De um momento para o outro, apanhando muita gente
desprevenida, o número de idosos cresceu nas classes de adestramento, graças ao
cuidados médicos que se estenderam a toda a população, sendo comum ver
septuagenários e até octogenários em diferentes classes e disciplinas.
Lamentavelmente, grande número deles “será sol de pouca dura”, e muito poucos levarão
de vencida as propostas cinotécnicas mais simples. Esse insucesso deve mais ao
despreparo das escolas do que propriamente aos idosos, uma vez que não se
encontravam preparadas para trabalhar com a 3ª idade, agravando mais os seus problemas
do que suavizando a sua caminhada, como se não tivessem ali lugar e o
adestramento não fosse para eles uma mais-valia global, uma resposta positiva
para os seus problemas físicos, psicológicos e sociais.
É
evidente que o seu desempenho não será igual ao de outras classes etárias, mas
é totalmente errado recambiá-los para outras à parte, ostracização que só
agravaria os seus problemas e nada ajudaria prá sua inserção social. Limitados
e diminuídos fisicamente pelas alterações corporais de que foram alvo, os
“condutores seniores” apresentam menor mobilidade e funcionam mais lentamente,
podendo necessitar da ajuda terceiros, o que de imediato deverá mobilizar as
classes para o seu auxílio e libertá-los dos comuns índices atléticos
requeridos. Do ponto de vista psicológico, com implicações cognitivas sérias, os
condutores caninos mais idosos, porque apresentam dificuldades em planear o
futuro, demonstram pouca motivação, entram facilmente em confusão mental,
tornam-se ansiosos diante de contratempos, dificilmente se adaptam a mudanças
repentinas e não necessitam de grandes motivos para entrar em depressão,
acabando por sofrer alterações de comportamento ligadas ou não à senilidade,
obrigam-nos à paciência redobrada e ao seu constante encorajamento.
Mais do
que o reparo técnico à sua prestação, importa aumentar-lhes a auto-estima,
ensinar-lhes a encontrar as vantagens da idade e levá-los a aceitar com coragem
essa fase das suas vidas, criando à sua volta um ambiente familiar que os faça
sentir aceites e desejados, companheiros de jornada e gente para nós
importante, dever que esquecemos no dia em que começamos a despachar os avós
para os “lares”. Adestramento é também fraternidade e só ela poderá transformar
uma escola numa família. Sejam bem-vindos todos os condutores seniores, ainda
temos lugar para eles!
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