Ao falar do tema, vem-me à memória os meus tempos do Secundário, de um Professor de Físico-Química, a quem alcunhámos de “Sebentas”. Para além de gostar dos cadernos diários exemplarmente limpos, sem rasuras e isentos de erros, o homem ainda nos obrigava ao “empinanço”. E todos tínhamos de saber de cor a célebre frase de Antoine Lavoisier: “ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Ainda que a lei deste iluminista não seja absoluta, considerando a teoria da relatividade e a primeira lei da termodinâmica, ela serve perfeitamente para introduzir o tema desta semana.
Se observarmos uma matilha de cães, socialmente estratificada sem o contributo da ingerência humana, quando ela se desloca, reparamos no lugar privilegiado do líder e nos “lugares cativos” dos demais. A hierarquia visível na excursão é estabelecida a partir dele e complementada pelo relacionamento dos que imediatamente lhe sucedem. Os cães de estrato social mais baixo deslocam-se mais afastados e perante qualquer ameaça, rapidamente adoptam posturas de submissão. A liderança do grupo sempre será legitimada pela “lei do mais forte”, a quem o sexo, a idade e a robustez física não serão alheios, pelo concurso dos impulsos herdados e pelas características físicas transmitidas. O lugar é alcançado pela vitória nas lutas contra os outros, geralmente pouco piedosas e constituídas em lições de vida, na chamada experiência directa.
A matilha procura somente a unidade e a sobrevivência do grupo, o colectivo não abre excepções nem admite devaneios individuais: manda quem pode e obedece quem não tem outro remédio! E neste mundo cão, pelas razões atrás citadas, dificilmente o mais fraco chegará líder, atendendo ao número dos que se encontram à sua frente, nada propensos a abdicar dos seus “direitos” ou a abrir mão do seu estatuto. Debaixo desta dura cerviz, qualquer capacitação individual será extraordinária, quase impossível. E se tal acontecer, alguém será destronado impiedosamente! Se eu tenho três cães no quintal e pouco me importo com eles, quem será o seu líder? Serei eu? Um macho mais velho imprestável, sempre condenará um cachorro à mediocridade, porque dominará sobre ele e lhe transmitirá os mesmos deméritos, mesmo que o cachorro tenha sido alvo da mais esmerada selecção. Nisto se compreende o efeito da matilha.
Se há uma frase gasta na Acendura, ela será certamente esta: o “Junto” é a pedra basilar da obediência! Porque dizemos e ensinamos isto? Constituirá a afirmação alguma novidade? Estaremos a faltar à verdade?
Basicamente, os automatismos solicitados a um cão dividem-se em dois grupos: os de imobilização e os direccionais, ainda que possam ser combinados entre si, alcançando comandos específicos e um sem número de acções particulares. Mal comparado ou não, o adestramento funciona como um papagaio de cordel nas mãos de uma criança, sujeito à linha da bobine e evoluindo condicionado. O “Junto” garante o “em frente”, o “devagar”, o “à frente”, o “atrás”, o “troca” e o “roda”, além dos modos mais céleres da sua própria figura. Por outro lado, é ele que antecede e propicia o “aqui”, de modo seguro e radiante, possibilitando ainda todo e qualquer comando de imobilização, pela acção da liderança e justeza dos alinhamentos.
Os benefícios do “Junto” não se esgotam na sua operacionalidade, porque o seu contributo é extensível a outras áreas, sintonizando homens e cães para a constituição binomial. A todos já foi dado a observar, na fase introdutória do treino, que os cachorros valentes rebocam os seus donos e os mais fracos necessitam de ser rebocados, indiciando assim o perfil psicológico de cada grupo, pertencendo os primeiros ao dos dominantes e os últimos ao dos submissos. Não raramente, a fragilidade psicológica encontra-se ligada a incapacidades físicas, inibitórias ou não e de causas diferentes. Assim, pela experiência de vida, dificilmente um fraco se arma em “carapau de corrida” por tempo indeterminado, a menos que a insanidade resulte da selecção humana nociva ou de uma trágica indução. Como sabemos que as transformações fisiológicas acompanham o crescimento intelectual, que as capacidades cognitivas caninas passam essencialmente pela memorização, julgamos possível o fortalecimento do carácter pelo robustecimento físico, através de uma experiência feliz, variada e rica. E nisto, o “ Junto” tem um papel importante a desempenhar.
Contrariamente à matilha, a constituição binomial visa a autonomia dos indivíduos, substituindo a liderança animal pela humana. O alinhamento requerido pelo “Junto” , graças à relação de proximidade, convence o fraco que com o dono tudo pode e sujeita o valente à ordem expressa. A persistência no comando provoca e opera alterações comportamentais, mais ou menos duradouras, segundo o seu uso e de acordo com as características particulares de cada indivíduo. O “Junto” é uma terapia eficaz, mas jamais será uma panaceia, porque se encontra sujeito a um conjunto de condições prévias que não podem ser desprezadas. Estamos a falar da cumplicidade necessária a uns e o do exercício da autoridade sobre os outros. Quando se inverte o tratamento os resultados são desastrosos, duas coisas podem acontecer: ou sai um cão borrado; ou o dono lesionado. Só a reeducação poderá suavizar ou resolver os problemas, por que é mais fácil regrar um atrevido do que animar um derrotado. Mas nada é impossível, quando o tempo joga a nosso favor e a vontade não nos falta.
Em síntese, o “Junto” tem o poder de consertar aquilo que a matilha tende a perpetuar, apostando na recuperação dos indivíduos e na procura da sua capacitação, graças à novidade experimentada, à alteração do seu viver social e ao particular da liderança humana. E mais vale andar com o cão ao lado do que andar atrás ou à frente dele! Será que estamos errados?
Se observarmos uma matilha de cães, socialmente estratificada sem o contributo da ingerência humana, quando ela se desloca, reparamos no lugar privilegiado do líder e nos “lugares cativos” dos demais. A hierarquia visível na excursão é estabelecida a partir dele e complementada pelo relacionamento dos que imediatamente lhe sucedem. Os cães de estrato social mais baixo deslocam-se mais afastados e perante qualquer ameaça, rapidamente adoptam posturas de submissão. A liderança do grupo sempre será legitimada pela “lei do mais forte”, a quem o sexo, a idade e a robustez física não serão alheios, pelo concurso dos impulsos herdados e pelas características físicas transmitidas. O lugar é alcançado pela vitória nas lutas contra os outros, geralmente pouco piedosas e constituídas em lições de vida, na chamada experiência directa.
A matilha procura somente a unidade e a sobrevivência do grupo, o colectivo não abre excepções nem admite devaneios individuais: manda quem pode e obedece quem não tem outro remédio! E neste mundo cão, pelas razões atrás citadas, dificilmente o mais fraco chegará líder, atendendo ao número dos que se encontram à sua frente, nada propensos a abdicar dos seus “direitos” ou a abrir mão do seu estatuto. Debaixo desta dura cerviz, qualquer capacitação individual será extraordinária, quase impossível. E se tal acontecer, alguém será destronado impiedosamente! Se eu tenho três cães no quintal e pouco me importo com eles, quem será o seu líder? Serei eu? Um macho mais velho imprestável, sempre condenará um cachorro à mediocridade, porque dominará sobre ele e lhe transmitirá os mesmos deméritos, mesmo que o cachorro tenha sido alvo da mais esmerada selecção. Nisto se compreende o efeito da matilha.
Se há uma frase gasta na Acendura, ela será certamente esta: o “Junto” é a pedra basilar da obediência! Porque dizemos e ensinamos isto? Constituirá a afirmação alguma novidade? Estaremos a faltar à verdade?
Basicamente, os automatismos solicitados a um cão dividem-se em dois grupos: os de imobilização e os direccionais, ainda que possam ser combinados entre si, alcançando comandos específicos e um sem número de acções particulares. Mal comparado ou não, o adestramento funciona como um papagaio de cordel nas mãos de uma criança, sujeito à linha da bobine e evoluindo condicionado. O “Junto” garante o “em frente”, o “devagar”, o “à frente”, o “atrás”, o “troca” e o “roda”, além dos modos mais céleres da sua própria figura. Por outro lado, é ele que antecede e propicia o “aqui”, de modo seguro e radiante, possibilitando ainda todo e qualquer comando de imobilização, pela acção da liderança e justeza dos alinhamentos.
Os benefícios do “Junto” não se esgotam na sua operacionalidade, porque o seu contributo é extensível a outras áreas, sintonizando homens e cães para a constituição binomial. A todos já foi dado a observar, na fase introdutória do treino, que os cachorros valentes rebocam os seus donos e os mais fracos necessitam de ser rebocados, indiciando assim o perfil psicológico de cada grupo, pertencendo os primeiros ao dos dominantes e os últimos ao dos submissos. Não raramente, a fragilidade psicológica encontra-se ligada a incapacidades físicas, inibitórias ou não e de causas diferentes. Assim, pela experiência de vida, dificilmente um fraco se arma em “carapau de corrida” por tempo indeterminado, a menos que a insanidade resulte da selecção humana nociva ou de uma trágica indução. Como sabemos que as transformações fisiológicas acompanham o crescimento intelectual, que as capacidades cognitivas caninas passam essencialmente pela memorização, julgamos possível o fortalecimento do carácter pelo robustecimento físico, através de uma experiência feliz, variada e rica. E nisto, o “ Junto” tem um papel importante a desempenhar.
Contrariamente à matilha, a constituição binomial visa a autonomia dos indivíduos, substituindo a liderança animal pela humana. O alinhamento requerido pelo “Junto” , graças à relação de proximidade, convence o fraco que com o dono tudo pode e sujeita o valente à ordem expressa. A persistência no comando provoca e opera alterações comportamentais, mais ou menos duradouras, segundo o seu uso e de acordo com as características particulares de cada indivíduo. O “Junto” é uma terapia eficaz, mas jamais será uma panaceia, porque se encontra sujeito a um conjunto de condições prévias que não podem ser desprezadas. Estamos a falar da cumplicidade necessária a uns e o do exercício da autoridade sobre os outros. Quando se inverte o tratamento os resultados são desastrosos, duas coisas podem acontecer: ou sai um cão borrado; ou o dono lesionado. Só a reeducação poderá suavizar ou resolver os problemas, por que é mais fácil regrar um atrevido do que animar um derrotado. Mas nada é impossível, quando o tempo joga a nosso favor e a vontade não nos falta.
Em síntese, o “Junto” tem o poder de consertar aquilo que a matilha tende a perpetuar, apostando na recuperação dos indivíduos e na procura da sua capacitação, graças à novidade experimentada, à alteração do seu viver social e ao particular da liderança humana. E mais vale andar com o cão ao lado do que andar atrás ou à frente dele! Será que estamos errados?
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