Ao
contrário do que julga, escrever sobre cães é muito difícil, porque cada cão é
um caso e é impossível contemplar todos. Também por esta razão, a maioria dos
livros cinotécnicos, tanto os de bolso como os mais substanciais, parece vaga e
isenta de novidade, repetitiva e enfandonha. Sem que os leitores se apercebam,
vários problemas éticos são colocados aos autores, visando os destinatários e o
uso que darão aos seus cães. E porque ninguém quer aconselhar para o
descalabro, eles vêem-se obrigados a transmitir conteúdos consensuais, que em
simultâneo, garantam a liderança humana e o bem-estar animal. Por causa destes
pressupostos, muito se aconselha a não deixar empinar os cães, para que tal não
dê azo à desobediência e à rebeldia, manifestações só possíveis diante de uma
liderança precária e de um forte impulso canino ao poder. Como é sabido, cães
com forte impulso ao poder há poucos, mas lideranças impróprias é o que por aí
há mais! No entanto, o convite para empinar é fundamental para a recuperação
dos cães mais medrosos, porque lhes aumenta a confiança, fá-los sentir mais
próximos e melhor protegidos, condições essenciais para a sua recuperação e
para o entendimento mútuo. Ainda que todos os livros mereçam ser lidos com
atenção, os relativos aos cães não dispensam esse cuidado, porque obrigam à
leitura das entrelinhas, ao estudo da relação causa-efeito e indiciam, por
antítese ou omissão, procedimentos pedagógicos válidos para todos os cães. Os
autores cinotécnicos sabem, melhor do que ninguém, que no adestramento não há
tábua rasa, porque trabalham com indivíduos e não deixam de ser surpreendidos.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
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