terça-feira, 1 de outubro de 2013

O CRIADOR DESCONFIADO

Certo canicultor, estreante na função, metido a esperto e com pouco conhecimento, experimentado noutros animais e com a lábia de quem tem uma porta aberta, foi obsequiado com uma ninhada de cachorros, sendo três deles machos. Desejando ficar com um casal para si, preferencialmente o melhor e o mais apto para guarda, não sabendo como o escolher, pediu-nos que o fizéssemos, pedido que de imediato viu satisfeito. Depois de havermos escolhido a fêmea, tarefa facilitada pela sua qualidade, escolhemos o macho indicado para a tarefa procurada.
Dos dois que sobejaram, destinados para venda, havia um que nos interessava vivamente, não por ser rijo, mais apto ou bonito, muito pelo contrário, mas porque evidenciava características peculiares e únicas para a perpétuação de determinados factores cromáticos da sua variedade (recessiva). Passados alguns dias visitámos de novo a ninhada no intuito de o comprar. Para surpresa nossa ele já se encontrava vendido, isto segundo o que o criador nos disse. Necessitados de um macho, não nos restou outra alternativa do que adquirir o único que se encontrava disponível, por sinal o mais pequeno e o menos activo e confiante.
Dois meses depois, numa conversa descontraída com o criador, quando o inquirimos acerca dos cachorros que havíamos escolhido para ele, diz-nos: “a cachorra é um espectáculo, o cachoro é que não vale um traque”. Espantados com tal sentença, perguntámos-lhe se sempre havia ficado com aquele que tínhamos escolhido. Mais espantados ficámos quando nos disse que não e que havia ficado com aquele que nós queríamos. Azar o dele, temos pena. Isto de ser desconfiado tem destas coisas!

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