Talvez os
nossos leitores não se lembrem disso, muito embora não seja difícil de
imaginar, mas é no mundo do espectáculo que o verbo falsear atinge a sua máxima
expressão, porque a representação assim o exige e os dramas são fictícios. Por
causa disso e pelo particular dos meios técnicos, ao se apontar uma faca à
garganta duma personagem, é necessário inclinar esse objecto de forma a
torná-lo visível pelas câmaras, porque se o fizermos com toda a realidade, a
faca surge como um pequeno risco, não gera suspense e lá vai a cena para o
beleléu. Mas o pior que pode suceder a um actor, é perder a sua própria
identidade e substituí-la por uma ou duas personagens que representou. A ficção
tem destas coisas e a mísera realidade sempre acabará por lhe bater à porta. No
mundo do adestramento, também ele dominado pelo show, as coisas não são muito
diferentes, porque se privilegia o espectáculo em detrimento da realidade. Há
por aí quem treine as figuras de “revista” e “escolta” com o cão no meio das
pernas do infractor ou agressor, uma pobre cobaia que ricamente interpreta o seu
papel, tal qual “palhaço pobre” a apanhar sopapos. Na realidade, as coisas
passar-se-iam de outra forma, o cão acabaria eliminado e o seu dono
provavelmente em fuga. Por um lado, ainda bem que assim é, porque não há lugar
a vítimas e tudo acaba bem. No nosso ver, e por vezes já sentimos que a vista
nos falta, o cão deverá funcionar como escudo e primeira barreira, estar entre
nós e o agressor, independentemente deste se deslocar ao nosso lado ou à nossa
frente. Não estará na altura de alterar o guião? A bilheteira está farta de
dizer que sim!
quinta-feira, 19 de julho de 2012
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