Um dos problemas mais comuns entre os
proprietários caninos é a fuga dos seus cães e a dificuldade no seu retorno,
quando em liberdade e em espaço aberto, o que tem levado muitos,
justificadamente, a conservá-los quase sempre atrelados ao seu lado nas
rotineiras deambulações pelos espaços públicos, conforme a Lei e para defesa da
integridade de homens e animais. Tecnicamente falando, estamos perante a
inexistência de um comando básico – o “Aqui”, que quando associado ao “Junto”
(ao lado), constitui a base piramidal do adestramento. A constactação do
problema levará alguns donos e outros tantos cães até às portas dos centros de
treino caninos, onde por norma encontrarão solução através de um ou mais tipos de
condicionamento, consoante os métodos utilizados e de acordo com as
características individuais de cada cão.
A causa do problema é gregária e
aponta para algum descuido no ciclo infantil que antecede os quatro meses de
idade nos cachorros, altura em que começam a manisfestar a sua propensão
excursionista, partem à descoberta do mundo que os rodeia e procuram nele um
lugar que lhes seja mais cómodo, vantajoso ou propício. É também nesta idade
que começam a compreender e a respeitar a hierarquia, cujas bases normalmente
se encontram consolidadas aos seis meses. A incidência do problema é maior
junto dos cachorros que passam a maior parte do seus dias sózinhos e daqueles
que aos nossos olhos nos parecem mais erráticos, quiçá por uma selecção mais baseada
nos instintos do que na parceria. Como atrás se disse, tanto para uns como para
outros, a partir dos 4 meses, as escolas caninas tendem a resolver o problema,
dentro de um cronograma mais ou menos longo que sempre exigirá alguma
recapitulação até ao alcance do automatismo desejado, delongas associadas à
resistência dos animais, à aceitação da liderança e ao despreparo dos seus
condutores, geralmente suavizadas e tornadas mais céleres pelo recurso ao
reforço positivo. Por razões óbvias, o problema deverá ser resolvido antes da
maturidade sexual dos cães (antes dos 7 meses de idade), isto se quisermos
evitar maiores entraves.
No entanto, se você acabou de adquirir
um cachorro com dois meses de idade e não deseja vir a passar pelo mesmo
problema ou embaraço, saiba que ele pode ser evitado a partir de uma simples
brincadeira e que os cães, mesmo entre eles, aprendem brincando. A brincadeira
é algo similar ao “brincar às escondidas”, você esconde-se e convida o seu
cachorro a procurá-lo, chamando primeiro pelo nome e desaparecendo depois sem
pré-aviso. A constância na brincadeira, que é do inteiro agrado do cachorro,
leva-lo-á a nunca o perder de vista e possibilitará a inserção quase automática
dos comandos de “Busca” e “Aqui”, exercitando assim o seu faro enquanto sentido
director. O adestramento tem sofrido profundas alterações nas últimas décadas e
as tradicionais caminhadas lineares ou circulares destinadas à obediência, têm
cedido lugar, na fase introdutória do treino, à administração do currículo
básico de pistagem, ganhando-se com isso os vínculos afectivos binomiais
indispensáveis a um adestramento mais alegre e mais profícuo. Até lá, brinque
às escondidas com o seu cachorro e ganhe um companheiro que sempre se fará
presente a seu lado, pois mais vale conquistar o cão em casa do que perdê-lo no
meio da rua.
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