A face dos rafeiros está a mudar, os do passado nada têm a ver com os do presente e a novidade espreita a cada esquina. Há 50 anos atrás, os rafeiros descendiam das raças de uso mais comum, de perdigueiros, podengos, galgos e de diferentes molossos. No Sul proliferava um rafeiro, hoje desaparecido: o quatro-olhos, um cão tipo molossóide, de pelo comprido, maioritariamente negro e com duas pequenas manchas afogueadas sobre os olhos. Hoje os nossos rafeiros descendem de outras raças, maioritariamente importadas e reflexo do aumento da riqueza, algo a que a década de 90 do Século passado não é alheia. É comum ver-se mestiços de CPA, Rotweiller, Husky, Pequinois, Cockers, Pinsher, PitBull, Dálmata, entre tantos outros. Quais as implicações disso?
A primeira implicação aponta para a diminuição da biodiversidade canina, o que em termos de saúde animal constitui um problema, considerando a transmissão genética e a sua dependência em relação a um escasso número de indivíduos. No adestramento assistimos a uma relação paradoxal, porque os rafeiros são mais dependentes, o que é bom e menos atletas, o que é de todo reprovável. A perca de autonomia é acompanhada pela fragilidade física ou psicológica, presente nas raças originais, fruto da selecção humana e distante da natural. Assim, por detrás de um comum SRD, pode esconder-se um super-campeão de beleza, um ilustre cão de trabalho ou um frágil cão miniatura. O rafeiro que era tudo em geral e pouco em particular, transformou-se num indivíduo de dominâncias: um mestiço.
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