Foi a
ineficácia da coerção e da persuasão que transportou a cinotecnia para a
adopção do reforço positivo como prática corrente e sustentáculo dos actuais
métodos de treino, tornando-os assim mais próximos das respostas naturais
caninas e ao alcance de todo e qualquer binómio apostado no sucesso. É a
operação da fixação exclusiva na pessoa do dono ou condutor que melhor garante
o aproveitamento no adestramento, já que doutro modo teríamos os donos a “falar
para o boneco” e os cães despertos noutros interesses. A prática da recompensa
e o convite para a brincadeira, estratégias que melhor servem o aproveitamento
e desenvolvimento dos impulsos herdados, ao contrário do que até então se
julgava, têm encurtado de sobremaneira a permanência escolar, aumentado a
longevidade dos comandos e melhor contribuído para a indispensável cumplicidade
entre homens e cães. Infelizmente alguns animais não irão dispensar o concurso
tanto da coerção quanto da persuasão, em particular entre os adultos condenados
ao isolamento, vítimas de uma má experiência directa ou traídos por uma
deficitária selecção genética, responsabilidades que lhes são alheias e que não
os isentarão de algum transtorno ou incómodo. Como a fixação antecede a fuga e
o ataque, cão que não se fixa no dono, está condenado ao disparate, porque
aguarda ocasião para o desmando. O cão com os olhos postos no dono aguarda
ordens e aquele que nem olha para ele, anda deserto de o ver pelas costas! Para
melhor salvaguardar o nosso fiel amigo, é melhor ir ao encontro das suas
necessidades do que enveredar pelo artificialismo, já que vã é a disciplina
diante da afectividade.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário