Apesar de
alguns dizerem que sim e o terem escrito, nenhum desporto canino contempla a
globalidade dos cães, lacuna advinda do particular e especificidade presente em
cada uma das raças. Um cão de mãos divergentes pode ser o ideal para ir às
tocas, mas jamais será próprio para a transposição de obstáculos, porque necessita de parar para
fazer a chamada e as suas mãos, mercê do deficiente assentamento ortopédico,
não lhe possibilitam um salto convexo, centrado e instantâneo. Nas comuns
barreiras verticais, o problema é pouco visível, muito embora se assista à
delonga do “pára, arranca”, quando dispostas em sequência. É na transposição de
obstáculos tipo alvo que a dificuldade se torna mais evidente (pórtico latino,
pneu, bóia, tambor, arco e arco do fogo), porque estes animais côncavos
dificilmente os ultrapassarão e quando o intentarem, correrão sérios riscos de
lesão, pelo que deverão ser dispensados deste tipo de obstáculos.
Os cães
pernaltos, devido ao peito inadequadamente estreito, podem apresentar o mesmo
tipo de aprumos dianteiros e igual dificuldade, já que grande nem sempre é
sinónimo de versátil. O peito estreito, o abatimento de metacarpos e as mãos
divergentes, quando associados, são um legado genético indutor a várias menos
valias físicas. Antes de comprar um cachorro, repare nos aprumos dos seus
progenitores, para diminuir os riscos de adquirir um animal menos válido.
Qualquer um dos defeitos morfológicos apontados, pode ser suavizado e nalguns
casos ultrapassado, se aproveitarmos a fase plástica dos cachorros e os
convidarmos para a prática de aparelhos e exercícios correctores. Se outra
razão não houvesse para justificar o treino aos 4 meses de idade, por certo
esta nos bastaria. Mas como nem sempre isso é possível, proteja os cães que
apresentam divergência de mãos, livrando-os dos obstáculos que os podem
comprometer.
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