terça-feira, 24 de julho de 2012

ONDE MENOS SE ESPERA, HÁ UM PINSCHER QUE ESPERA POR SI


Parece não haver dúvida: o mundo do adestramento está cheio de preconceitos. Nos países meridionais da Europa, por vezes mais preconceituosos que os demais, quiçá pela diferença social ser mais gritante, os preconceitos esfumam-se agora diante da actual crise pelo espectro da sobrevivência e ficam a aguardar por melhores dias. Antigamente ia-se até ao Brasil e agora são muitos os brasileiros que nos visitam, ainda que alguns os atendam com um nó na garganta. Tempos houve em que se consideravam os cães pequenos como “EPês” (cães de encher o pé), canitos sem interesse para os adestradores e por isso mesmo desprezados, entendidos como chinchilas e muitas vezes identificados como “LCs”, sigla que o decoro não nos permite desvendar. Com as contas feitas à vida, porque um cão de 35kg come em média um saco de ração que custa entre 52 e 75€ (estamos a falar de rações de qualidade), os cães de raça abaixo dos 15kg viraram moda, ainda que obrigados a preço de saldo, caso contrário, os canis municipais têm demasiados cãezinhos atractivos à espera de quem os queira resgatar, rafeiros muito engraçados e por vezes mais bonitos e saudáveis do que os ditos de pura casta, fáceis de “arrumar” em qualquer apartamento e pouco dispendiosos.
Como consequência disso, as matilhas escolares tornaram-se mais heterogeneas e nunca se viu tanto cão toy a deambular entre molossos de 40 e tantos quilos ou bassetóides a alinhar por lupinos. A “era da pequenada”, depois de algum desconforto inicial, tem-se revelado uma alegre surpresa, porque indo prá além das expectativas, tem revelado uma aptidão e uma capacidade de adaptação nunca vistas, concorrendo para isso o trabalho desenvolvido pelos pinschers, teckels, dachshunds, cockers e tantos outros, para já não se falar dos seus híbridos ou mestiços. Nas zonas interiores, onde ainda sobrevivem muitos podengos, e entre eles alguns anões, o mesteño de podengo tem vindo a engrossar significativamente as classes de adestramento, comportando-se como um verdadeiro mustang. Contudo, na cabeça da lista dos “Top 10” encontra-se o pinscher, um pequeno valente muito disponível, que aprende com facilidade e “vai a todas”, que nos lembra outro cão bem maior (somente na morfologia e cor), que poucas ou nenhumas saudades nos deixou, porque quase sempre gorou as nossas expectativas e por isso mesmo caiu em desuso

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