Certo canicultor,
estreante na função, metido a esperto e com pouco conhecimento, experimentado
noutros animais e com a lábia de quem tem uma porta aberta, foi obsequiado com
uma ninhada de cachorros, sendo três deles machos. Desejando ficar com um casal
para si, preferencialmente o melhor e o mais apto para guarda, não sabendo como
o escolher, pediu-nos que o fizéssemos, pedido que de imediato viu satisfeito.
Depois de havermos escolhido a fêmea, tarefa facilitada pela sua qualidade, escolhemos
o macho indicado para a tarefa procurada.
Dos dois que sobejaram, destinados para venda,
havia um que nos interessava vivamente, não por ser rijo, mais apto ou bonito,
muito pelo contrário, mas porque evidenciava características peculiares e
únicas para a perpétuação de determinados factores cromáticos da sua variedade
(recessiva). Passados alguns dias visitámos de novo a ninhada no intuito de o
comprar. Para surpresa nossa ele já se encontrava vendido, isto segundo o que o
criador nos disse. Necessitados de um macho, não nos restou outra alternativa
do que adquirir o único que se encontrava disponível, por sinal o mais pequeno
e o menos activo e confiante.
Dois
meses depois, numa conversa descontraída com o criador, quando o inquirimos
acerca dos cachorros que havíamos escolhido para ele, diz-nos: “a cachorra é um
espectáculo, o cachoro é que não vale um traque”. Espantados com tal sentença,
perguntámos-lhe se sempre havia ficado com aquele que tínhamos escolhido. Mais
espantados ficámos quando nos disse que não e que havia ficado com aquele que
nós queríamos. Azar o dele, temos pena. Isto de ser desconfiado tem destas
coisas!
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