Na Europa, entre os 6 e os 8 anos de idade, os cães eram dispensados das companhias cinotécnicas e abatidos ao regimento. Ainda que a maioria deles saísse estafada, mercê do serviço efectuado, alguns mantinham os seus índices atléticos, continuavam activos e fecundos, constituindo-se em patriarcas. Hoje, porque o serviço é mais leve, o dinheiro parece escassear e as prioridades são outras, é comum ver-se, nas unidades militares, cães para além da meia-idade no activo, geralmente engalanados em canis e raramente escalados para o serviço, aparecendo esporadicamente em festivais, tal qual Eusébio de águia ao peito. As outrora gloriosas pistas tácticas estão hoje vazias e descuidadas, lembrando acampamentos da Legião Francesa enterrados nalgum deserto magrebino. Apesar de poucas, ainda bem que há excepções!
Por razões óbvias, os cães civis sempre duraram mais, mantendo a qualidade e aumentando a sua esperança de vida. Apostados neste mesmo propósito, identificaremos aqui a problemática etária e adiantaremos subsídios para que a longevidade canina aconteça. Num mundo onde ninguém quer pagar a factura da medicina preventiva, porque não dá lucro, não nos coibimos de adiantar medidas cautelares para que o bem-estar canino perdure e a sua dignidade se mantenha. Não obstante serem finitos, homens e cães não morrem de velhice, mas sim de doença, de insuficiências e incapacidades que podem ser minoradas e relegadas para mais tarde.Em média, os rafeiros duram mais que os cães de raça, os mais pequenos sobrevivem aos maiores e os mais pesados vêem encurtados os seus dias. Os castrados envelhecem precocemente, a tipicidade dalguns é-lhes fatal e as diferentes raças têm doenças próprias. A excessiva homozigose está a colocar os cães em risco, o número de cães domésticos não cessa de aumentar e qualquer um pode ser seu proprietário, para além do conhecimento exigível e das condições inerentes. Genética e ambiente estão a atentar contra a longevidade canina, assim como a ignorância e o desrespeito, porque o especicismo veio para ficar e cada qual é dono do seu nariz!
Não é preciso muito esforço para o homem entender o cão à sua imagem, porque o animal tende a reproduzir comportamentos idênticos aos que lhe são próximos. Existe inclusive, uma transferência física e anímica do dono para o cão, resultante da convivência comum e da mímica empregue, porque o animal tudo observa e procura a aceitação. Como multiusos que é, o cão sempre denunciará o seu mestre oficinal, o seu modo de vida, anseios e propósitos, encontrando-se cativo àquilo que recebeu. Isto parece um pouco estranho, mas quem ensinou os cães vadios a atravessar na passadeira para peões?Desta maneira, tanto o seu enriquecimento cognitivo quanto o seu robustecimento físico, encontram-se dependentes das acções do líder, das regras estabelecidas que se transformam em hábitos enraizados, porque não lhe restando outra opção válida para a sobrevivência, o cão agarra-se desesperado à doutrina do follow me. Debaixo desta condição, tanto podemos provocar o envelhecimento canino como atrasá-lo, porque somos simultaneamente o seu deus e anjo da guarda. Podemos ser outras coisas, mas o uso da razão sempre as desprezará.
O cão na meia-idade perde fulgor e resguarda-se, resiste aos novos desafios e procura a auto satisfação, tenta agradar sem ser incomodado e reclama pelo seu estatuto: torna-se mais sério e menos brincalhão. As possíveis menos valias físicas são acompanhadas por alguma inércia cognitiva e a cumplicidade sofre alterações, porque o acompanhamento tende a substituir a participação. Nesta fase da vida, porque está maduro e a experiência não o engana, é difícil ludibriá-lo, parece que adivinha os nossos pensamentos ou que estabelece connosco uma relação telepática. Se nada fizermos para alterar a situação, o estádio seguinte breve se avizinha: o tempo de lhe dizermos adeus.
Como podemos retardar o processo de envelhecimento?A meia-idade define e identifica qualquer linha de criação, porque pode ser acompanhada por várias afecções, doenças ou incapacidades até ali ocultas. Cataratas, diabetes, tumores, obesidade, problemas articulares, cardíacos e respiratórios disso são exemplo. O rol é imenso e encontra-se associado à selecção descuidada e ao particular instalador. Se entendermos a doença como presságio do fim ou causa de morte, o check-up anual torna-se obrigatório, considerando as vantagens da prevenção, do despiste e do tratamento. O cão deve ser visto e acompanhado pelo veterinário, o que geralmente não acontece, porque há medida que o cão envelhece, os donos tornam-se mais descuidados, apresentando-se nos consultórios quando pouco já há a fazer. Por causa disto, da boca dos tontos é comum ouvir-se: “O ladrão levou-me uma nota preta e o cão acabou por bater a bota! Filho da …”
Na meia-idade o cão não mede forças, marca menos território e diminui a sua excursão. O seu habitáculo, outrora rampa de lançamento para as suas investidas, transforma-se no seu refúgio e fortaleza, permanecendo ali por mais tempo, ainda que alerta, substituindo o movimento das pernas pelo uso dos sentidos. Ele já não corre à toa (antes corria atrás da bola, agora leva-a para o pé de si), apenas investe pela certa e quando for caso disso. Alguns dirão que ganhou juízo, nós diremos que a experiência sucede à juventude, substituindo-a num processo irreversível que o peso dos anos não oculta, porque a menor disponibilidade física provoca alterações de comportamento. Em síntese, a meia-idade transporta alterações físicas, psicológicas, cognitivas e sociais que não devem ser ignoradas, mas consideradas, para que o envelhecimento seja saudável e não absoluto.
Sem causar maiores transtornos e de acordo com a sua raça, o índice de gordura aumentará de 5 a 10% na meia-idade, havendo cães que indesejavelmente manifestarão um aumento superior aos 40%. Assim como o fraco desempenho físico pode provocar alterações fisiológicas, susceptíveis do auxílio dos fármacos, também a prática do exercício regular pode retardá-las. Entre os 6 e os 8 anos de idade recomendamos para os cães uma marcha diária de 2.5 km, numa velocidade de 4 km/h, que poderá ser subdividida em dois momentos distintos. As amplitudes térmicas deverão ser evitadas e os pisos considerados. A escolha dos percursos deverá recair sobre os menos acidentados segundo as características morfológicas e psíquicas de cada cão. O interesse e a novidade dos percursos tendem a vencer a inércia e provocam habituação, tornando os cães despertos para o mundo à sua volta, garantindo em simultâneo a melhoria dos seus ritmos vitais, a funcionalidade e o equilíbrio psicossocial. A novidade transporta-os para a vida; o enclausuramento sistemático mata-os.
Com o passar dos anos, porque o mundo à sua volta é de todo conhecido, estabelecendo uma nova relação entre os estímulos físicos e as sensações correspondentes, os cães tornam-se mais interesseiros e menos participativos, desusando parcialmente alguns dos impulsos herdados, próprios do seu aprendizado constante. O desuso do potencial genético que induz à menor participação, deve ser contrariado, porque é galopante e obsta à qualidade de vida. Para que isso não aconteça, torna-se necessário complementar o saber empírico canino com a experiência variada e rica, para que a novidade cognitiva leve a outra prestação física e vice-versa. A alteração das rotinas deve acontecer, de modo equilibrado, pelo prazer da novidade e pela salvaguarda do bem-estar animal. Novos jogos e brincadeiras, assim como a variação dos ecossistemas, ajudam-nos neste sentido.
A sintonia com o relógio biológico, cuidado que distancia os donos dos animais de companhia dos proprietários daqueles destinados ao abate, geralmente confinados em currais, pocilgas e manjedouras, é fundamental para o bem-estar canino, particularmente entre aqueles cuja mocidade já passou. As alterações sazonais, quando devidamente aproveitadas, contribuem para o robustecimento canino, pelo equilibro biológico que antecede e prepara a estação seguinte. A variação das dietas deve acontecer, ainda que não solicitada, porque enquadramento sazonal ratifica o ciclo de vida correspondente. Quando à dieta inalterável se junta o enclausuramento e a ausência de novidade, a meia-idade abraça a velhice e a longevidade sai comprometida. Por causa disto, os cães dos criadores vivem menos que a sua descendência, porque a menor qualidade de vida os condena.
Salvo algumas excepções, o cão na meia-idade é fecundo, muito embora aqueles que nunca copularam, demonstrem um desinteresse sexual assaz notório, como se fossem alvo de castração. Quando o nosso cão chega aos 6 anos de idade, é altura de pensarmos num segundo cão, seu descendente ou não, que garantirá a sua continuidade entre nós. Essa continuidade poderá ser sanguínea ou cognitiva, mas nem por isso deixará de existir, porque os cães de meia-idade são os melhores mestres prós cachorros, deixando neles a marca da sua contribuição. Fica o conselho. Por outro lado, o convívio com cães mais jovens, considerando o sentimento gregário canino, tem-se revelado um antídoto seguro contra o envelhecimento precoce, porque a hierarquia não pode ser posta em causa, há regras que a garantem e o exemplo funciona como a melhor das pedagogias.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Alexandra/Abu, Ana/Loki, Bruno/Pepe, Joana/Flikke, João Franco/Zappa, Jorge/Audaz & Juvat, Luís Leal/Teka, Manuel/Mini, Paulinha/Teka II, Octávio/Greg, Pescadinha/Teddy, Princesa/Pipo & Ricky, Roberto/Turco, Rui Ribeiro/Isis, Rui Santos/Red e Zé Gabriel/Master & Menina. 
E perante a “façanha”, como se sentirão os cães?
Mal comparados, alguns condutores de cães são como cavaleiros iniciados, que ao desprezarem o volteio, quando sofrem de desequilíbrio, clamam pelas esporas e sonham com epopeias. E como só a cumplicidade gera a parceria, só a capacitação dos condutores pode engrandecer o ensino canino. Um gesto impensado praticado por um líder, pode neutralizar todas as suas acções positivas, anteriores ou posteriores, e comprometer definitivamente a união binomial, porque os cães são essencialmente a experiência que têm!


Se observarmos uma matilha de cães, socialmente estratificada sem o contributo da ingerência humana, quando ela se desloca, reparamos no lugar privilegiado do líder e nos “lugares cativos” dos demais. A hierarquia visível na excursão é estabelecida a partir dele e complementada pelo relacionamento dos que imediatamente lhe sucedem. Os cães de estrato social mais baixo deslocam-se mais afastados e perante qualquer ameaça, rapidamente adoptam posturas de submissão. A liderança do grupo sempre será legitimada pela “lei do mais forte”, a quem o sexo, a idade e a robustez física não serão alheios, pelo concurso dos impulsos herdados e pelas características físicas transmitidas. O lugar é alcançado pela vitória nas lutas contra os outros, geralmente pouco piedosas e constituídas em lições de vida, na chamada experiência directa.
A matilha procura somente a unidade e a sobrevivência do grupo, o colectivo não abre excepções nem admite devaneios individuais: manda quem pode e obedece quem não tem outro remédio! E neste mundo cão, pelas razões atrás citadas, dificilmente o mais fraco chegará líder, atendendo ao número dos que se encontram à sua frente, nada propensos a abdicar dos seus “direitos” ou a abrir mão do seu estatuto. Debaixo desta dura cerviz, qualquer capacitação individual será extraordinária, quase impossível. E se tal acontecer, alguém será destronado impiedosamente! Se eu tenho três cães no quintal e pouco me importo com eles, quem será o seu líder? Serei eu? Um macho mais velho imprestável, sempre condenará um cachorro à mediocridade, porque dominará sobre ele e lhe transmitirá os mesmos deméritos, mesmo que o cachorro tenha sido alvo da mais esmerada selecção. Nisto se compreende o efeito da matilha.
Os benefícios do “Junto” não se esgotam na sua operacionalidade, porque o seu contributo é extensível a outras áreas, sintonizando homens e cães para a constituição binomial. A todos já foi dado a observar, na fase introdutória do treino, que os cachorros valentes rebocam os seus donos e os mais fracos necessitam de ser rebocados, indiciando assim o perfil psicológico de cada grupo, pertencendo os primeiros ao dos dominantes e os últimos ao dos submissos. Não raramente, a fragilidade psicológica encontra-se ligada a incapacidades físicas, inibitórias ou não e de causas diferentes. Assim, pela experiência de vida, dificilmente um fraco se arma em “carapau de corrida” por tempo indeterminado, a menos que a insanidade resulte da selecção humana nociva ou de uma trágica indução. Como sabemos que as transformações fisiológicas acompanham o crescimento intelectual, que as capacidades cognitivas caninas passam essencialmente pela memorização, julgamos possível o fortalecimento do carácter pelo robustecimento físico, através de uma experiência feliz, variada e rica. E nisto, o “ Junto” tem um papel importante a desempenhar.
Em síntese, o “Junto” tem o poder de consertar aquilo que a matilha tende a perpetuar, apostando na recuperação dos indivíduos e na procura da sua capacitação, graças à novidade experimentada, à alteração do seu viver social e ao particular da liderança humana. E mais vale andar com o cão ao lado do que andar atrás ou à frente dele! Será que estamos errados?







Há gente que insiste em não dar cavaco, que simplesmente se borrifa nos outros, num claro “quero que eles se lixem!”. Estamos a falar daqueles alunos que desaparecem sem deixar rasto, deixando a Escola à espera, tal qual noiva de marinheiro condenado às galés. Realmente não temos sorte, nascemos para educar cães! Aproveitamos a ocasião para lançar um alerta e um pedido: Se por acaso avistarem um avião no horizonte, digam-lhe adeus. Pode ser que seja o João Domingues. Se for ele, certamente retribuirá o cumprimento e lembrar-se-á de nós. Se ele vos avistar, porque não temos rádio, baixará a altitude e ligará os flaps, fará um virar de asa e ligará as luzes de aproximação. Há que ser persistente.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Alexandra/Abu, Ana/Loki, A. Cunha/Zorro, Carla/CPA-LB, Eduardo/Micks & Vega, Elisabete/Lua, Filipe/Jürgen, João Franco/Zappa, Jorge/Audaz & Juvat, Luís Leal/Teka, Manuel/Mini, Octávio/Greg, Roberto/Teka & Turco, Rui Ribeiro/Isis e Zé Gabriel/Master & Menina.


O Carlos Esteves comprou finalmente o trem de limpeza para a Zara, quando o irá utilizar? Esta semana o Daniel bateu o seu recorde pessoal: 15 voltas ao círculo de 50 m. À parte disto, desfilou em liberdade com a Flor a maior parte do percurso. A Princesa serviu de fila-guia para o Luís Leal e o Pipo enamorou-se da Isis. Mais uma vez o Teddy está no hotel, porque a Pescadinha foi viagem e só o resgatará na próxima 3ªFeira. O Jorge Santos ficou retido em casa e o Bruno foi para Tomar. 