Pela inquirição do “encantador” ficamos a saber que o Garrett foi objecto dum adestramento inconclusivo, de uma cirurgia ineficaz e sujeito ao Prozac, que ao momento apenas saía duas vezes por semana e que no passado chegou a sair todos os dias em excursões de 3 a 4 km, sem contudo ter alcançado o “junto” alguma vez. Com o tacto que a situação exigia e perante o desespero dos donos, cuja responsabilização em nada ajudaria, o terapeuta começa por enaltecer a excelência das qualidades laborais dos pastores alemães, da sua necessidade de trabalho, da importância da excursão diária e da necessidade que têm das rotinas, verdades que aceitamos e confessamos em género, grau e número. Quase como um mágico a tirar um coelho da cartola, o “encantador saca de uma mochila e coloca-a sobre o dorso do Garrett, dispondo-se depois a passeá-lo com esse apetrecho carregado de algumas garrafas de águas vazias em ambos os flancos. A saída para o exterior aconteceu à “arreata” (com os dois cães em paralelo e do mesmo lado), com a cadela entre o terapeuta e o Garrett, manobra que só por si impedia o cão de rodopiar, uma vez que a cadela se constituía em muro e o atraso do cão era veementemente solicitado, quer pela linguagem verbal quer pela indução da trela. A somar a isto importa reparar no tipo de estrangulador utilizado, acessório omisso de qualquer plano de pormenor, mas que contribuiu para o alcance quase instantâneo do “junto”, o que é caso para se dizer: “ novidades só no Continente!”
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
UM VÍDEO “ENCANTADOR” SOBRE A TERAPIA DO BARRIL
Pela inquirição do “encantador” ficamos a saber que o Garrett foi objecto dum adestramento inconclusivo, de uma cirurgia ineficaz e sujeito ao Prozac, que ao momento apenas saía duas vezes por semana e que no passado chegou a sair todos os dias em excursões de 3 a 4 km, sem contudo ter alcançado o “junto” alguma vez. Com o tacto que a situação exigia e perante o desespero dos donos, cuja responsabilização em nada ajudaria, o terapeuta começa por enaltecer a excelência das qualidades laborais dos pastores alemães, da sua necessidade de trabalho, da importância da excursão diária e da necessidade que têm das rotinas, verdades que aceitamos e confessamos em género, grau e número. Quase como um mágico a tirar um coelho da cartola, o “encantador saca de uma mochila e coloca-a sobre o dorso do Garrett, dispondo-se depois a passeá-lo com esse apetrecho carregado de algumas garrafas de águas vazias em ambos os flancos. A saída para o exterior aconteceu à “arreata” (com os dois cães em paralelo e do mesmo lado), com a cadela entre o terapeuta e o Garrett, manobra que só por si impedia o cão de rodopiar, uma vez que a cadela se constituía em muro e o atraso do cão era veementemente solicitado, quer pela linguagem verbal quer pela indução da trela. A somar a isto importa reparar no tipo de estrangulador utilizado, acessório omisso de qualquer plano de pormenor, mas que contribuiu para o alcance quase instantâneo do “junto”, o que é caso para se dizer: “ novidades só no Continente!”
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
O DOM PARA ENSINAR CÃES
A grande revolução na etologia relativa aos cães, para além das suas duas maiores lições: que mais vale considerar o indivíduo do que o propósito da raça e que um cão pode ser ensinado em qualquer idade para qualquer fim, veio a acontecer pela questão: “O que fazer para que o meu cão me entenda?”. Esta dúvida teve o mérito de alterar e inovar os métodos de treino canino até então, realçando de imediato a responsabilidade humana no sucesso ou insucesso do adestramento, apesar de há muito se saber do domínio natural do inteligente sobre o irracional. Contudo, a pergunta pressupõe apenas a comunicação unilateral do homem para o cão, omitindo a comunicação possível do animal para o seu líder e protector, como se tal fosse irrelevante ou o especicismo fosse a melhor das políticas. A pergunta revolucionária e inovadora deveria ter sido complementada por uma outra: “ O que fazer para entender o meu cão?”, já que os cães têm diferentes vozes e expressões mímicas que evidenciam distintos estados de ânimo, hoje entendidos tardiamente como sentimentos.
Se ao adestramento for exigível um dom, ele resultará certamente da resposta às duas questões: da capacidade de compreender e se fazer compreender. Um nosso aluno de tempos idos, natural do lugar da Ordasqueira, Freguesia de Matacães e Concelho de Torres Vedras, homem simples e parco em palavras, quando questionado acerca da diferença gradativa dos mestres cinotécnicos perante a mesma técnica, costumava responder que ela resultava da “estaleca” individual, subentendo-se o termo por um conjunto de predicados únicos e apenas presentes nalguns indivíduos. Ao que parece, estamos na era dos “encantadores” tanto de cães como de cavalos, exaltando-se a saga de um humilde mexicano por terras gringas, um notabilíssimo adestrador que apresenta solução para tudo, inesperadamente e num ápice, e sobre o qual muito se tem escrito (ele mesmo virou escritor). Depois de lermos e relermos o que publicou, assim como os relatos dos seus êxitos, leituras que recomendamos para que se faça luz e se confirme a justeza da nossa opinião, chega-se à conclusão que nada trouxe de novo, que a chave do seu sucesso resultou do apego aos procedimentos correctos sobre a confusão operativa dos proprietários caninos norte-americanos, gordos em antropomorfismos e carenciados como sempre de um manual de instruções.
A TENTATIVA DE SUICÍDIO DO TOT
Depois da morte do Carlos Veríssimo (e já lá vão quase três meses), o Tot acusou o desaparecimento do seu dono e líder, começando por partir alguns pertences do quintal e enveredando por uma série de disparates aparentemente injustificáveis. A letargia tomou o lugar da revolta e gradualmente desinteressou-se das iguarias do seu agrado, permanecendo prostrado e arredio, de olhar vago e desinteressado. A família preocupada com o sucedido contactou-nos, porque não lhe encontrava sinais exteriores de doença e não sabia o que fazer. A solução por nós encontrada foi a de o trazer para o treino e entregá-lo aos cuidados do Monitor Tiago Soares, que “substituindo” o líder desaparecido e valendo-se dos códigos, o convidou para um conjunto de tarefas do seu agrado. Com as calças demasiado apertadas no princípio, porque se tratava de um valente cão de guarda, o Tiago foi vencendo gradualmente os seus receios e o cão aceitou a sua liderança. Logo após o primeiro treino, o cão voltou à normalidade, retomou o apetite e recuperou a alegria. Doravante fará equipa com este monitor da escola até à constituição binomial, já que na família adoptiva ninguém apresenta essa disponibilidade. Graças ao uso dos códigos, o cão está de volta, voltou à matilha escolar, recuperou a sua utilidade e alcançou a excursão. Não lhe podemos trazer de volta o seu amado dono, mas tudo faremos para que se sinta bem entre nós, na escola donde veio e que muito bem conhece. Sê bem-vindo Tot, sempre teremos um lugar para ti nas nossas fileiras! O ABU E OS 5 CÃES DE LONDRES: A NECESSIDADE DE REPÔR A ORDEM
Os recentes distúrbios em Londres fizeram-nos lembrar do Abu, um CPA amigo da dona que zela pela harmonia familiar, não hesitando em pôr na ordem o infante lá de casa, quando ele não cumpre com as suas obrigações ou desrespeita as regras instituídas, valendo-se para isso da persuasão necessária e inerente ao seu porte. Na capital inglesa vimos 5 cães com igual incumbência, perante uma turba de ladrões e saqueadores, meninos a pôr na ordem, extasiados pela destruição e tomados pela violência. Não é bonito usar cães contra cidadãos, mas talvez se justifique o seu uso como presença dissuasora e ostensiva, particularmente diante da barbárie que assume o fratricídio, que nada respeita e quer passar impune. A avaliar pelas imagens televisivas, parece que os bichos foram bem sucedidos e as investidas dos saqueadores travadas. Bem aventurados sejam os cães quando usados contra o abuso, quando zelam pela nossa protecção e não descansam para que tenhamos segurança.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
O CLAUSTRO PRÀS BESTAS E OS CÃES DA “LEVADA”
Pelo estado de conservação dos monumentos e do nosso património histórico parece que os portugueses são pouco cuidadosos na preservação da sua cultura, desprezando os tesouros da nossa identidade que nos foram legados pelas gerações passadas. Esta política do “deita a baixo” tem raízes milenares e sempre volta à tona nos momentos de alguma convulsão social, onde a ocasião faz o ladrão e o que é de todos passa para o quintal dalguns. Talvez isso se deva ao abismo entre a erudição e a ignorância, à procura de um lugar ao sol mais fácil e à ancestral inveja que teima em largar-nos. E como se tudo isso já não nos bastasse, o “pragmatismo” de alguns acaba por arruinar muito daquilo que é nosso. Na dita capital do gótico, em Santarém, está situado o Convento de S. Francisco, fundado em 1242 por D.Sancho II, a quando da chegada dos Franciscanos àquela cidade. Classificado como Monumento Nacional pelo IPPAR desde 1917, há mais ou menos noventa anos que se encontra em obras de restauro. A determinada altura aconteceu por ali algo de insólito e inesperado, um Sr. Comandante Militar mandou arrancar as lajes do solo de grande parte do claustro, e fê-lo porque quis lá colocar cavalos e o piso era por demais escorregadio para o efeito, profanando sepulturas e arrancando inscrições. Hoje já não existem ali cavalos, somente umas câmaras poeirentas e um amontoado de lajes à espera de serem recolocadas.
Longe vão os tempos em que os cães eram de uma obediência inquestionável, tanto os civis como os militares, independentemente do serviço a que se destinavam e perante qualquer situação. A avaliar pelo comportamento dos cães actuais, parece que nada aproveitámos do passado e que esquecemos a mestria dos adestradores que nos antecederam, gente que se notabilizou pela excelência do seu conhecimento, arte, empenho e prestação. Por todo o lado se vêem cães pendurados pelo pescoço, apoiados nos jarretes e de patas dianteiras suspensas, lembrando a levada dos cavalos iniciada nos pilões, com os seus tratadores ou condutores debaixo de sério embaraço, tal qual dedo trémulo sobre o gatilho, denunciando o desequilíbrio entre a acção e o travamento, tanto pela força do estímulo como pela ausência de controlo. O caricato da situação, quando entendido pelo chauvinismo, parece uma reminiscência barroca e quando avaliado friamente, à luz da técnica e diante do desempenho necessário, prefigura-se um autêntico disparate. No nosso caderninho de dúvidas a apresentar ao Pai Celeste, na devida altura, queremos acrescentar mais duas: porque será que em Portugal actualização significa rompimento com o passado? Num País tão antigo como o nosso, porque é que tanta gente insiste em ser geração espontânea? Não são só os claustros que são cultura, o adestramento também o é, e ambos parecem condenados a igual amargura, os primeiros ao arrancar das suas lajes e o segundo à ignorância da sua mestria. O claustro para as bestas e os cães da levada são duas faces da mesma moeda, obra da mesma filosofia e fardo que tarda em largar-nos.1, 2, 3, 4… CONTACTO, ESTICÃO, BRAÇO DOBRADO, BISCOITO NA MÃO
O velho e respeitável modelo alsaciano para treinar cães, responsável directo por umas quantas modalidades desportivas, ao contrário do que se julga e longe de ter sido abolido ou substituído, continua em uso no mundo do adestramento, ainda que pretensamente suavizado ou usado como medida de recurso. A progressão em linha recta com retorno, a condução de mão direita, a acção do joelho esquerdo do condutor e a coerção continuam a ser utilizados sem maior contestação, responsabilizando exclusivamente os cães pelo sucesso ou insucesso do processo pedagógico, prática que atenta contra o que Hagendorf e Granderath sugeriram: “ o que fazer para que o meu cão me entenda?”. No nosso entender de pouco préstimo, mas profundamente cativo ao melhor entendimento entre cães e homens, julgamos mais acertada a progressão circular, a condução de mão esquerda, a naturalidade de movimentos do binómio e a substituição da coerção pela advertência verbal, porque sabemos que o stress obsta ao melhor desempenho e entrega os animais aos seus instintos mais básicos, o que é deveras reprovável face ao desenvolvimento do seu impulso ao conhecimento. Com isto estamos a apelar para uma excelente instalação doméstica, para um quadro de crescimento funcional que antecede a escola propriamente dita, para a mais-valia técnica dos condutores e para a relação óptima entre tratamento e treino, maioritariamente responsável pelo estabelecimento dos vínculos afectivos inerentes ao sucesso educacional. COMPANHEIRO E ANJO DA GUARDA
CÃO DE GUARDA: FICÇÃO E REALIDADE
A LIÇÃO DA PEQUENADA
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