segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

SAIR COM O FRIO QUE AÍ VEM?

Dizem os meteorologistas que finalmente o Inverno vai chegar e as temperaturas vão baixar. Diante deste possível cenário, deverei ou não sair com o meu cão rua? Sair com o cão à rua, para além de ser protocolar, é uma das medidas que importa respeitar no Inverno para se evitar as consequências resultantes da indesejável combinação entre a inactividade e a obesidade, normalmente responsável por problemas cardíacos, respiratórios, e articulares, que tendem diminuir tanto a qualidade quanto a esperança de vida dos cães. Sobre a obesidade em cães e gatos vale a pena consultar uma pesquisa recente levada a cabo pela Universidade de Liverpool/UK e pelo Centro WALTHAM de nutrição animal sob o título “Association between life span and body condition in neutered client-owned dogs”, à disposição de todos em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jvim.15367.
Para além do exercício físico regular, que facilita a adaptação e reforça a imunidade de donos e cães debaixo de diferentes temperaturas, importa respeitar um conjunto de cuidados a ter com os animais nesta época mais fria do ano, cuidados antecedentes e precedentes aos passeios que garantem os seus benefícios. Antes das saídas para o exterior com o seu cão certifique-se que ele está de perfeita saúde e que parte bem agasalhado, porque nem todas as raças caninas estão preparadas para o frio e os cães com problemas cardíacos carecem de ser protegidos, assim como os toy, os de pelagem fina e única, os que evidenciam problemas articulares, os convalescentes e os idosos. Diante destes casos especiais, oriundos da morfologia e quadro clínico destes animais, aconselhamos que saiam sempre à rua com uma capa de protecção capaz e quando a temperatura for mais convidativa e menos nociva (mais alta), o que poderá implicar na mudança dos horários diários dos passeios.
Como já nos íamos esquecendo (a idade tem destas coisas), o exercício físico que recomendamos, que nunca deverá ser em demasia nem forçado, não se restringe apenas aos passeios à rua, mas também em manter os cães activos nos ambientes fechados, nomeadamente em casa, onde deveremos mantê-los ocupados com actividades e jogos do seu agrado, nem que para isso tenhamos que comprar-lhes um novo brinquedo, ensinar-lhes novas habilidades ou proceder à optimização doutras recentemente aprendidas, já que a palavra de ordem é combater a inactividade e os seus malefícios, inactividade proveniente do frio e que implica também em alterações de comportamento, que afectam decididamente a disponibilidade dos nossos fiéis amigos, o que torna este trabalho doméstico fundamental para manter o seu cão em boas condições físicas e psicológicas.
Por incrível que pareça, há cães que vão à rua todos os dias e que não param de engordar, mormente no Inverno, o que também tem a ver com que dissemos no parágrafo anterior. Se um cão é menos activo na estação mais fria do ano, não deverá comer em excesso ou ser alvo de um reforço alimentar, que a acontecerem fá-lo-ão engordar e permanecer ainda mais inactivo. Assim, em paralelo com os passeios e outras actividades, torna-se primordial manter os cães no peso certo.
É sabido que o tempo frio e a visibilidade reduzida andam normalmente de mãos dadas, especialmente perante forte nebulosidade ou queda de neve. Também sabemos que, apesar da lei o proibir, a maioria dos proprietários caninos trá-los à rua soltos. Se somarmos estas condições climatéricas à desobediência que leva ao afastamento dos cães, facilmente compreendemos da necessidade dos animais decorarem o trajecto de volta a casa e de terem actualizados todos os detalhes relativos ao seu microchip, uma vez que o seu desnorteamento sucede com maior frequência nestas circunstâncias. Por outro lado, torna-se imperativo para os cães que saem ao amanhecer e anoitecer ter nas suas coleiras ou peitorais alguma luz que os torne mais visíveis nos locais de menor visibilidade, o que facilitará a sua procura e posterior identificação.
Nas nossas terras altas e onde neva, convém manter os cãs afastados dos trechos de água congelada (lagos e rios), porque a camada de gelo ou de neve pode não ser suficiente para suportar o peso dos cães, correndo os animais o risco de hipotermia e morte (a possibilidade de avalanches deverá ser também considerada). Assim como os carros podem tornar-se fatalmente quentes no Verão, também no Inverno as temperaturas poderão cair rapidamente no seu interior, verdade que nos obrigará a levar os cães connosco ou invés de os deixarmos lá, independentemente do tempo previsto para a nossa demora.

Depois de terminado o passeio, há que secar completamente as patas dos cães, retirando-lhes em simultâneo das suas membranas interdigitais o gelo, o sal, a terra, a lama e a areia que eventualmente tenham transportado consigo. Para ajudar na tarefa, é de todo conveniente aparar os pêlos entre os dedos e almofadas dos animais de pêlo comprido. Após esta vistoria e limpeza, os cães deverão ser encaminhados para um local aconchegante e livre de frio. E já agora, porque os cães não vão à rua sozinhos, agasalhe-se e leve calçado antiderrapante quando sair com o seu. Respeitando estas cautelas, o frio que aí vem não impedirá a nossa ida com os cães à rua e dificilmente porá em risco a sua saúde. Bons passeios!
PS: Deseja-se que todos os cães cheguem ao Inverno já eficazmente vacinados contra a tosse do canil.

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