quarta-feira, 10 de outubro de 2018

SEMPRE SE VÊ CADA UMA!

Numa manhã dominical, enquanto aguardava a chegada de um amigo numa esplanada, olhei casualmente para a passagem de peões mais perto e vi um proprietário canino a atravessá-la com o seu cão como se vê na foto abaixo, com o animal adiantado em relação ao dono a todo o comprimento da trela extensível, leviandade e despropósito de possíveis consequências funestas, porque colocava em sério risco a vida do pequeno cão, que para além de ser pouco visível, poderia assustar-se por várias razões e fugir para o lado errado, vindo a ser atropelado antes do seu dono ter tempo de recolher a trela. Perante tal irresponsabilidade e possibilidade calei em mim um ou dois impropérios, mais por conveniência do que por livre vontade.
E como ver mal ao longe tem destas coisas, não é que o cavalheiro em questão era o amigo que aguardava?! Ainda antes de me dar os bons-dias e de tomar o café matinal, já estava com um  responso de todo o tamanho, por ter sido irreflectido e irresponsável, muito embora o seu pior defeito seja ser mandrião e detestar ser incomodado. Há muita gente assim e por causa disso há quem diga que o pau é o pai da humanidade e o garante da boa ordem, o que aliás está politicamente na moda, quiçá por causa dos exageros. O nosso amigo, por ser quem é e ser fiel a si próprio, não trouxe o cão ao seu lado, como era sua obrigação, para não se incomodar a pedir e garantir o “junto” do animal. Verdade seja dita, com um cão assim tão pequenito, sentir-me-ia mais seguro se atravessasse a passadeira com ele ao colo!
O comando de “junto”, de quem se diz ser uma das pedras basilares da obediência a ministrar a um cão em paralelo com o comando de “aqui”, sendo próprio para as deslocações binomiais na via pública, torna-se obrigatório nas passadeiras para peões e em todas as situações onde importe proteger os cães ou proteger outrem das suas arremetidas porque, para além de ser um comando operacional, é um comando proeminentemente social e visa a coabitação harmoniosa entre pessoas e animais que a sociedade não dispensa. Terá o nosso amigo aprendido a lição? Lá aprender, aprendeu, mas a sua natureza tende a falar mais alto e é difícil de sufocar (já me vieram dizer que ao sair daquele café fez exactamente o mesmo). E se isto é verdade, Deus dê paciência a quem ensina e muita sorte aos cães!

Sem comentários:

Enviar um comentário