segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ESCONDA-SE PARA SER ENCONTRADO E SEMPRE ANDARÁ ACOMPANHADO


Um dos problemas mais comuns entre os proprietários caninos é a fuga dos seus cães e a dificuldade no seu retorno, quando em liberdade e em espaço aberto, o que tem levado muitos, justificadamente, a conservá-los quase sempre atrelados ao seu lado nas rotineiras deambulações pelos espaços públicos, conforme a Lei e para defesa da integridade de homens e animais. Tecnicamente falando, estamos perante a inexistência de um comando básico – o “Aqui”, que quando associado ao “Junto” (ao lado), constitui a base piramidal do adestramento. A constactação do problema levará alguns donos e outros tantos cães até às portas dos centros de treino caninos, onde por norma encontrarão solução através de um ou mais tipos de condicionamento, consoante os métodos utilizados e de acordo com as características individuais de cada cão.
A causa do problema é gregária e aponta para algum descuido no ciclo infantil que antecede os quatro meses de idade nos cachorros, altura em que começam a manisfestar a sua propensão excursionista, partem à descoberta do mundo que os rodeia e procuram nele um lugar que lhes seja mais cómodo, vantajoso ou propício. É também nesta idade que começam a compreender e a respeitar a hierarquia, cujas bases normalmente se encontram consolidadas aos seis meses. A incidência do problema é maior junto dos cachorros que passam a maior parte do seus dias sózinhos e daqueles que aos nossos olhos nos parecem mais erráticos, quiçá por uma selecção mais baseada nos instintos do que na parceria. Como atrás se disse, tanto para uns como para outros, a partir dos 4 meses, as escolas caninas tendem a resolver o problema, dentro de um cronograma mais ou menos longo que sempre exigirá alguma recapitulação até ao alcance do automatismo desejado, delongas associadas à resistência dos animais, à aceitação da liderança e ao despreparo dos seus condutores, geralmente suavizadas e tornadas mais céleres pelo recurso ao reforço positivo. Por razões óbvias, o problema deverá ser resolvido antes da maturidade sexual dos cães (antes dos 7 meses de idade), isto se quisermos evitar maiores entraves.
No entanto, se você acabou de adquirir um cachorro com dois meses de idade e não deseja vir a passar pelo mesmo problema ou embaraço, saiba que ele pode ser evitado a partir de uma simples brincadeira e que os cães, mesmo entre eles, aprendem brincando. A brincadeira é algo similar ao “brincar às escondidas”, você esconde-se e convida o seu cachorro a procurá-lo, chamando primeiro pelo nome e desaparecendo depois sem pré-aviso. A constância na brincadeira, que é do inteiro agrado do cachorro, leva-lo-á a nunca o perder de vista e possibilitará a inserção quase automática dos comandos de “Busca” e “Aqui”, exercitando assim o seu faro enquanto sentido director. O adestramento tem sofrido profundas alterações nas últimas décadas e as tradicionais caminhadas lineares ou circulares destinadas à obediência, têm cedido lugar, na fase introdutória do treino, à administração do currículo básico de pistagem, ganhando-se com isso os vínculos afectivos binomiais indispensáveis a um adestramento mais alegre e mais profícuo. Até lá, brinque às escondidas com o seu cachorro e ganhe um companheiro que sempre se fará presente a seu lado, pois mais vale conquistar o cão em casa do que perdê-lo no meio da rua.

Sem comentários:

Enviar um comentário