Antes de descrevermos o
trabalho de Sábado passado e considerando que tínhamos infantes entre nós, não
querendo que apenas se remetessem ao mundo virtual, desenvolvemos com eles
alguns exercícios de ginástica e equilíbrio. Na foto que se segue vemo-los a
saltar uma vala de água. Os meninos têm apenas 8 anos de idade, um é franzino e
valente, o outro é o seu oposto, grandalhão e medricas. Como entre nós ninguém
fica para trás, ambos venceram todos os desafios colocados à sua frente.
A determinada altura da
aula, com um propósito aeróbico, constituímos um extensor de solo humano para
os cães saltarem, considerando a dureza dos exercícios a desenvolver. Antes que
os animais o saltassem, os meninos foram convidados a fazê-lo. Na foto abaixo
vemos o Pedro a ultrapassá-lo.
Sobre o parapeito de uma
pequena ponte colocámos o Tiago, auxiliando-o até que conseguisse ultrapassar,
em segurança, aquela passagem estreita que exigia alguma presença física e
equilíbrio.
O binómio Paulo/Bohr
continua a apadrinhar e bem, o constituído pelo Nuno e o Boris. O Boerboel está
a melhorar satisfatoriamente do ponto de vista social. Neste momento, porque
ainda tem agrafes numa mão, está dispensado da ginástica e apenas anda para
diante. Quando à sua codificação, já assimilou os comandos de “de pé”, “em
frente”, “junto”, “roda”, “alto” e “senta”.
O aquecimento da classe
aconteceu sobre bancos de jardim, não sendo permitido aos cães apoiar os pés
nos assentos. Apesar de já se encontrar no limiar da 3ª idade, o Ben, o
patriarca dos Filas, continua a evidenciar uma saúde articular invejável. Na
foto seguinte vemo-lo a ser conduzido pelo José António.
Terminado o aquecimento,
os cães foram convidados a deitar-se sobre o banco que lhes serviu de
obstáculo. Vemos em primeiro plano o CPA Bohr, depois a Fila Nasha, a seguir o Ben
e finalmente a Lexa.
Tal qual libélulas fora de
estação e aproveitando-se da época do ano que atravessamos, a vender rifas,
saquinhos de cheiro e calendários, grupos de escuteiros invadem as cidades.
Aproveitando a presença de um casal deles, a quem comprámos 3 saquinhos de
cheiro como permuta, convidámo-los para balizar um salto a efectuar pelo Bohr.
Estes saltos frontais
sobre desconhecidos, para além doutras implicações ou vantagens, visam levar de
vencida o temor dos cães, o robustecimento do seu carácter e a disponibilidade
absoluta para o cumprimento das ordens.
Depois
de nos despedirmos dos escuteiros e de endereçar-lhes votos sinceros de festas
felizes, levámos a cabo vários exercícios para fundamentar a sociabilização
canina que não dispensamos, convidando o Bohr a saltar sobre os binómios José
António/Ben e Afonso/Nasha. Pela que a foto abaixo indicia, ainda temos muito
trabalho pela frente, porque o Ben está a tirar as medidas ao Bohr e a Nasha ao
Adestrador
Como o CPA Bohr
encontra-se num nível superior de ensino em relação aos demais, foi iniciado
nos “saltos de fisga”, transposições que visam escorraçar intrusos empoleirados
e persegui-los sem hesitação e desvios. Como é visível na foto que se segue,
esta iniciação aconteceu à trela.
Depois de se mostrar
cómodo nesta difícil transposição, o CPA foi convidado a executá-la em
liberdade. Na foto que se segue vemo-lo no 1º momento - na entrada.
O 2º momento do salto
encontra-se bem registado na foto abaixo, onde podemos ver o Pastor Alemão
perfeitamente equilibrado e apostado em ir avante.
Finalmente podemos ver o
3º momento do salto - a saída, onde o Bohr, um tecnicista de nomeada, parte
decidido e bem equilibrado para o solo.
Eu não sei se ser
“homem-estátua” é uma boa profissão, mas como part-time deve ser rentável,
porque não falta por aí quem abrace a ocupação. Junto a um deles, que se
suspeita ser estrangeiro, provavelmente oriundo do hemisfério sul, colocámos a
Nasha para a fotografia. Devido à imobilidade do homem, a cadela “não tugiu nem
mugiu” e o “artista” pôde continuar com a sua representação. Se porventura
tivéssemos levado para ali um cão, a “estátua” poderia ter acabado
indevidamente com as calças e os sapatos molhados.
Exceptuando aquilo que a
genética não deu aos cães, um cão será tanto ou mais valente quanto valente for
o seu dono (infelizmente o contrário também acontece com frequência). A
transferência mais célere de valentia do dono para o cão acontece pelo exemplo
e pela divisão de tarefas, que uma vez aceites pelo animal geram a sua
cumplicidade. Obedecendo a estes princípios, os donos saltaram com os cães.
Na foto que se segue,
diga-se de rara beleza biomecânica, é possível ver-se o José Maria a saltar com
a CPA Mel a vala de água requerida. Pelo salto tangente do dono, pela posição
da sua mão esquerda e pelo particular dos posteriores do animal, percebe-se
perfeitamente que o salto ficou a dever-se mais ao empenho do dono que à
disponibilidade da cadela.
Rebocar um cão e saltar
com ele um obstáculo na frente não é uma tarefa fácil, porque o condutor vê-se
obrigado a “carregar o cão às costas”, sofrendo assim uma forte oposição ao
alongamento que pretende realizar. Mas como a história, dizem, é escrita pelos
vencedores, o José António não hesitou em rebocar o teimoso do Ben
inicialmente.
Se por alguns momentos o
José António e o José Maria viram-se obrigados a rebocar os seus cães, com a
Jessy aconteceu precisamente o contrário, porque a Nasha sempre a levou a
reboque, obrigando-a a um desempenho físico a que não está acostumada, mas que
lhe assenta muito bem na idade.
Se por vezes o desempenho
dos alguns donos transforma o treino dos cães num purgatório, outros há que
parecem vindos doutra galáxia. No segundo grupo podemos colocar o binómio
Afonso/Nasha, cuja cumplicidade e acerto são por demais evidentes.
Da vala de água passámos
para o caminhar sobre um muro de 35cm de largo, elevado a 80cm de um lado e a
350cm do outro, com o objectivo de ensinarmos e recapitularmos o comando de
“roda” (inversão de marcha) sobre superfícies estreitas.
“Roda” que vemos
seguidamente executado pelo binómio José Maria/Mel, com o muro elevado no seu
ponto baixo a 160cm. Todos os binómios presentes conseguiram alcançar as metas
propostas sem grande dificuldade.
Os muros que aproveitámos
para a instrução da classe fazem parte de uma estrutura maior que visa a
retenção de águas pluviais, funcionando como barreira protectora contra futuras
inundações.
Quando se tem cães capazes
de saltar “este mundo e outro” é preciso um cuidado redobrado, porque o
abandono dos instintos por parte dos cães pode colocá-los seriamente em risco.
Disto conscientes, insistimos veementemente no vencer das curvas de forma
apropriada.
Dizem por aí jocosamente,
não sei se com verdade ou não, que a tanto nunca cheguei, que um homem idoso
entregue a uma mulher nova nunca se faz velho. Enviá-lo-á mais depressa para a
eternidade? Não sei! Certo é que um bom cão sempre brilha nas mãos de um velho
mestre, particularmente quando este tirou de cima de si 22kg. Partir com a
Nasha, seja lá para o que for, é um flash intemporal.
Perante a inexorabilidade
que caracteriza o tempo, há que dar o seu a seu dono e preparar os novos para
ir mais além, missão que abracei quando reparei no Afonso e apostei em fazer
dele um campeão. Apesar da qualidade do moço, algo me diz que nunca virá a ser
um adestrador, o que a mim já não me espanta.
Uma maneira divertida para
levar de vencida o medo pelos cães é convidar os cinófobos para se constituírem
em obstáculo para os animais saltarem, pondo a seu lado pessoas confiantes e de
confiança, capazes de transmitir-lhes a paz de espírito que por si mesmos não
alcançam. Não é por acaso que a Jessy ficou no meio. Por outro lado, há que
pensar na robustez dos miúdos.
Terminámos a aula a
transpor escoras de betão de um aqueduto abandonado, inclinadas a 45 graus e
elevadas a 350cm, exactamente com a mesma largura dos muros onde anteriormente
havíamos exercitado os cães. Na foto vemos parte do trabalho do José Maria com
a CPA Mel, vendo-se ao fundo o Tomás coma Lexa.
No final da aula, o
Adestrador ordenou ao CPA Bohr que subisse, rodasse e descesse em liberdade uma
das escoras convertidas em escada. Trabalho que o Pastor Alemão aceitou
prontamente e de bom grado.
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Afonso/Nasha; José António/Ben; José Maria/Mel;
Nuno/Boris; Paulo/Bohr; Svetlana/Cozi e Tomás/Lexa. Os fotógrafos-de-dia foram o
José António e o Paulo. Foram nossos colaboradores a Jessy, o Pedro e o Tiago.
Para a semana cá estaremos com novos conteúdos de ensino e trabalhos. Boa
semana de trabalho.
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