segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O NOSSO RIN TIN TIN


Brevemente iremos voltar a este assunto, está prometido, quando estivermos melhor documentados e nos for facultado o acesso a alguns ficheiros há muito esquecidos, porque o tema nos interessa e faz parte da história da cinecultura nacional, da nossa cinemateca e espelha o trabalho dos tratadores militares que nos antecederam, trabalho embrionário que geralmente é pouco lembrado. Quarenta e dois anos depois do filme “The Man From Hell’s River”, que marca a estreia do mítico Rin Tin Tin no cinema, em 1964, estreia-se em Lisboa, no cinema Odeon, o filme de Constantino Esteves “9 Rapazes e Um Cão”, uma produção nacional levada a cabo por Manuel Queiroz, ficção filmada em Campolide com uma duração de 94 minutos, com um guião ao gosto da época, a enaltecer o drama e o heroísmo juvenis.
 
Ao que nos foi dito e isso parece confirmado, o cão protagonista veio das fileiras da GNR, ali dando entrada por doação da sua proprietária. Quem o conheceu diz que era quase todo negro, que o afogueado da sua máscara era por demais claro e que era pernalto de morfologia. O seu tratador, que foi acompanhado nas filmagens por um Cabo, vivia até há pouco tempo na área de Algés. Também segundo o que nos foi contado, o cão era um “Às” dentro e fora do cinema, chegando a interpôr-se entre tratadores e cães, quando a integridade dos segundos era posta em risco. Meia dúzia de anos depois da sua formação, a cinotecnia da Guarda começava a dar os seus frutos, a cerrar fileiras e a constituir-se naquilo que até hoje nos chegou. Poucos tratadores desse tempo continuam entre nós e a memória dos seus cães irá morrer com eles. Até lá, relembram em cada Pastor Alemão que vêem um pouco da sua história e vão adiante. Mas como “serviço é serviço e conhaque é conhaque”, o que fica para a história é que quarenta anos antes do aparecimento da série do “Inspector Max” em Portugal, já um Pastor Alemão havia sido protagonista num filme. Continuamos sem saber o seu nome, mas ele ainda pode ser visto, o cinema imortalizou-o.

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