Um cão de guarda mede-se pela presença dissuasora,
pela qualidade do policiamento e pelo êxito na captura, desde que se mostre
quando necessário, ronde o perímetro confiado, detecte a presença de intrusos e
alcance a sua imobilização. A presença disuasora exige um cão potente, veloz e
bem apetrechado de mandíbula. O policiamento não dispensa o preparo físico e a
capacitação para esse efeito. O êxito na captura sempre dependerá da celeridade
na detecção que possilibilitará uma imobilização de surpresa, requisitos que
não dispensam uma excelente máquina sensorial.
Como a guarda desportiva é apenas um simulacro das
acções requeridas e encontradas por um cão guardião, discriminaremos
seguidamente as características físicas e psicológicas, assim como o treino
específico inerente a um bom cão de guarda, sabedores que mais vale aproveitar
o potencial dos indivíduos do que optar por transformá-los. Por outro lado, importa
desmentir a falsa idéia de que ao cão guardião mais vale morder do que obedecer
e que a obediência por ser excessiva só o estraga. No nosso simples modo de
apreciar, porque o cão irá trabalhar sozinho, o condicionamento terá que ser
maior do que o sugerido noutras disciplinas cinotécnicas.
Características
físicas e psicológicas. Peso entre os 32 e os 45 kg, altura entre os 58 e 70 cm,
potente força de mordedura, dotado de excelente máquina sensorial, rectangular,
bem aprumado, de ossatura forte, musculado, atlético e resistente, de média
angulação de traseira e com pés de acordo com o piso a rondar (de gato para os
pisos soltos e de lebre para os mais duros). A pelagem deverá facilitar a sua
ocultação e encontrar-se de acordo com as temperaturas mensuráveis no local.
Deve deslocar-se de cabeça levantada, possuir eixos longitudinais crânio-facais
divergentes e não ter o focinho demasiado curto. Nas propriedades maiores
exige-se um trotador e nas mais pequenas um galopador. Deverá ser célere nas
transições dos andamentos naturais, ter em descanso entre 60 a 80 pulsações por
minuto e uma velocidade instantânea nunca inferior aos 36 km/h.
Psicologicamente falando, deve pertencer ao grupo
dos dominantes (preferencialmente ao dos muito-dominantes), ser resistente à
dor, curioso, seguro, atento, observador e activo, com fortes impulsos ao
movimento, à luta e ao poder, de propensão independente, combativo e com forte
instinto de presa. Indiferente aos fenómenos naturais e com tendência para se
emboscar, desinteressado por animais domésticos e pouco ou nada dado a
subornos. Zeloso do seu líder e território, excursionista por natureza,
ameaçador e tendencialmente noctívago.
Treino específico. Todo o treino deverá
pressupor o aproveitamento da sua autonomia, que deverá ser regrada pela globalidade
do currículo de obediência, para que a prontidão dos seus ataques resulte igual
à sua cessação, equilibrando-se assim os automatismos de travamento com os
direccionais e indutores. È obrigatório que recuse engodos de qualquer espécie
e aprenda a rastejar. Deverá ser familiarizado com o fogo, treinado debaixo de
intempéries e testado nas diferentes amplitudes térmicas, tanto de dia como de
noite. É indispensável que atinja aproveitamento na contra-ordem, aprenda a
evadir-se e a resgatar os seus. Os seus ataques deverão acontecer debaixo de
tiro real e exactamente nos momentos de captura. Deverá aprender a desarmar o
atirador e a evoluir desenfiado. Os ataques lançados deverão evoluir dos 30
para os 100m e a sua cessação acontecer com o dono na rectaguarda e à
distância. Deseja-se que venha a ser capacitado nos ataques a vários golpes e
que não cesse diante de alvos imóveis. Deverá aprender a rondar e a ocultar-se
quando necessário, a afastar-se dos portões para ficar fora do raio de acção
dos sprays e estar preparado para o contra-ataque.
É difícil
ter e fazer um bom cão de guarda, os verdadeiros guardiões devem à genética 60%
do seu potencial e apenas 2% dos cães, tanto os indicados como os aproveitados,
virão a sê-lo de facto. Sobra a presença ostensiva e o seu poder disuasor, o
que na maioria dos casos nos basta, considerando o tipo de larápios que temos e
a frequência dos seus actos.
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