Há quem
diga e nisto parece ter alguma razão, que os cães de trabalho são normalmente
feios e mal-amanhados, toscos de morfologia e de qualidade duvidosa, isto se
considerarmos que nas classes ditas laborais, pelo menos na nossa latitude,
superabundam cães com essas características. Ninguém duvida que existem por cá
excelentes exemplares de trabalho, que juntam à aptidão uma morfologia
invejável, contudo são muito poucos. Paralelamente, os canicultores de cães de
utilidade parecem não se preocupar com isso, produzindo animais com uma
biomecânica desprezível onde sobressaiem desaprumos de toda a ordem que irão
gerar animais côncavos e por isso mesmo impróprios. Dá ideia que o relógio
parou em Portugal às dez para as duas para os criadores de cães de trabalho, considerando
o número de exemplares que apresenta o peito estreito ou invertido, abatimento
de metacarpos e mãos divergentes, incapacidades responsáveis pelo selar do
dorso, pelo desprendimento de bolsas de líquido sinovial e pelo aparecimento de
higromas, dando a idéia que o cão de trabalho já nasce estoirado pelo serviço. Sabe-se que na maioria dos casos o problema não é genético e resulta
da falta de acompanhamento dos cachorros, verdadeiros sobreviventes sujeitos à
subnutrição e isentos do parecer médico-veterinário. Está mais do que na hora de dar corda ao relógio e apostar na criação de exemplares capazes, capazes de nos
surpreender e capazes para o serviço que deles esperamos.
terça-feira, 22 de maio de 2012
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