os condutores caninos mais idosos, porque apresentam dificuldades em planear o futuro, demonstram pouca motivação, entram facilmente em confusão mental, tornam-se ansiosos diante de contratempos, dificilmente se adaptam a mudanças repentinas e não necessitam de grandes motivos para entrar em depressão, acabando por sofrer alterações de comportamento ligadas ou não à senilidade, obrigam-nos à paciência redobrada e ao seu constante encorajamento.
Mais do que o reparo técnico à sua prestação, importa aumentar-lhes a auto-estima, ensinar-lhes a encontrar as vantagens da idade e levá-los a aceitar com coragem essa fase das suas vidas, criando à sua volta um ambiente familiar que os faça sentir aceites e desejados, companheiros de jornada e gente para nós importante, dever que esquecemos no dia em que começamos a despachar os avós para os “lares”. Adestramento é também fraternidade e só ela poderá transformar uma escola numa família. Sejam bem-vindos todos os condutores seniores, ainda temos lugar para eles!

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