Desde o último quarto do Sec. XX até aos nossos dias a canicultura e a cinotecnia sofreram profundas alterações tanto nos pressupostos selectivos quanto nos métodos de treino, mudanças que resultaram do avanço científico, do questionamento social, de uma menor exigência, de uma maior sensibilidade e também da banalização dos cães. O passar dos anos levou à inevitável troca de gerações e nalguns casos ao rompimento entre a ancestral cinecultura e a actual, criando vazios pela reinvenção e atrasos pela ignorância, tendência comum entre nós na procura do último grito, num calcorrear de atalhos que nos leva à cópia, não fossemos um estado periférico, desnorteado e dependente de outros. A maior benfeitoria que os novos adestradores nos legaram, no meio de tantas outras, foi o condicionamento alegre e descontraído, um conjunto de regras que tenta substituir a indispensável liderança humana, tornando o uso dos cães ao alcance de todos, bem hajam!
Porém, como não há bela sem senão, a mecanicidade afectiva acabou por encobrir cães impróprios e desprezar outros de excelente qualidade, porque são mais difíceis, um pouco menos eufóricos e por vezes demasiado sérios, criando graves problemas ao facilitismo que por aqui faz escola. Por todo o lado e por onde menos se espera, existem cães à espera que os vão buscar, esquecidos em canis onde poucos ousam entrar, como se fossem feras ou monstros apocalípticos, papões de quatro patas ou habitantes do quinto dos infernos. Grande número dos actuais condutores cinotécnicos (podíamos usar outra designação), à imitação dos automobilistas, opta pelo “test drive” e procura um cão à medida das suas conveniências. Longe vão os tempos em que a escolha não era possível e o domínio do inteligente se sobrepunha às arremetidas do irracional. Hoje a palavra de ordem é incompatibilidade e partir dela se esconde o comodismo. Temos como experiência que os cães mais difíceis são invariavelmente os melhores, os menos sujeitos a subornos, os que mais se empenham e os que maior aptidão manifestam, companheiros em quem vale a pena apostar. Falta trabalho, porque os cães depois de atrelados rapidamente se submetem.
Porém, como não há bela sem senão, a mecanicidade afectiva acabou por encobrir cães impróprios e desprezar outros de excelente qualidade, porque são mais difíceis, um pouco menos eufóricos e por vezes demasiado sérios, criando graves problemas ao facilitismo que por aqui faz escola. Por todo o lado e por onde menos se espera, existem cães à espera que os vão buscar, esquecidos em canis onde poucos ousam entrar, como se fossem feras ou monstros apocalípticos, papões de quatro patas ou habitantes do quinto dos infernos. Grande número dos actuais condutores cinotécnicos (podíamos usar outra designação), à imitação dos automobilistas, opta pelo “test drive” e procura um cão à medida das suas conveniências. Longe vão os tempos em que a escolha não era possível e o domínio do inteligente se sobrepunha às arremetidas do irracional. Hoje a palavra de ordem é incompatibilidade e partir dela se esconde o comodismo. Temos como experiência que os cães mais difíceis são invariavelmente os melhores, os menos sujeitos a subornos, os que mais se empenham e os que maior aptidão manifestam, companheiros em quem vale a pena apostar. Falta trabalho, porque os cães depois de atrelados rapidamente se submetem.
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