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O “Efeito Baloiço”, um dos vícios do duelo das vontades entre o cão e o dono, é caracterizado pelo pendurar do animal à esquerda quando atrelado, que desequilibra a progressão binomial e obriga a constante correcção. As razões que contribuem para o fenómeno podem ter uma tríplice origem ou resultar da sua combinação, já que podem advir do particular do cão, da sua instalação e da pessoa do dono. Independentemente do caso, a resposta animal desnuda o desencanto relativo ao uso da trela e denuncia a impropriedade afectiva entre o condutor e o cão. Quando as dificuldades se ficam a dever ao cão, que só o serão diante da aplicação e calendarização dos procedimentos certos, elas resultam da supremacia dos instintos sobre os impulsos e apontam para uma baixa capacidade de aprendizagem de que a má selecção não de pode alhear. Contudo, como tantas vezes já foi dito, a capacidade de aprendizagem de um cão pode ser melhorada durante a sua infância pelo benefício da experiência variada e rica sobre a plasticidade existente.
Na esmagadora maioria dos casos o problema fica a dever-se a uma má instalação doméstica, a um distante relacionamento binomial e a um atrelar apressado ou de emergência, condições que ao obstam ao correcto escalonamento hierárquico, procuram o desprezo ou a nulidade da liderança, porque a obediência não é uma resposta natural e sempre sofre algum tipo de resistência. Como se antevê, a razão aqui é de índole social e aponta para o relaxo, despreparo ou ignorância do dono, porque não investiu e desaproveitou, esperando do animal aquilo que era sua obrigação. Assim, o “Efeito Baloiço” é uma tentativa de inversão social, própria dos cães mais extremados ou isolados, uma postura revolucionária que procura a emancipação canina. Os cães mais medrosos facilmente enveredam por este vício, porque o “Junto” lhes causa arrepios e sentem-se vulneráveis, preferindo outras paragens. Os indivíduos mais dominantes preferem ir adiante e como não o podem fazer, tentam levar os donos de vencida pela exaustão. Do mesmo modo, os cães que sempre andaram em liberdade, não vêem com bons olhos a trela e o seu redireccionamento, porque a liderança atenta contra a sua livre escolha.
Isto leva-nos para a altura certa de atrelar, para seu modo de execução e para o aproveitamento circunstancial. A colocação da coleira deve anteceder o recurso à trela e deve acontecer aos 2 meses de idade. Só depois da habituação à coleira, coisa que demora 2 ou 3 dias, é que se convida o animal para os passeios atrelados, que devem acontecer de modo natural e gradual, evitando-se a saturação e o reboque. Nesta idade o cachorro não nos larga os atacadores dos sapatos, tendencialmente tropeçamos nele e sempre corre atrás nós. A trela deve ser usada na procura dos brinquedos e no retorno ao seu local de abrigo, apresentar-se como um reforço positivo das acções do infante e indiciar a presença da recompensa. Nos primeiros dias alcançaremos apenas alguns centímetros, mas como o passar do tempo, ganharemos um companheiro que até irá buscar a trela, porque se sente feliz e quer andar ao nosso lado. Este é um trabalho a desenvolver no lar, no período de vacinação que antecede a excursão e que melhor a prepara. Quanto mais tarde se atrela um cão, maiores serão as dificuldades, porque o desencanto reina e a coerção não surte o mesmo efeito. Atrelar um cão aos 2 meses de idade é aproveitar a protecção que nos solicita, contribuir para o seu crescimento saudável e fundamentar a parceria, graças ao apoio dispensado, ao incentivo omnipresente e à divisão de tarefas. Os cães são agradecidos e gostam de saber com o que contam, sentem mais a perca e resistem às mudanças.
Infelizmente são raros os proprietários de cães que assim procedem e os bichos acabam vítimas disso, porque são atrelados tardiamente e à revelia, contrafeitos e com ganas de se escapar. Na impossibilidade de recuperar o passado e quando a condução se torna impossível, procuram-nos e solicitam-nos ajuda, apresentando os cães debaixo do vício decorrente: o do “Efeito Baloiço”. Raros também são aqueles que reconhecem o seu contributo para o desaguisado e muitos são os que incriminam os seus cães, tratando-os de brutos sem qualquer préstimo. Perante a dificuldade somos obrigados à solução e quando o mau hábito está por demais enraizado, importa adiantar subsídios para o levar de vencida. Todavia, é mais fácil transformar o cão do que o dono, ainda que a transformação do primeiro acelere a recuperação do segundo. Passemos às soluções.
A procura da fixação na pessoa do dono. A maioria dos cães que incorre neste vício raramente olha para os donos ou atenta para as suas palavras, ensurdece-se para os comandos e cumpre as tarefas contrariado, denunciando a ausência de vínculos afectivos capazes e um crescimento desacompanhado, distante das rotinas domésticas e arredado de um contacto mais íntimo. Geralmente são cães com lugares pré-destinados e criados na perspectiva do “não me chateies”, que se desenvolveram a rumo próprio e que inventaram os seus próprios afazeres. Quando assim é, vamos ter que obrigar o dono a brincar com o cão, a descobrir as suas preferências, a adquirir tarefas divididas e a recompensá-lo de acordo com os resultados obtidos. Tirar o dono do pedestal é a meta, o objectivo é a recuperação do cão. Para que ela aconteça é necessário transformara a autonomia em dependência e fixar o animal na pessoa do dono. É melhor fazer as pazes com o cão do que impor o uso da trela, porque o binómio nasce em casa e desfila pela rua. Como grande número das pessoas é muito ocupada, depressa dará o tempo por perdido e solicitar-nos-á outras opções, apesar desta ser a melhor, porque pensam que os estamos a “mandar pentear macacos”.
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Existem outros métodos para a correcção do vício, alguns que até dispensam maiores cuidados por parte dos condutores, que geralmente abominamos e que de bom grado lhes endereçaríamos, se tal fosse possível e a lição valesse a pena. Tudo o que indicámos são medidas de excepção, rudimentos que não escondem a insatisfação dos cães e o seu uso descuidado. Como recuperar em cinotecnia significa reeducar e um binómio não subsiste sem liderança, os condutores necessitam de um maior aprimoramento, atendendo à sua condição e ao reflexo das suas atitudes. Atrelar no tempo certo e usar a cumplicidade podem evitar o fenómeno.
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