segunda-feira, 25 de julho de 2011

A FICHA DE INSCRIÇÃO COMO MEDIDA DE PRECAUÇÃO

Na ficha de inscrição escolar de um cão sempre deverá constar o seu histórico clínico, um espaço reservado para a anotação das doenças que contraiu, as operações a que foi sujeito e os acidentes em que incorreu, assim como as suas limitações, incapacidades e propensão para ataques ou colapsos, devendo ali constar também se é portador de próteses ou não e se está a tomar medicamentos, porque os donos omitem pormenores de suma importância que nos poderão colocar em maus lençóis e com a “vaca em braços”. Manda a precaução que este procedimento seja respeitado.

GINÁSTICA CORRECTORA E FREQUÊNCIA DOS RITMOS VITAIS

A ginástica correctora, como o próprio nome indica, visa a recuperação dos indivíduos caninos através da supressão das suas menos valias físicas, valendo-se para isso de exercícios de locomoção específicos, tirados a partir dos seus andamentos naturais, naturalmente desusados ou parcialmente comprometidos. Ao mesmo tempo, serve-se de obstáculos específicos, comummente tratados como aparelhos, para a necessária correcção de aprumos, condição essencial para o bem-estar dos animais, qualidade de vida, longevidade e melhor aproveitamento do seu potencial. Para que estes objectivos sejam alcançados e a correcção seja um êxito, importa respeitar a frequência dos batimentos cardíacos de cada animal, para que a terapia não se revele contraproducente e coloque em risco a vida de um ou mais cães. Assim, a carga, a intensidade e a frequência dos exercícios correctores deverão considerar a resistência e o tempo de recuperação de cada indivíduo. Perante cachorros que aumentam drasticamente o seu ritmo cardíaco, mais vale parar amiúde e parcelar os exercícios do que correr riscos desnecessários.

COMO RESOLVER A ANOMALIA DO “PEITO ESTREITO” OU INVERTIDO

Naturalmente o “peito estreito” está associado ao “pé de lebre” e ao abatimento dos metacarpos, é típico dos cães corredores que geralmente apresentam maior largura nos eixos traseiros. Na correcção morfológica existe uma regra de ouro: recuperar primeiro os aprumos e só depois o resto”, quer se trate do peito, da espádua, do dorso ou da garupa, o que neste caso aponta imediatamente para a recuperação dos metacarpos, normalmente associados à presença do “pé chato” (dedos espalmados e afastados entre si). Para a recuperação dos metacarpos, se a anomalia não resultar da descalcificação, seremos obrigados a manter o peso do cachorro de acordo com a tabela de crescimento da sua raça e segundo o particular da sua envergadura, já que o aumento inadequado do seu peso mais comprometeria os nossos propósitos. Para resolver o abatimento de metacarpos, a marcha em terra surge como o melhor dos subsídios, quando acompanhada pelos benefícios do extensor de solo e complementada com subidas e descidas naturais até 45 graus de inclinação. O convite para pequenos saltos verticais consecutivos, nunca superiores a 50 cm de altura, tem-se revelado também muito proveitoso e contribuído para um melhor assentamento. A luta pela posse dos objectos (churro ou outros brinquedos), deve também aqui ser considerada. Só depois da recuperação dos metacarpos, que é tarefa para o 1º Ciclo Escolar e que acontece entre os 4 e os 6 meses de vida dos cachorros, passaremos à correcção e aumento do peito, uma vez eliminada a concavidade dos aprumos dianteiros. O extensor de solo, os obstáculos elevadores, a ponte-quebrada, as verticais, a paliçada, a passerelle e a mesa alemã, aqui transformados em aparelhos, são preciosos auxiliares escolares para o aumento e correcção do peito, quando secundados pela natação e pela marcha suave sobre pisos arenosos a desenvolver no perímetro doméstico. A marcha deverá sobrepor-se ao galope, porque o segundo andamento pouco muscula à frente e naturalmente robustece a traseira. Nenhum cachorro com mais de 100 pulsações por minuto em descanso deverá ser convidado para qualquer tipo de ginástica correctora. O trabalho de recuperação obriga a dois meses de terapia, a 5 sessões semanais de trabalho útil com uma duração de 45 minutos cada. A duração do trabalho útil deve ser igual ou até inferior aos momentos dedicados ao descanso, à recuperação e à supercompensação, para que o estímulo se mantenha, as motivações surtam efeito e o estoiro não aconteça.

“X” DE JARRETE DE VACA

O “jarrete de vaca”, designação comum para o desaprumo em “X” dos membros posteriores nos cães, é uma anomalia física geralmente hereditária ou provocada por estados de subnutrição, que irá comprometer o bom desempenho atlético dos indivíduos seus portadores. Existem raças mais propensas a esta forma periclitante de equilíbrio, nomeadamente as mais compridas e mais anguladas, cujo excesso de convexidade lamentavelmente a isso induz. Quando o problema é de origem genética, a sua eliminação absoluta torna-se quase impossível, a menos que operemos a sua correcção entre os 4 e os 6 meses de idade de um cachorro, altura em que a sua plasticidade física é notória e acompanhada cognitivamente de igual modo. Para que tal aconteça, teremos de nos valer dos obstáculos e aparelhos correctores presentes na pista válidos para a solução do problema. São eles a piscina, a paliçada a 30 graus e o extensor de solo, porque a natação é aqui válida, as subidas induzem ao aprumo e o equilíbrio membro a membro opera maravilhas. A adição de 1 km diário de marcha reforçará a solução e só depois da aquisição deste andamento natural se deverá passar ao concurso dos obstáculos indicados. Nenhum cachorro com mais de 100 pulsações por minuto poderá concorrer a esta terapia, que deverá acontecer durante dois meses, cinco vezes por semana e com uma duração diária de 45 minutos (distribuídos pelos 3 aparelhos), uma vez respeitada a recuperação e os tempos de supercompensação típicos e necessários aos cachorros. Como é sabido, sempre que a temperatura da água se encontrar abaixo dos 15 graus centígrados, o concurso da piscina deverá ser desconsiderado (desprezado).

A CAUDA: MAIS DO QUE UM DETALHE

Todas as figuras de obediência visíveis nos automatismos de imobilização são posturas de esfinge, quer se intente parar, sentar ou deitar um cão. Evolui-se naturalmente do travamento para o “senta” e deste para o “deita”. A posição da cauda dos animais na obtenção das figuras tem um papel importante, porque dela dependerá o equilíbrio ou desequilíbrio dos cães, a execução consertada ou a sua adulteração. Para que a cauda não atente contra as figuras, é necessário que na obtenção do “senta” cada condutor a estique completamente na continuação do dorso do cão. Havendo este cuidado, que breve se transformará num hábito para o animal, por força do condicionamento, dificilmente ele se irá deitar “à vaca” (desequilibrado de patas traseiras). A sorte do “deita” joga-se no “senta” e a sua correcção opera-se exactamente na figura que o antecede cumprindo-se o procedimento atrás indicado. A isto se chama retorno à 1ª fase, porque mais vale corrigir do que persistir no erro, atitude que, quando desrespeitada, transformará qualquer monitor num palhaço a desprezar. Quer que o seu cão se deite bem? Então, ensine-o a sentar-se correctamente.

OBSTÁCULOS E PERCURSOS DE EVASÃO

Sinceramente nunca vimos e continuamos sem ver quais as vantagens para os cães ao serem licenciados tanto nas Juntas de Freguesia quanto nas Câmaras Municipais, apesar de não duvidarmos dos benefícios de tal procedimento para a saúde pública. Que contrapartidas oferecem as autarquias aos proprietários caninos? Eventualmente a entrega gratuita de sacos de plástico para os dejectos dos bichos, muito raramente sanitários para os animais, constantemente um chorrilho de proibições, invariavelmente a recolha dos cães vadios e costumeiramente a certeza semanal do seu abate. Não queremos com isto ser paladinos de causa alguma, arautos de qualquer partido (a constituir ou já constituído), somente queremos compreender porque pagamos e para quê, já que daí não nos resulta qualquer benefício. Não deveriam as autarquias, à guisa de retribuição, oferecer terrenos destinados e adequados para os cães, onde manteriam um espaço destinado para as suas necessidades fisiológicas e uma pista de manutenção dedicada ao seu bem-estar e exercício? Talvez seja melhor ver um ciclista, serra acima, possesso e com um cão no seu encalço ou um maratonista a rebocar outro pelos fundilhos! Será impossível estabelecer um convénio entre as autarquias e as escolas caninas para estender o adestramento a todos quanto precisam dele? Mais do que uma questão de princípio, esta é uma questão de justiça, considerando os direitos de cidadania e a existência dos animais que não deveriam ser jogados em saco roto. E nisto podíamos ser pioneiros, porque a necessidade é premente, terreno não nos falta e o investimento será diminuto. Num País pobre como o nosso (parece que agora já ninguém duvida disso, onde hoje se roubam cabos de telefone, batatas, couves e pimentos), não deveriam os adestradores militares e policiais ser colocados ao serviço da população, uma vez que são pagos por todos nós e neste momento a juros altíssimos? Qual será escolha mais razoável: a prevenção ou a repressão?
Enquanto tal não for possível e não existirem pistas municipais caninas, importa conhecer e desnudar as existentes nos centros cinotécnicos civis e militares, porque cada uma delas serve um ou mais propósitos e evidencia quais os seus objectivos, a sua filosofia de ensino e a razão de ser dos seus simulacros, intimamente ligados à natureza dos obstáculos, à sua combinação, disposição e benefícios. As pistas de obstáculos podem ser assim divididas (a grosso modo): tácticas, de manutenção, de competição, de exibição e de resgate e salvamento. Ainda antes da caracterização ou identificação de cada uma delas, queremos manifestar a nossa estranheza pelo desprezo actual relativo à ginástica cinotécnica, hoje erroneamente entendida como obsoleta e associada ao estoiro dos animais, o que tem levado a um menor conhecimento biomecânico e por consequência ao subaproveitamento e despreparo dos cães, desprezando em simultâneo a correcção morfológica e o robustecimento do seu carácter, benefícios interligados e indispensáveis ao melhor apetrechamento canino. A maioria das pistas actuais são de uma pobreza gritante, mais vocacionadas para o gozo dos donos do que pró benefício dos cães, onde a procura da modalidade ignora ou despreza a ginástica de base que melhor a subsidiaria. A somar a isto, lamentamos o abandono a que foram sujeitas muitas pistas militares, outrora verdadeiros símbolos das unidades e agora transformadas em paraísos para pardais e gafanhotos, isto porque os caracóis vêm agora de Marrocos. Caso contrário, também por lá andariam sem ser incomodados!
Sobre as pistas de competição e de exibição, que podem abraçar e contemplar disciplinas como o agility, a pistagem e a guarda, servindo ao mesmo tempo como pistas de manutenção, pouco haverá a acrescentar ao que é público e do conhecimento geral, porque estão na moda, são baratas e não carecem de actualização, estando por estas razões presentes em todo o lado. As pistas destinadas à prestação de socorro, ao salvamento e ao resgate são praticamente inexistentes em Portugal, porque acontecem a dois níveis: um à superfície e outro no subsolo, o que as torna dispendiosas e carentes da logística inerente à novidade tecnológica. O treino destas disciplinas, na ausência de pistas próprias, tem-se remetido a uns tantos obstáculos e exercícios específicos, à procura de simulacros no exterior e ao ávido embarque pràs calamidades alheias que acontecem um pouco por todo o mundo, quando à verba e não resulta em prejuízo para o serviço. A qualidade dos cães destinados a estas missões irá depender do número das suas participações, onde irão literalmente treinar e ganhar experiência, não raramente sem prévia preparação e surpresos pelo particular de cada situação. Contudo, em muitas áreas do salvamento e resgate, existem bons binómios (civis e militares) de créditos firmados em determinados serviços específicos tanto em terra como no mar. Em prol do povo e perante as alterações climáticas, responsáveis por fenómenos de estranha dureza e de consequências inesperadas, vemos com bons olhos o número crescente destes binómios entre os bombeiros.
As pistas tácticas são cada vez mais raras no nosso País (talvez os dedos de uma mão cheguem e sobrem para as contar), porque carecem de actualização, necessitam de maior investimento, reclamam por mais espaço (cerca de 1 hectare), os seus obstáculos e aparelhos não são fáceis de encontrar, a sua fabricação obriga ao uso de diferentes materiais (de acordo com os encontrados no quotidiano), e mais importante que tudo isto: dificilmente se encontrará quem as saiba montar de acordo a biomecânica canina e a sua capacidade de resolução, pois não sobra por aqui saber e experiência para tal. Mas antes assim, porque doutro modo seriam os cães a pagar as favas, porque a endurance tem regras, exige um crescimento gradual e baseia-se nos princípios gerais da pedagogia de ensino, não pode ser encarada de ânimo leve e exige dos binómios superior aplicação, condições difíceis de encontrar à partida num mundo dominado pela subjectividade. Graças ao seu avultado custo e à ignorância das suas vantagens, a começar pela hidroterapia e indo pela fisioterapia adiante, raríssimos são os centros caninos que têm piscinas para oferecer aos seus alunos, o que não deixa de ser um terrível contra-senso face à necessidade da correcção morfológica, da recuperação de lesões e de um melhor apetrechamento, para já não se falar da própria sobrevivência animal, porque nem todos os cães sabem nadar e muito poucos o fazem correctamente (com a totalidade dos membros abaixo da linha de água).
O que caracteriza as pistas tácticas é a multivariedade de obstáculos que possibilita o melhor aproveitamento interdisciplinar, dispostos de acordo com os desafios do quotidiano e apostados na sobrevivência animal, afim de garantirem os graus de operacionalidade e os indíces atléticos para as distintas funções caninas. Uma pista táctica sempre compreenderá obstáculos de pré-treino e correcção morfológica (ali tratados como aparelhos), obstáculos de índole ou carácter, técnicos e específicos, dispostos estrategicamente e em sequências evolutivas, visando acções relativas à competição, exibição, pistagem, salvamento, resgate e evasão, melhor subsidiando os cães guardiões, indiciando reprodutores capazes e operando em simultâneo o socorro binomial ou o necessário a cada um dos seus membros isoladamente. Como a pista táctica carece de actualização e reproduz em laboratório as dificuldades encontrados no dia a dia dos cães, ela é ao mesmo tempo de manutenção e de inovação, porque recapitula e transforma os códigos de acordo com as necessidades, evitando assim a surpresa causada pela novidade dos desafios, já que o objectivo primordial do adestramento é a sobrevivência animal. A supressão deste propósito no treino canino sempre nos remeterá para a actividade circense e transformará as escolas em verdadeiros ATL’s.
Como não poderia deixar de ser, os percursos de evasão sempre farão parte integrante de uma pista táctica, porque os cães estão sujeitos ao roubo e os donos poderão precisar deles para serem resgatados, o que obrigará à construção e uso de obstáculos específicos para esse fim. O concurso aos percursos de evasão dotará os cães de meios para o desencarceramento binomial e facilitará o seu retorno a casa, quando indevidamente perdidos, retidos, capturados, amarrados ou detidos e entregues a si próprios. A natureza dos obstáculos deverá suscitar todo um conjunto de acções que se irão transformar em requisitos caninos para a evasão. Estamos a falar do corte de arame e corda, de escalar e escavar, de nadar, de rastejar, retraçar, saltar e de outras mais. O suporte destas acções virá da ginástica cinotécnica e alcançará a endurance, porque de outro modo seria muito difícil suportar as diferentes sequências de obstáculos que propiciam a evasão. É evidente que por detrás de tudo isto se encontra e procura a obediência inquestionável, enquanto base e pré-requisito de todo e qualquer adestramento. Muitas das acções tidas como de evasão estão presentes nos cães mais instintivos ou naqueles que foram seleccionados para uma determinada função, resultando assim de forma automática e dispensando para o efeito de qualquer tipo de ordem, o que tanto pode constituir-se numa vantagem como numa desvantagem, consoante se considere o seu aproveitamento ou uso desautorizado, o que nos remeterá mais uma vez para o superior aproveitamento na disciplina de obediência. A aprovação nos percursos de evasão possibilitará ainda acções ofensivas e defensivas, onde a autonomia condicionada dos cães poderá vir a revelar-se indispensável, quer substituindo a presença dos seus condutores ou complementando o seu trabalho. O treino da evasão é uma obrigação e não uma opção, a menos que queiramos ficar sem cão!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

JUGO E GRATIDÃO

Apesar da amizade dos cães não ser desinteressada, a tanto lhes impele o instinto de sobrevivência, eles são extremamente gratos e não se esquecem daqueles que os trataram bem. Pela mesma razão e de igual modo, dificilmente esquecerão aqueles que os ignoraram ou maltrataram, podendo inclusive, um dia mais tarde, tomá-los de ponta e procurar um ajuste de contas, porque vivem em constante aprendizado e tomam a experiência como lições de vida. A ausência da perspectiva de futuro reforça a importância do passado e cada cão encontra-se cativo as marcas do seu trajecto, quer ele tenha sido isolado ou acontecido na companhia de outros cães. Isto relega-nos para a importância do imprinting, período que decorre entre o nascimento e os 50 dias de vida de um cachorro, altura em que grava a primeira experiência de sociabilização com os humanos através da pessoa do seu criador, personagem que esquecerá ou não, dependendo isso dos cuidados que ele lhe dispensou nessa ocasião. A experiência feliz, mercê da gratidão e para além doutras implicações, levará o cão a reconhecer o seu criador e a nunca se esquecer dele, por mais árduo que tenha sido o seu treino ou a delonga na sua separação. Inversamente, os criadores menos zelosos e pouco implicados, cedo serão esquecidos, poderão vir a ser encarados como desconhecidos e merecer dos cães alguma suspeita, particularmente quando o compromisso dos novos proprietários for substancialmente mais rico e afectuoso em relação ao havido com a ninhada.
Por outro lado, a aquisição de um cachorro depois dos 6 meses de idade, poderá apresentar algumas dificuldades acrescidas na aceitação do novo dono, por causa das regras e do tipo de hierarquia assimilados até então, enquanto bases do seu viver social que naturalmente resistirá à mudança. É evidente que tudo irá depender da experiência directa do cão, do tipo de adopção a haver, da qualidade da adaptação e da excelência do novo proprietário, mais apostado no bem-estar do animal do que na recolha de benefícios pessoais, atitude indubitável de reforço positivo.
A libertação do jugo que naturalmente culmina com o abandono de alguns cães, tornados assim vadios e ávidos de protecção, torná-los-á gratos em qualquer idade, aceitando de “braços abertos” a adopção e a pessoa que a assume, porque a transição para melhor acontece naturalmente e o inverso só é possível pelo uso da força. O primeiro processo induz à felicidade e à gratidão, o segundo à infelicidade e ao medo. Só a gratidão de um cão poderá operar o seu total aproveitamento e uso, possibilitar-lhe a adopção de respostas artificiais e provocar-lhe uma parceria autêntica e incondicional. Assim é com os cães, assim é com os homens também!

OS GENERAIS KLINKERHOFFENS DA WEHRMACHT CASEIRA

Não queremos aqui desprestigiar o bom trabalho do actor britânico Hilary Minster na série da BBC ‘Allo ‘Allo, que esteve no ar de 1982 a 1992, mas aproveitar a sua personagem para identificar outros generais Klinkerhoffens, também eles caricatos, que abundam pela cinotecnia, clientes de outras guerras e dominados igualmente pela ficção. Na realidade deste País de brandos costumes, sempre sobram alguns indivíduos mais bélicos e conflituosos, gente que irá usar os seus cães para o alcance da wehrmacht caseira, transformando-os em picadores de carne e pagando para que tal aconteça, mesmo que nada tenham para guardar ou não lhes seja reconhecido qualquer inimigo. Esta plebe abomina injustificadamente a disciplina de obediência e reclama por brevidade, pula de escola em escola e sempre acabará por encontrar quem lhe satisfaça o nefasto desejo, mesmo diante da impropriedade dos seus cães e do seu descontrolo. Se há cães que exigem um controlo absoluto e uma obediência inquestionável, exigindo em simultâneo donos atentos, activos e responsáveis, eles serão certamente os destinados à guarda, porque são armas, causam sério dolo e podem ser letais, o que face aos “acidentes” causados transformará qualquer desculpa numa banalidade. Comparando os cães do passado com os actuais, considerando ao mesmo tempo o trabalho dos seus mestres, talvez os do presente mordam mais, mas são significativamente menos obedientes e mais imprevisíveis. Entre o sonho e a realidade, porque o primeiro tende a omitir as dificuldades, há que considerar as vítimas e o futuro dos animais. Que tal dar um churro a certos donos para que mordam até cansar?

O DESPERTAR DA NOITE

Causa-nos alguma surpresa que muitas escolas caninas não laborem à noite ou não providenciem actividades nocturnas para os seus binómios, desprezando dessa forma as vantagens que ela oferece para o policiamento e prá detecção, enquanto ecossistema privilegiado para a obtenção de respostas naturais inerentes ao ofício guardião. O particular da noite tende a consertar a distracção e a dispersão diurnas, induz à potenciação sensorial canina e acciona os mecanismos que a sustentam, reforçando dessa forma os vínculos binomiais e os seus propósitos pelo superior desempenho dos cães. O hábito do trabalho nocturno acelera a absorção dos conteúdos de ensino e reforça as induções indispensáveis aos cães de protecção civil (guarda, defesa e alarme), funcionando como o melhor dos simulacros para essas investiduras ou atribuições. E como nestas coisas não há como ver para querer, experimente sair à noite com o seu cão, sente-se num banco de jardim com ele ao lado, e veja se há verdade naquilo que agora dizemos. Se por acaso adormecer, não se preocupe, o cachorro acordá-lo-á se houver necessidade disso. Estamos no Verão, as noites são serenas e convidativas – vale a pena experimentar!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

OLHOS VIDRADOS, BOCA ABERTA, ESTENDIDO E COM UMA POÇA DE SANGUE À SUA VOLTA

Algumas ruas deveriam chamar-se “dos cães mortos”, porque nelas sempre vêem cães atropelados, de olhos vidrados, boca aberta, estendidos e com uma poça de sangue à sua volta, permanecendo à beira das estradas por alguns dias, com a carcaça descolorada, a língua a deteriorar-se, os olhos baços, carregados de moscas e exalando um cheiro nauseabundo. Como nem todos aguentam a imagem, muitos viram a cara para o lado e tentam distrair-se pensando noutras coisas, muito poucos os levantarão e lhes darão descaminho, nem que seja até ao contentor do lixo mais próximo. A infelicidade não escolhe raça, cor, tamanho, sexo ou idade, nem todos os assim abatidos foram vadios e muitos deles foram amados, tiveram uma casa, uma família e um dono. Destes, não menos importantes que os outros, a causa do infortúnio resultou-lhes da fuga, da irresponsabilidade dos donos e da sua falta de preparo, gente pouco ou nada precavida, que entregou e continua a entregar a vida dos seus companheiros à sorte – à má sorte! Apesar do terrível desfecho, amiúde e um pouco por toda a parte, vêem-se donos a soltar cães em parques e jardins ao longo de estradas muito movimentadas, sem terem a certeza do seu retorno e sujeitando-os a um fim indesejável, quase certo e previsível, como se a insanidade não tivesse remédio, o perigo não espreitasse e a solução não fosse possível. Diante do desastre, importa dar combate à ignorância, salvar os cães e convidar todos os proprietários caninos para os bons ofícios da escola canina mais perto das suas residências, porque dela virá o auxílio e todas saberão certamente como resolver o problema. Até lá, se não tem como garantir o retorno pronto do seu cão, por favor não o solte e não ponha em risco a sua vida e a de outros. Importa diminuir a mortalidade canina nas estradas e você pode contribuir para isso, previna-se!

terça-feira, 5 de julho de 2011

SÃO AS CADELAS DELA (DA LILIANA) E ESTÁ TUDO DITO!

As cadelas da Liliana, a Kaya e a Kelly, são únicas entre nós, porque são irrequietas, provocam algazarra e estão constantemente a ladrar. Enquanto os outros cães dormem ou permanecem quietos e calados, logo elas se fazem ouvir de forma estrondosa, a qualquer hora do dia ou da noite, em diferentes locais ou em diversas circunstâncias. A Kaya está a mudar o comportamento e breve a Kelly seguir-lhe-á o exemplo. Se por acaso virem em Lisboa um Fiat 500 vermelho, conduzido por uma jovem e com dois cães barulhentos atrás, podem ter a certeza que se trata da Liliana e das suas cadelas. A irreverência das três traz alegria à Escola e prima pela diferença. Aqui na fotografia aparecem mudas e quedas, numa aparência bem distante da sua realidade. Estarão cansadas ou a posar para o boneco?

WALKÜREN AUF DEM SCHLACHTFELD

As valquírias captadas pela imagem não são servas de Odin, não têm nomes como Brynhild, Herfjotur, Svana ou Gunnr, não vieram escolher os bravos caídos e levá-los para o Valhala, são condutoras caninas e abraçaram o combate, uma como líder e a outra como figurante, respectivamente a Célia e a Mª João, uma esteticista e a outra arquitecta. Os simulacros têm destas coisas e quem quer ser lobo… tem que lhe vestir a pele! As senhoras mostraram-se à altura e cumpriram as suas incumbências e objectivos, entendendo o treino como rigor e dando o máximo de si próprias. Com mulheres assim, os homens que se cuidem!

MASTER: O REGRESSO DO BOM GIGANTE

O CPA Master, agora com sete anos de idade, é oriundo da última ninhada produzida pela Acendura Brava, que não foi registada no LOP porque foi tirada a partir da infusão do factor branco a 1/8, segundo o propósito do retorno aos cães do início do Sec.XX. É um cão grande (mede 68 cm e pesa 40 kg), possui um forte impulso ao conhecimento, é extremamente equilibrado, denota uma certa aristocracia (será da transferência física e anímica do dono para o cão?), mostrou-se um companheiro ideal e participou nas brincadeiras das crianças.
Rijo nos ataques, cioso dos seus pertences e dos valores do dono, acabou por mostrar também a sua outra faceta, a de protector da criançada, com quem conviveu e aturou as suas madurezas, tal qual bom gigante de uma fábula inesquecível. Vimo-lo correr entre os pequenos e a nadar com eles, como se os conhecesse desde sempre e fizessem parte do seu agregado familiar. Há cães assim e o Master é mostra disso.

A IMPORTÂNCIA DA POLICROMIA LOCAL PRÒ POLICIAMENTO CANINO

Um dos itens a não desprezar na instalação do cão guardião é a policromia das cores do local a policiar, porque o cão deverá ver tudo e não ser visto. Para que isso aconteça é necessário garantir a sua camuflagem, harmonizar a sua pelagem com a do ambiente à sua volta. Se não houver esse cuidado e a silhueta do animal for por demais visível, o policiamento canino poderá resultar ineficaz e a eliminação do cão vir a acontecer sem maiores dificuldades. A foto acima adianta o casamento perfeito entre o cão e o local, condição indispensável para a segurança do guardião e daqueles que nele confiam.

TIRO E DESARME

Foi desta que eliminámos o medo dos tiros, porque os associámos ao ataque lançado. Somente um cão terá que retornar à primeira fase e merecer outros cuidados. Daqui para a frente evoluiremos para o contra-ataque armado e apostaremos no desarme do agressor. Os tiros foram dados em diferentes momentos e culminaram no momento exacto da captura. Ninguém largou a manga e até houve bichos que tentaram abocanhar os invólucros.

ACAMPAMENTO NAS TERRAS DE D. JORDÃO

D. Jordão, um nobre francês provavelmente proveniente da Aquitânia, da região entre os Pirinéus, o Sèvres, o rio Loire e o mar, integrou-se na Segunda Cruzada e acabou por participar na tomada de Lisboa aos mouros em 1147, ajudando assim D. Afonso Henriques nessa conquista. Graças a essa participação e à sua amizade com D. Lourenço Vicente, tornou-se no primeiro donatário da Lourinhã, privilégio alcançado em 1157 e confirmado por carta do 1º Rei dos Portugueses em Março de 1160. Acampámos na Lourinhã, nas terras de D. Jordão, debaixo da coordenação do Monitor Tiago Soares, na Casa da Várzea, propriedade do Sr. Dr. Zé Gabriel, nos dias 1, 2 e 3 do corrente mês. O objectivo principal desta deslocação foi o do robustecimento dos cães destinados à guarda. Em paralelo e como subsídio, desenvolvemos outras disciplinas e levámos a cabo duas aulas teóricas. As crianças usufruíram da piscina e o grupo escolar primou pelo companheirismo. O carácter dos guardiões saiu robustecido e o pessoal da cozinha excedeu todas as expectativas. Parabéns ao Rodrigo Coito, porque pela primeira vez conseguiu concluir 14 km de marcha sem interrupções. A segurança do acampamento decorreu sem novidades e o mérito também se deveu ao Rui Meneses, que mais uma vez desempenhou o cargo de Chefe de Segurança de forma irrepreensível. O Flick levou de vencida o medo aos tiros e o Francisco comportou-se à altura. A Kaya fez o seu primeiro ataque lançado e a Mª João Lobo serviu de cobaia, para além de motorista de dia e responsável pelo pão matinal. A Fátima mostrou as suas qualidades culinárias e o Master encantou. Um bom acampamento!

PERFEIÇÃO E ESPELHO DE SOLO

Neste II Acampamento de Verão dedicámos algum tempo à correcção dos automatismos de imobilização, valendo-nos para isso do concurso ao Espelho de Solo. Desenhámo-lo com fita de pintor sobre a tijoleira adjacente à piscina que colocaram à nossa disposição. A marcação coube à Joana e todos os binómios ali se exercitaram, eliminando erros, corrigindo posturas e encontrando soluções, desnudando dessa forma incorrecções, vícios e menos valias, não raramente ligados a uma sofrível mão de condução. Ao compreenderem a natureza dos seus erros, todos melhoraram o seu desempenho. Para a histórica fica a imagem

O QUE QUERES SER, QUANDO FORES GRANDE?

A Carolina e a Sancha fizeram do acampamento uma rara ocasião para a brincadeira, dificilmente pararam quietas e a piscina acabou por seduzi-las. Tagarelaram que se fartaram (e aos outros também), inventaram jogos, trocaram de papéis e imaginaram-se gente grande, tal qual miúdos a aprenderem a ser homens. Numa rara ocasião de sossego, ouviu-se uma pergunta: “O que queres ser, quando fores grande?” Queira Deus que venham a ser bem sucedidas, que o futuro lhes sorria e que em tudo venham a ser vitoriosas. Da nossa parte tudo faremos para que isso aconteça.

O “JOGO DO MOTIM”: JOANA À ÁGUA!

Sempre tentamos dar um carácter lúdico às nossas actividades, para que a concentração aumente e a boa disposição se faça presente. Desta vez optámos pelo “jogo do motim” e dividimos a classe excursionista em três grupos, procedendo à eleição de um líder em cada um deles, como se de uma tripulação marítima se tratasse. Foi-lhes entregue um questionário com 100 perguntas, segundo as disciplinas ou complementos curriculares que ensinamos (10), e estabelecemos que a equipa que mais errasse, veria o seu capitão jogado à água, borda fora. O menor aproveitamento foi de 87% e duas equipas ficaram empatadas, ainda que por lapso de alguém, fosse surripiado um ponto à equipa capitaneada pela Joana Moura, o que a condenou a um banho forçado. A imagem captou esse momento e a justiça à Joana não tardará!

QUEM DISSE QUE ELES NÃO NOS ENTENDEM?

Graças às características do CPA Black, um cachorro muito especial, o Rui Meneses está a aprender o rito da comunicação interespécies. O mestre canino é de primeira e o dono está a esmerar-se. Dentro em breve terão um entendimento quase perfeito ou autêntico, baseado na mímica e quase telepático. Vale a pena observar a expressão do cachorro. Saberá alguém o que estava a sugerir ou a tentar compreender? Estamos convencidos que a reacção surgiu como resposta a um estímulo.

PREPARADOS!

O momento que antecede os ataques lançados lembra o silêncio e a expectativa que antecedem a trovoada, os cães permanecem quietos e calados, tensos e concentrados, olham todos na mesma direcção e aguardam o surgimento do figurante. Depois…é a trovoada, o ladrar acutilante e alucinante que a todos contagia. A objectiva da Ana Costa captou um desses momentos de suspense e sente-se que alguma coisa paira no ar.

SUPER-MÃE, COZINHEIRA, CONDUTORA, ESTUDANTE E GUARDA

Carregou literalmente dois filhos às costas, aceitou a incumbência da cozinha, participou em todos os eventos do acampamento, fez-se presente nas aulas teóricas e ainda realizou o seu turno de vigilância durante a noite com o CPA Igor. Apraz-nos soltar um velho slogan televisivo: “palavras para quê, é um artista português!” Estamos a falar da Célia Coito, uma jovem mulher incansável, que abraça causas e que se dedica à família, uma “acendra” com letras maiúsculas e uma super-mãe. Só um coração generoso poderia suportar tanto. Com justiça, vale a pena desejar-lhe o dobro daquilo que ela nos tem dado.

A FÁTIMA DOS MILAGRES

Operada a um carcinoma por debaixo do olho esquerdo e com meia cara tapada, 24 horas depois, a Fátima fez-se presente no acampamento, onde labutou na equipa de cozinha e participou na passeata nocturna de 14 quilómetros, acompanhando o Jorge que conduzia a CPA Brownie. Dormiu na tenda e fez petiscos, ajudou os mais atribulados, irradiou disponibilidade e simpatia: uma convalescença em cheio! Se de Fátima vêm milagres, a nossa acabou por realizar um!

TRABALHO E DESCRIÇÃO

A Ana Costa é um elemento neutro esquecido pelas câmaras dos nossos fotógrafos, uma pessoa discreta que evita o protagonismo e tenta passar despercebida. Apesar da sua incansável labuta, raramente damos pela sua presença e nos lembramos dela, como se estivesse ausente, formasse à parte ou pertencesse a outro filme. Talvez não seja fotogénica, pessoa de grandes palavras e gestos, mas dignifica o que faz, sempre traz consigo uma palavra amiga (ainda que tímida) e não foge ao trabalho. Trabalhou muito neste acampamento, secundando o Rui e valendo ao Black, saltou para a cozinha e socorreu-nos, dedicou especial atenção às crianças e nunca lhe ouvimos qualquer queixume. Mais uma vez, a sua participação iria ser ignorada, não fosse a Célia ter reconhecido o seu trabalho. Se a Acendura está cá para servir, então a Ana, melhor do que ninguém, encarna esse espírito e toma-o como modo de vida. É preciso estar atento para valorizar a humildade, especialmente quando não esquecemos quem nos atormenta e ignoramos quem nos serve. Ana, aceita a nossa homenagem e não cores, é de ti que estamos a falar e és digna do nosso louvor. Obrigado.

UMA LOBA NA TERRA DE OUTRA

Protegida pela manga e munida de uma pistola de alarme de 8mm, a Mª João Costa Lobo fez-se aos cães com bravura, tal qual loba acossada por uma matilha, a lutar para se manter de pé. A adrenalina foi muita e os cães inebriaram-se com ela, o Flick, o Nick e o Yoshi investiram duramente, os cachorros seguiram-lhes o exemplo e a João transfigurou-se. No meio da contenda deu algumas gatilhadas, mas aceitou de peito firme as investidas de que foi alvo (e não foram assim tão poucas). À pretensa loba da Lourinhã, a Acendura juntou mais outra, esta de nome e de alma, e não foi preciso chamar a banda para tocar ao bicho, coisa acontecida quando a histórica loba, afinal uma cadela CPA, foi abatida e se mandou chamar a banda, que devido ao logro e indevidamente, ficou conhecida pela “banda do toca ao bicho”. Por causa disso e até hoje, os lourinhanenese não querem ouvir falar na loba e muito menos ver assim tratada a sua banda. Bicho por bicho, afortunadamente, os dinossauros vieram em seu socorro. Há sempre alguém que escreve direito por linhas tortas!

FASHION AND GLAMOUR

Fomos nós, os portugueses, que ensinámos os ingleses a beber chá, mas o chá que aqui trataremos é aquele ligado à classe, à descrição e às boas maneiras, que normalmente vem de berço e pode ser aperfeiçoado ao longo da vida. Tal é o caso do Dr. Zé Gabriel, nosso aluno e condutor do CPA Master, um amigo que possui um carisma muito próprio e que embeleza as nossas realizações. Mais uma vez fez-se presente e vemo-lo a preparar-se para um ataque lançado, numa postura serena, como quem sabe o que quer e para o que vai. Graças a ele, o II Acampamento de Verão da Acendura foi possível, disponibilizando de imediato as suas instalações na Casa da Várzea, local do nosso apreço e que reúne todas as condições para a excursão. Para além dos nossos agradecimentos, queremos felicitar este nosso amigo pelo zelo dedicado ao Master, agora na meia-idade e nem por isso menos radioso. Desejamos para ambos as maiores felicidades e longevidade, que permaneçam entre nós por muito tempo e que emprestem ao que fazemos o brilho que necessitamos. Parabéns e obrigado!

VIGÍLIA NOCTURNA: LAÇOS AFECTIVOS E REFORÇO POLICIAL

Para que servem os nossos acampamentos? O que procuramos neles? Porque fazemos vigílias nocturnas? Como as perguntas são pertinentes, importa dar-lhes resposta. Os nossos acampamentos servem para manter o espírito de grupo e coesão entre os condutores da nossa Escola, escalonando-os de acordo com a sua importância e mais-valia, para aumentar a autonomia da classe escolar e realçar o contributo de cada binómio. Para além deste enquadramento, procura-se o reforço dos laços afectivos binomiais pela comunhão de vida, já que durante a realização destes eventos cães e homens dormem lado a lado, constituem-se em equipa e abraçam novos desafios num território que lhes é estranho, instituindo assim a aceitação da liderança como resposta natural.
As vigílias nocturnas, normalmente designadas como serviço de protecção e segurança, são turnos de sentinela binomiais com uma duração de duas horas, normalmente em dois locais diferentes: um ao acampamento propriamente dito e outro ao parque automóvel (local reservado para o parqueamento das viaturas dos participantes no evento). Procura-se o reforço policial canino e um melhor conhecimento do animal por parte do dono, benefícios que geralmente acontecem e que accionam nos cães, de modo mais célere e pronto, os seus mecanismos de alerta e protecção, mercê da supremacia sensorial sobre o particular da noite. Ainda empreendemos uma caminhada geral nocturna para o aumento dos indíces policiais, geralmente em locais ermos, mal iluminados e distantes das povoações, a altas horas e por diferentes trilhos. Como resultado de tudo isto, os cães saiem mais fortes e os donos mais seguros.

O NINHO E O ATIRADOR

O Yoshi não gosta de disparos e vemo-lo a sair do ninho para o contra-ataque, furioso e ávido de desarmar o intruso. O gesto do cão faz lembrar o antigo manual do combatente, o relativo às tácticas de infantaria no que se refere aos ninhos de atiradores. A disciplina de guarda estabelece uma clara diferença entre esconderijo e ninho de um cão, sendo o primeiro destinado à ocultação do animal e o segundo ao seu ponto de vigia. Neste caso, as palmeiras derrubadas serviram o segundo propósito e possibilitaram uma foto de rara beleza, desnudando o preparo do cão e a sua intensidade.

UM JOVEM TRANSMONTANO NA PÁTRIA DO CARACOL SALOIO

O Francisco Marques é um jovem que vive num concelho saloio e que adora Pastores Alemães. Neste momento tem dois: o Nick e Lara. É descendente de transmontanos e isso está-lhe na alma e na cara. Tudo faz para participar nas nossas actividades e aplica-se nas lições, é educado e disciplinado, pontual e oportuno. Aqui descobriu uma amiga: a Liliana Reis, companheira de brincadeiras nos momentos de lazer. Breve vai começar o treino da Lara, uma cachorra CPA preto-afogueada, filha do Rocky e da Teka. Apesar das suas poucas primaveras (12), ele tem demonstrado uma responsabilidade acima dessa idade e tem trabalhado de igual para igual com os adultos, sendo por tudo isso a nossa coqueluche e objecto do maior dos nossos cuidados. Todos o adoram e ele é merecedor do apreço que lhe dedicam, porque quer aprender, mostra disponibilidade e não nos cria qualquer entrave. Vemo-lo aqui com o Nick, que o vê como um deus e o maior dos seus bens, protegendo-o contra tudo e contra todos.

A ACENDURA NO JORNAL FONTE NOVA DE PORTALEGRE

A passagem da Acendura por Portalegre foi assinalada pelo jornal Fonte Nova, que lhe dedicou ¼ da sua última página do Nº 1831, de Terça-Feira, dia 26/06/2011. Agradecemos à Direcção daquele Semanário da Região de Portalegre o interesse que nos dispensou, desejando-lhe a continuação do bom trabalho jornalístico, importante para a região e que a liga aos centros urbanos e a todas as partes do País, tanto pela notícia quanto pelo esclarecimento. Bem-Haja.