terça-feira, 22 de maio de 2012

A PARAGEM DO TEMPO ÀS 10 PARA AS DUAS

Há quem diga e nisto parece ter alguma razão, que os cães de trabalho são normalmente feios e mal-amanhados, toscos de morfologia e de qualidade duvidosa, isto se considerarmos que nas classes ditas laborais, pelo menos na nossa latitude, superabundam cães com essas características. Ninguém duvida que existem por cá excelentes exemplares de trabalho, que juntam à aptidão uma morfologia invejável, contudo são muito poucos. Paralelamente, os canicultores de cães de utilidade parecem não se preocupar com isso, produzindo animais com uma biomecânica desprezível onde sobressaiem desaprumos de toda a ordem que irão gerar animais côncavos e por isso mesmo impróprios. Dá ideia que o relógio parou em Portugal às dez para as duas para os criadores de cães de trabalho, considerando o número de exemplares que apresenta o peito estreito ou invertido, abatimento de metacarpos e mãos divergentes, incapacidades responsáveis pelo selar do dorso, pelo desprendimento de bolsas de líquido sinovial e pelo aparecimento de higromas, dando a idéia que o cão de trabalho já nasce estoirado pelo serviço. Sabe-se que na maioria dos casos o problema não é genético e resulta da falta de acompanhamento dos cachorros, verdadeiros sobreviventes sujeitos à subnutrição e isentos do parecer médico-veterinário. Está mais do que na hora de dar corda ao relógio e apostar na criação de exemplares capazes, capazes de nos surpreender e capazes para o serviço que deles esperamos.

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