quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SOCORRO ATEMPADO

Cansado pela labuta diária, sonolento e sem forças para ir para a cama, o dono de um cão adormece no sofá com ele a seu ao lado, de candeeiro aceso, televisão ligada e janela aberta. Subitamente o animal desperta-o com o toque de uma das patas. Surpreso e estremunhado, o homem repreende e repele o cão, porque necessita de descansar e a hora não se presta a brincadeiras (são duas da manhã). Quase que imediatamente o cão sofre um ataque, perde o equilíbrio, cerra a boca e cai pesado no chão, de olhos vidrados no meio das convulsões. O dono levanta-se de imediato e empoleira o bicho no sofá, abre-lhe a boca à força e desenrola-lhe a língua por três vezes. O socorro demora longos minutos e o cão lambe-se finalmente, recupera o equilíbrio e volta à normalidade. Provavelmente se o animal se encontrasse num canil teria perecido e o dono encontrá-lo-ia pela manhã, hirto entre a neblina e tombado sobre o gélido piso do habitáculo. Como os mesmos males atingem cães e homens, continuamos a defender a divisão de espaço entre as duas espécies, uma proximidade que pode trazer vantagens recíprocas. Quantos cães já morreram sem socorro e de modo dito inexplicável? E se tal acontecer com um cão que aceitámos como hóspede? O cão hospedado no canil necessita de ser vigiado tanto de dia como de noite e ninguém pode dormir descansado quando tem vidas ao seu encargo. Será esta a prática corrente nos hotéis caninos ou assistir-se-á à praxis da luz apagada e “até amanhã”? Nenhum hotel canino deveria funcionar sem um plantão de 24 horas diárias, por força do encargo, esmero do serviço e retribuição a quem paga.

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