Brevemente iremos voltar a este assunto,
está prometido, quando estivermos melhor documentados e nos for facultado o
acesso a alguns ficheiros há muito esquecidos, porque o tema nos interessa e
faz parte da história da cinecultura nacional, da nossa cinemateca e espelha o
trabalho dos tratadores militares que nos antecederam, trabalho embrionário que
geralmente é pouco lembrado. Quarenta e dois anos depois do filme “The Man From
Hell’s River”, que marca a estreia do mítico Rin Tin Tin no cinema, em 1964,
estreia-se em Lisboa, no cinema Odeon, o filme de Constantino Esteves “9
Rapazes e Um Cão”, uma produção nacional levada a cabo por Manuel Queiroz,
ficção filmada em Campolide com uma duração de 94 minutos, com um guião ao
gosto da época, a enaltecer o drama e o heroísmo juvenis.
Ao que
nos foi dito e isso parece confirmado, o cão protagonista veio das fileiras da
GNR, ali dando entrada por doação da sua proprietária. Quem o conheceu diz que
era quase todo negro, que o afogueado da sua máscara era por demais claro e que
era pernalto de morfologia. O seu tratador, que foi acompanhado nas filmagens
por um Cabo, vivia até há pouco tempo na área de Algés. Também segundo o que
nos foi contado, o cão era um “Às” dentro e fora do cinema, chegando a
interpôr-se entre tratadores e cães, quando a integridade dos segundos era
posta em risco. Meia dúzia de anos depois da sua formação, a cinotecnia da
Guarda começava a dar os seus frutos, a cerrar fileiras e a constituir-se
naquilo que até hoje nos chegou. Poucos tratadores desse tempo continuam entre
nós e a memória dos seus cães irá morrer com eles. Até lá, relembram em cada
Pastor Alemão que vêem um pouco da sua história e vão adiante. Mas como
“serviço é serviço e conhaque é conhaque”, o que fica para a história é que
quarenta anos antes do aparecimento da série do “Inspector Max” em Portugal, já
um Pastor Alemão havia sido protagonista num filme. Continuamos sem saber o seu
nome, mas ele ainda pode ser visto, o cinema imortalizou-o.
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