O que a maioria dos cães domésticos
mais depressa desaprende é a saltar e isso acontece logo desde tenra idade,
quando os proibem de saltar para os donos e os obrigam, mediante a trela, a uma
cadência de passo curto. Apesar do recurso ao salto ser instintivo nos cães e
contribuir para a sua sobrevivência (defesa, ataque, ocultação, fuga e modo de
caçar), o desuso operado pelo condicionamento poderá eliminar este acto natural
de uma vez por todas, porque o cão possui poucos instintos e não os segue
cegamente, sendo ao invés rico em personalidade e apostado no agrado do seu
dono. O lobo familiar é um dos poucos animais cujo comportamento sofre mais
alteração e onde a fronteira entre o nato e o inato é por vezes pouco
perceptível.
O acto de saltar possibilita a
transição e uso automático dos diversos andamentos naturais presentes no cão
(passo, marcha e galope), o que contribui significativamente para a sua boa
forma física e anímica, qualidade de vida e longevidade, isto se geneticamente
tal lhe for possível, já que existem raças que, por força da selecção humana, são
incapazes de formar qualquer salto por lhes ser impróprio, nocivo ou
impossível. Exceptuando estes casos, todos os cães deverão ser convidados a
reaprender a saltar e a melhorar as suas performances atléticas, acções que
naturalmente serão do seu agrado. Cabe aos centros de adestramento caninos este
trabalho, porque se subtrairmos da cinotecnia a sobrevivência canina, estaremos
de volta ao circo romano.
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