quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ONDE ESTIVEREM OS OLHOS, AÍ ESTARÁ TAMBÉM A SUA ATENÇÃO

Foi a ineficácia da coerção e da persuasão que transportou a cinotecnia para a adopção do reforço positivo como prática corrente e sustentáculo dos actuais métodos de treino, tornando-os assim mais próximos das respostas naturais caninas e ao alcance de todo e qualquer binómio apostado no sucesso. É a operação da fixação exclusiva na pessoa do dono ou condutor que melhor garante o aproveitamento no adestramento, já que doutro modo teríamos os donos a “falar para o boneco” e os cães despertos noutros interesses. A prática da recompensa e o convite para a brincadeira, estratégias que melhor servem o aproveitamento e desenvolvimento dos impulsos herdados, ao contrário do que até então se julgava, têm encurtado de sobremaneira a permanência escolar, aumentado a longevidade dos comandos e melhor contribuído para a indispensável cumplicidade entre homens e cães. Infelizmente alguns animais não irão dispensar o concurso tanto da coerção quanto da persuasão, em particular entre os adultos condenados ao isolamento, vítimas de uma má experiência directa ou traídos por uma deficitária selecção genética, responsabilidades que lhes são alheias e que não os isentarão de algum transtorno ou incómodo. Como a fixação antecede a fuga e o ataque, cão que não se fixa no dono, está condenado ao disparate, porque aguarda ocasião para o desmando. O cão com os olhos postos no dono aguarda ordens e aquele que nem olha para ele, anda deserto de o ver pelas costas! Para melhor salvaguardar o nosso fiel amigo, é melhor ir ao encontro das suas necessidades do que enveredar pelo artificialismo, já que vã é a disciplina diante da afectividade.

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