quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CÃO DE GUARDA: DISSUASÃO, POLICIAMENTO E CAPTURA

Um cão de guarda mede-se pela presença dissuasora, pela qualidade do policiamento e pelo êxito na captura, desde que se mostre quando necessário, ronde o perímetro confiado, detecte a presença de intrusos e alcance a sua imobilização. A presença disuasora exige um cão potente, veloz e bem apetrechado de mandíbula. O policiamento não dispensa o preparo físico e a capacitação para esse efeito. O êxito na captura sempre dependerá da celeridade na detecção que possilibilitará uma imobilização de surpresa, requisitos que não dispensam uma excelente máquina sensorial.
Como a guarda desportiva é apenas um simulacro das acções requeridas e encontradas por um cão guardião, discriminaremos seguidamente as características físicas e psicológicas, assim como o treino específico inerente a um bom cão de guarda, sabedores que mais vale aproveitar o potencial dos indivíduos do que optar por transformá-los. Por outro lado, importa desmentir a falsa idéia de que ao cão guardião mais vale morder do que obedecer e que a obediência por ser excessiva só o estraga. No nosso simples modo de apreciar, porque o cão irá trabalhar sozinho, o condicionamento terá que ser maior do que o sugerido noutras disciplinas cinotécnicas.
Características físicas e psicológicas. Peso entre os 32 e os 45 kg, altura entre os 58 e 70 cm, potente força de mordedura, dotado de excelente máquina sensorial, rectangular, bem aprumado, de ossatura forte, musculado, atlético e resistente, de média angulação de traseira e com pés de acordo com o piso a rondar (de gato para os pisos soltos e de lebre para os mais duros). A pelagem deverá facilitar a sua ocultação e encontrar-se de acordo com as temperaturas mensuráveis no local. Deve deslocar-se de cabeça levantada, possuir eixos longitudinais crânio-facais divergentes e não ter o focinho demasiado curto. Nas propriedades maiores exige-se um trotador e nas mais pequenas um galopador. Deverá ser célere nas transições dos andamentos naturais, ter em descanso entre 60 a 80 pulsações por minuto e uma velocidade instantânea nunca inferior aos 36 km/h.
Psicologicamente falando, deve pertencer ao grupo dos dominantes (preferencialmente ao dos muito-dominantes), ser resistente à dor, curioso, seguro, atento, observador e activo, com fortes impulsos ao movimento, à luta e ao poder, de propensão independente, combativo e com forte instinto de presa. Indiferente aos fenómenos naturais e com tendência para se emboscar, desinteressado por animais domésticos e pouco ou nada dado a subornos. Zeloso do seu líder e território, excursionista por natureza, ameaçador e tendencialmente noctívago.
Treino específico. Todo o treino deverá pressupor o aproveitamento da sua autonomia, que deverá ser regrada pela globalidade do currículo de obediência, para que a prontidão dos seus ataques resulte igual à sua cessação, equilibrando-se assim os automatismos de travamento com os direccionais e indutores. È obrigatório que recuse engodos de qualquer espécie e aprenda a rastejar. Deverá ser familiarizado com o fogo, treinado debaixo de intempéries e testado nas diferentes amplitudes térmicas, tanto de dia como de noite. É indispensável que atinja aproveitamento na contra-ordem, aprenda a evadir-se e a resgatar os seus. Os seus ataques deverão acontecer debaixo de tiro real e exactamente nos momentos de captura. Deverá aprender a desarmar o atirador e a evoluir desenfiado. Os ataques lançados deverão evoluir dos 30 para os 100m e a sua cessação acontecer com o dono na rectaguarda e à distância. Deseja-se que venha a ser capacitado nos ataques a vários golpes e que não cesse diante de alvos imóveis. Deverá aprender a rondar e a ocultar-se quando necessário, a afastar-se dos portões para ficar fora do raio de acção dos sprays e estar preparado para o contra-ataque.
 
É difícil ter e fazer um bom cão de guarda, os verdadeiros guardiões devem à genética 60% do seu potencial e apenas 2% dos cães, tanto os indicados como os aproveitados, virão a sê-lo de facto. Sobra a presença ostensiva e o seu poder disuasor, o que na maioria dos casos nos basta, considerando o tipo de larápios que temos e a frequência dos seus actos.

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