quarta-feira, 3 de outubro de 2018

PACO, TU NÃO ERAS ASSIM!

Estou a tomar conta do PACO outra vez, o cachorro CPA negro, agora com 8 meses de idade. Francamente, não esperava encontrá-lo neste estado: magro, medroso, desconfortável à trela, assustado no exterior e sempre pronto para se jogar a cães, gatos e até a pombos. Esta manhã, ao ver uma dúzia destas aves famintas ao seu alcance, arrancou para cima delas e cruzou-se na minha frente, projectando-me para o solo, de papo para baixo, numa calçada perto de uma esquadra da polícia. Surpreso, incomodado e desconsertado, senti-me que nem Gulliver a ser preso pelos liliputianos, só que os meus, por terem asas, bem depressa desapareceram. Para aumentar o caricato da situação, enquanto me encontrava zonzo no chão, algumas caridosas senhoras perguntaram-me se me encontrava bem, se não seria melhor chamar o 112, suspeitando que eu tivesse sido fulminado por um ataque repentino ou por acidente vascular (ossos do ofício!).
O nosso amigo PACO, outrora tão promissor e valentão, agora com menos 6 kg para a sua idade e tamanho, não consegue ficar quieto por muito tempo num lugar que desconhece (mesmo tendo-me ao seu lado), assusta-se com as pessoas no interior das lojas ao passar por elas, está sempre ávido de regressar a casa, reage negativamente a sons que desconhece, assusta-se com facilidade, quando atrelado puxa à trela que nem um desalmado e ao avistar cães e gatos dá ideia que quer comê-los, ladrando e intentando persegui-los.
Todos os sintomas atrás descritos apontam para o mesmo problema: a ausência de profícuos passeios diários ao exterior, que sendo apressados e insuficientes, estão também a criar problemas de sociabilização ao cachorro. E como se daqui já não viesse mal suficiente, o animal ainda sai à rua com várias pessoas, sujeitando-se aos diversos modos de comunicação de cada uma delas, que o conduzem através de diferentes códigos e linguagens, o que só por si é suficiente para lançá-lo na mais profunda confusão e induzi-lo a desenvencilhar-se por si mesmo.
Com o problema diagnosticado, tenho entrado com o cão por tudo o que é loja e convidado os seus trabalhadores para colaborarem comigo, pedindo-lhes que falem serenamente com o animal, que o acariciem e que lhe transmitam sensações positivas que induzam ao seu bem-estar, para que o medo cesse e a confiança retorne, mediante a experiência positiva que tende a vencer a suspeição. Na foto abaixo podemos ver o Paco ao lado de um bondosa senhora que adora animais, para além de vender mercearia vária, produtos congelados, doces e salgados.
E como é importante e urgente sociabilizá-lo com outros cães, tenho contado com a preciosa ajuda do nosso amigo ZEUS, um cachorro Doberman meio estarola, desengonçado, bom carácter, sem maldade e sempre pronto para a brincadeira, para que o Paco experimente e grave que amizade entre cães é possível. Com auxílio da repreensão atempada, da recompensa e do Doberman, dentro em breve o problema será definitivamente ultrapassado. E caso volte a eclodir nas mãos do dono, de imediato saberemos quem é o culpado, o mesmo que não consegue melhorar as rotinas diárias e que abandona o cachorro a si próprio. Se numa semana consigo adestrar um cão (por vezes não é preciso de tanto), já levei anos a adaptar donos!
Passadas 24 horas, o Paco já não puxa à trela, ladra menos a cães e a gatos, está mais sereno e confiante, adora o Zeus e já pede para ir à rua – estamos no bom caminho!

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