segunda-feira, 13 de julho de 2009

Para onde irão eles?

As cidades estão repletas de idosos. Grande número deles tem um animal de companhia, para combater a solidão e teimar na sua reinserção social. Gatos e cães são seus confidentes, companheiros presentes face à ausência dos familiares mais próximos. Os animais garantem-lhes a independência, o direito à existência para além do fatídico lar que sempre espreita. Através dos bichos estabelecem novas amizades e ousam sair à rua, sentem-se necessários e agrada-lhes o compromisso. As idas ao veterinário são uma rara ocasião de convívio, algo que eles não dispensam, porque estão vivos e querem sentir-se úteis. E porque as pernas já tiveram melhores dias, os seus bichos são geralmente obesos, tão pachorrentos quanto aos donos e pouco dados a novas amizades. Quando os donos morrem, para onde irão eles? Grande número é sentenciado à morte, via injecção letal, porque a vida não está para veleidades e os que cá ficam têm mais que fazer. Cães e gatos continuam a morrer em silêncio, diariamente e sem disso darmos conta. Apraz-nos perguntar porquê, porque causamos vítimas na hora da nossa morte. Não podemos continuar assim, deverá a generosidade animal ser recompensada com a pena capital? Quem será irracional?

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