Gostaríamos que o episódio que vamos narrar nunca tivesse acontecido, que fosse obra de ficção ou uma simples parábola. Infelizmente a história é verdadeira, repete-se vezes sem conta e tarda em desaparecer. Ao anoitecer um jovem sai com a sua cachorrinha à rua, não se vê vivalma, a noite cai serena e a escuridão impera. Deliciados pela companhia um do outro, homem e cachorra circulam felizes, atrelados e entregues à afeição que os une, felizes pelo trajecto comum na evasão que ele oferece. Inesperadamente e vindos não se sabe donde, surgem cinco cães caçadores, quatro bracos alemães e um epagneul breton, que de imediato se lançam sobre a cachorrinha atrelada de 4 meses, atacando-a em matilha e furiosamente, como se de uma espécie cinegética se tratasse. Apesar dos esforços do dono (aflito, desarmado e surpreso), que em vão tenta afastar os predadores, os ataques sucedem-se, um atrás do outro e cada um deles pior do que o primeiro. De barriga para o ar e totalmente vulnerável, a pobre cachorra suporta todas as investidas, o seu dono temendo o pior, opta por gritar e pede socorro. O caçador quebra o silêncio e finalmente chama os cães, sem tão pouco se inteirar ou interessar pelo estado da pobre cachorra, numa atitude clara de indiferença do tipo “que se exploda!” Milagrosamente a cachorrinha sobrevive, sujeita a umas quantas costuras e à perfuração dos pulmões. Contudo o seu estado é crítico e o seu internamento torna-se urgente. Encontra-se agora em recuperação e indicia que irá recuperar, oxalá que completamente. O caçador nunca se fez presente, apesar de morar perto do proprietário da desafortunada convalescente. Exactamente por ser vizinho e querer salvaguardar uma política de boa vizinhança, o proprietário da cachorra não apresentou queixa, o que nos soa a estranho atendendo aos seus direitos, à gravidade dos ferimentos infligidos e ao bem-estar dos demais cães nas redondezas. Em situações como a ocorrida, dependendo da idade e do particular de cada animal (sexo, robustez e estado físico), desde que daí não resulte maior dano para os cães tornados vítimas, aconselha-se que se peguem os cachorros ao colo perante ataques deste género e que desatrelem os adultos para melhor se defenderem. Em qualquer dos casos, porque estamos perante a investida instintiva de uma matilha animal e em desvantagem numérica, os proprietários dos cães constituídos em presa deverão auxiliar os seus companheiros no contra ataque, respondendo às agressões com uma intensidade igual ou superior àquela de que eventualmente virão a ser vítimas, o que infelizmente não está ao alcance de qualquer um. Um condutor mais experimentado conseguirá identificar qual o cão indutor aos ataques, o despoletador das acções, escolhendo-o como alvo da sua resposta, o que naturalmente e após o dolo infligido levará à debandada do grupo. De qualquer modo e atendendo às possíveis consequências ou transtornos de vária ordem, convém que a escolha dos percursos prà excursão binomial não reserve surpresas tanto para homens como para cães. Primeiro há que reconhecer o terreno e aquilatar os riscos, tarefa melhor alcançada durante o dia. Circular em áreas bem iluminadas possibilita uma defesa mais atempada, pronta e apropriada, já que os perigos de emboscada são menores. Todo e qualquer percurso deverá permitir uma visibilidade mínima de 50 metros ao seu redor e em todas as direcções, o que só por si conseguirá dissuadir o ataque de um ou mais submissos, normalmente a trabalhar na frente do cão dominante, carenciados de camuflagem e peritos em ataques de surtida. Aqui como na vida, mais vale prevenir do que remediar.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
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