quarta-feira, 23 de maio de 2018

COMO SE UM NÃO BASTASSE!

Ainda há pouco tempo demos notícia de um veterinário colombiano, Andres Lopez Elores, de 38 anos, que associou os seus talentos cirúrgicos ao negócio do narcotráfico. Hoje vamos falar de Daniel Doherty (na foto acima), um veterinário britânico com 49 anos de idade, considerado culpado de fraude pelo Tribunal da Coroa de Isleworth, sentenciado a 12 meses de pena suspensa e obrigado a 80 horas de trabalho comunitário, por se haver provado a sua colaboração num gangue de contrabando de cachorros vindos do sul da Irlanda, negócio que rendeu 2,5 milhões de libras esterlinas das quais 75.000 teriam ido parar ao seu bolso. Dos restantes membros do grupo, 4 casais, que vendiam os cachorros na zona oeste de Londres, apenas dois indivíduos receberam penas de 3 anos de prisão efectiva.
Alguns membros da RSPCA (Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals), a mais antiga e maior organização de bem-estar animal do mundo e uma das maiores instituições de caridade do Reino Unido, consideraram ultrajantes as penas aplicadas pelo tribunal àqueles traficantes de cães, que foram detidos pelas autoridades graças à sua denúncia.
A participação do veterinário neste chorudo negócio ilícito consistiu em forjar documentos falsos sobre a procedência dos animais e neles averbar vacinas nunca dadas, sugerindo que os animais provinham de lares amorosos e que tinham sido objecto dos maiores cuidados. Como consequência desta fraude, alguns dos cachorrinhos adoeceram e outros vieram a morrer (Parvovírus).
Em 5 anos foram vendidos 5.097 cachorros contrabandeados, cujo valor online anunciado oscilava entre as 350 e as 650 £ (de 399.28 a 741.52€/ de 1.693.69 a 3.145.42 BRL). Os contrabandistas mostraram ser uns burlões de primeira, já que apareciam diante dos clientes carinhosos com as famílias (esposas e filhos) e acompanhados de cadelas fantásticas, animais que faziam passar por mães dos cachorros à venda.
Para além das raças caninas da moda, esta gente vendia também animais de recentes hibridações, como Yorkies, Cavapoos e Labradoodles, concentrando o seu maior esforço em convencer peremptoriamente os seus clientes de que aqueles cachorros provinham de lares amorosos e cuidadosos, logo isentos de traumas e em excelentes condições de saúde (a atestá-lo estava o Dr. Doherty).
Todos os cachorros foram apreendidos como parte das investigações, sendo instalados em lares adoptivos e posteriormente transferidos para a RSPCA para serem realojados. Yonni Wilson, do grupo SAY NO TO SHOP PUPS, espera que o Dr. Daniel Doherty seja impedido de exercer a sua profissão para sempre.
Os apoiantes deste grupo, adeptos acérrimos da “LEI LUCY”, que só aceitam a venda dos cachorros pelos seus criadores e que abrem uma excepção para os centros de resgate, pedem a proibição imediata da venda destes animais por terceiros e em pet shops. Convictos das suas ideias, lançaram uma campanha e conseguiram 144.000 assinaturas para a petição oficial, que foi debatida no Parlamento Britânico no início desta semana.
Estou convencido que ninguém avisou o desgraçado do veterinário que o dinheiro corrompe. Agora ele já sabe, mas é tarde, já tem a carreira feita, a menos que se escape para o Alasca, para a Austrália ou para Nova Zelândia, para países bem distantes dos Rochedos (falésias) de Dover. Suspeito que o homem seja de origem irlandesa atendendo ao seu sobrenome. E porque tudo tem uma origem, eis o que diz a “HOUSE OF NAMES.COM” acerca do sobrenome Doherty: “The original Gaelic versions of today's Irish names demonstrate a proud, ancient past. The original Gaelic form of the name Doherty is O Dochartaigh, from the word "dochartach," which means hurtful or obstructive and in this case, it would be termed as a nickname”. Realmente o sobrenome assenta-lhe como uma luva: ofensor da lei e obstrutor da mentira!

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